segunda-feira, junho 30, 2008

Asclépio e o Santuário de Epidauro


Quando surgiram teorias para explicar o funcionamento do corpo humano e as doenças na Grécia Antiga, Hipócrates se tornou o médico mais famoso. Mas a medicina grega mais antiga era baseada na mitologia e na religião, e associava as curas a diversas divindades. Havia vários santuários dedicados às divindades médicas, onde os devotos se encaminhavam à procura de ajuda divina para problemas de saúde. O mais popular centro de cura era o santuário de Asclépio.

Asclépio era considerado filho de Apolo com a mortal Corônis. A jovem traiu Apolo durante a gravidez e foi morta por uma flecha de Ártemis, a pedido do deus. O filho foi retirado do ventre da mãe e levado ao centauro Quíron, o grande educador dos heróis e médico magnífico. Com o melhor mestre, Asclépio se tornou tão capaz na arte de curar que passou a ressuscitar os mortos. Hades se queixou com Zeus, pois seu reino ficaria vazio. Por tentar alterar a ordem natural do mundo, Zeus fulminou Asclépio com seu raio, mas em reconhecimentos ao seu trabalho, consagrou-o entre as divindades.

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Solange Firmino


Texto completo - e foto de Asclépio tirada por mim no museu em Epidauro - na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.


Imagem: Eu no Teatro de Epidauro.

domingo, junho 15, 2008

Memória e esquecimento


"A memória viaja leve. Não leva bagagem desnecessária."

[Rubem Alves]

Entre os antigos gregos, a memória era um dom. Mnemósine, a Memória personificada, permitia ao Poeta lembrar do passado, resgatar fatos e transmiti-los aos simples mortais por meio da poesia e do canto. A narrativa oral permitia que a memória fosse compartilhada através das gerações. Assim, os grupos que não tinham registro escrito mantiveram suas culturas.

Com o advento da escrita, os fatos não dependiam da memória humana para preservar informações. Suportes de escrita como pergaminho e papel representaram uma extensão da nossa memória. Desenvolvemos meios mais sofisticados para guardar e reproduzir a memória em textos e imagens com a invenção da imprensa, que alterou novamente a memória do indivíduo e dos grupos. Registramos os conhecimentos nos livros, que passaram a desempenhar também o papel de memória coletiva.

Através da memória coletiva, sabemos que pertencemos a um grupo com um passado em comum. Nossa identidade se constitui da mistura de experiências vividas e memórias compartilhadas no grupo. Rearranjamos, estudamos, vivenciamos novas experiências e esquecemos outras. Esquecemos para dar espaço a outras informações. Num processo natural, novas informações se misturam às mais antigas e se transmutam. Isso gera mais informações e novos conhecimentos. Assim, o passado vai construindo o presente. Aprendemos e lembramos.

Para nos ajudar a lembrar, reunimos ao longo dos séculos objetos e variados registros, criamos espaços específicos para armazenamento da memória coletiva, como museus, arquivos públicos e bibliotecas. Mas a memória nunca deixou de ser estudada. A partir do século XX, as ciências ganharam novas teorias sobre o funcionamento da memória, e esses estudos repensaram conceitos como retenção, seleção e esquecimento. A retenção nos incomoda, pois preservamos apenas parte de nossas vivências. A memória é seletiva, não é simplesmente um acúmulo de tudo o que vivemos. É preciso esquecer para não sobrecarregar a memória.

Cada vez mais arranjamos  meios para registrar e preservar a memória fora de nós. O computador e as novas tecnologias aumentaram esta possibilidade.  Podemos gravar e consultar em arquivos digitais toda a informação produzida pela humanidade. Conseguimos que os computadores tivessem mais memória que nós. Mas também temos medo deles, já que fazemos filmes e escrevemos livros o tempo todo falando sobre o domínio dos homens pelas máquinas. Desconfiamos das nossas criações, mas confiamos na inesgotável memória delas. Não mais memorizamos números de telefones, e-mails e datas importantes. Tememos catástrofes naturais, mas uma catástrofe digital seria igualmente lamentável.

internet facilitou o acesso global à informação. Os dados disponíveis nos milhões de páginas representam uma parcela bem grande da nossa memória social, agora dinâmica e navegável. O que parece ser muita informação pode se resumir a pouca, os milhões de títulos disponíveis não significam necessariamente ganho em sabedoria. A memória humana permite não somente conservar, mas filtrar, e isso a memória da internet não faz.  Também é questionável a preservação do conhecimento no ambiente virtual, pois não há garantias de que a informação ficará lá sempre.  

As novas tecnologias expandiram nossa capacidade para comunicar com mais rapidez, bilhões de páginas de informações continuam crescendo a cada segundo na internet. É uma memória infindável onde se coloca tudo. O excesso de informação nos confunde, e sua quantidade excede nossa capacidade de absorção.

Não adianta tanta informação sobre o presente se não refletimos sobre o passado. As incontáveis páginas concentram-se no presente imediato. Se procurarmos informações antigas sobre assuntos que não sejam tão populares, faremos um longo trabalho de pesquisa. Isso ajuda a distorcer a visão do mundo para os que usam a internet como única fonte de referência, pois essa grande memória parece não ter passado longínquo.

Para as novas gerações, a Escola hoje tem o papel fundamental de trazer à tona o passado, com o qual teremos lições que nos permitirão repensar o presente. Para lembrar, precisamos aprender; não há memória sem aprendizagem. E o nosso maior problema na Educação é a aprendizagem. A “Era tecnológica” pode se tornar a “Era do Esquecimento”, e toda a memória do computador de nada valerá sem a memória humana como interação. Se não aprendermos a usar as tecnologias de forma eficiente, podemos perder nossa memória coletiva. É preciso preservá-la para nós e os que virão.

Solange Firmino

Leia o texto em Blocos online, nesse link.


Imagem: Mnemosyne, Lord F. Leighton

domingo, junho 08, 2008

Oceano e Tétis: fecundidade aquática


Após a união de Urano e Gaia, na primeira fase do Cosmos, seguiu-se uma numerosa descendência com o surgimento dos Titãs, Titânidas, Hecatonquiros, Ciclopes, etc. Os Titãs representam as manifestações elementares em evolução. Uma dessas indomáveis forças era Oceano. Concebido inicialmente como um rio-serpente em torno da Terra, Oceano era a água personificada que rodeava o mundo, o rio cósmico original. Quando os conhecimentos geográficos se tornaram mais precisos, Oceano passou a designar o Oceano Atlântico.

A esposa de Oceano era a titânida Tétis (diferente da nereida Tétis, mãe de Aquiles). Tétis simbolizava o poder e da fecundidade feminina do mar, e fez de Oceano o pai de todos os rios, contados como mais de três mil na Teogonia do poeta Hesíodo. Era pai também das Oceânidas (ninfas dos mares), que personificavam riachos, fontes e nascentes. As Oceânidas se uniram a deuses e mortais e também foram responsáveis por uma descendência numerosa.

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Solange Firmino

Leia o texto completo na coluna Mito em Contexto em Blocos online.


Imagem: Mosaico da cabeça de Oceano.

quinta-feira, junho 05, 2008

Ártemis e Hécate, divindades lunares / Mito em Contexto comemorando 2 anos



Durante muito tempo os mitos foram o principal instrumento de compreensão do mundo. A sociedade moderna se afastou dos seus ensinamentos, o que não significa que tenhamos encontrado o sentido da existência ou que a vida na Terra pareça menos ameaçadora. Mas o que é atemporal resiste, e as narrativas míticas ainda fazem sentido para muitos, sejam pesquisadores ou simples curiosos; pessoas que acreditam em várias formas de se investigar o mundo. Pessoas como Leila Míccolis, a quem agradeço o convite há dois anos para escrever sobre "mito em contexto" - S.F.

Ártemis e Hécate, divindades lunares

Eos, a Aurora, abria a porta do Céu para o carro de Hélio, o Sol, que enchia o mundo de luz. Selene, a Lua, completava a tríade das antigas divindades siderais. Selene começava seu trabalho num carro de prata, ao entardecer, quando Hélio terminava sua viagem. Selene não teve culto especial, somente quando se identificou com Ártemis, cujo culto foi mais elaborado. Depois, Ártemis suplantou Selene, como Apolo a Hélio.

A Ártemis grega resulta do sincretismo da Ártemis oriental com a ocidental. Após a ocupação da Grécia, Creta e parte da Ásia Menor pelos helenos, Ártemis de Éfeso, a deusa asiática da fecundidade, acabou transformada em virgem caçadora. Sua mãe ficou grávida depois de uma aventura com Zeus e foi perseguida pela ciumenta esposa dele. Recebida na ilha de Delos, Leto deu à luz Ártemis, que em seguida ajudou no nascimento do irmão gêmeo Apolo. Assustada com o sofrimento da mãe durante o parto, quis ficar sempre virgem. As mulheres do seu cortejo deviam permanecer virgens como ela. Mas isso não impediu sua associação com a fecundidade feminina .

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Solange Firmino

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Imagem: Hécate, William Blake.

quarta-feira, maio 21, 2008

As aventuras de Zeus-touro com Io e Europa


Zeus ficou encantado com a beleza da princesa fenícia Europa e se transformou em um touro para raptá-la. O deus se utilizava das metamorfoses para não despertar a desconfiança da esposa Hera. Como touro, Zeus se aproximou do lugar onde a princesa estava com as amigas e deitou a seus pés. Europa acariciou o animal e ficou tão confiante que sentou no seu dorso. Zeus-touro levantou e se lançou com ela no mar. Assustada, Europa mal se equilibrava, segurando os chifres do touro, que logo entrou nas ondas e se afastou da terra.

Europa e Zeus se uniram quando chegaram à ilha de Creta, sob a sombra dos plátanos, que não perderam mais as suas folhas em homenagem à união dos dois. Tiveram os filhos Sarpédon, Radamanto e Minos. Europa depois casou com o rei de Creta, Astérion, que adotou os filhos de Zeus. Zeus transformou o touro em constelação.

Minos governou Creta e teve sua história relacionada com o labirinto. Antes de reinar, disputou o trono com os irmãos, alegando que lhe pertencia por vontade dos deuses e provaria isso. Solicitou ao deus Poseidon que fizesse um touro sair do mar, prometendo sacrificar o animal em seguida. Quando estava no poder, Minos sacrificou a Poseidon outro animal. O deus pediu a Afrodite que despertasse na esposa de Minos uma paixão pelo touro. Pasífae pediu ajuda ao arquiteto Dédalo, que fez uma novilha de bronze para que ela consumasse seu desejo. Da união nasceu o Minotauro, metade homem, metade touro.

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Solange Firmino


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*Imagem: Zeus-touro e Europa, Gustave Moreau.

segunda-feira, abril 21, 2008

Poseidon, Senhor de Atlântida

Netuno na mitologia romana, entre os gregos Poseidon era filho de Crono e Réia, da segunda geração divina. Participou com Zeus e outros irmãos da batalha contra os Titãs. Após a derrota dos Titãs, o Universo foi dividido em três reinos, Zeus ficou com o Olimpo, Hades com as entranhas da Terra e Poseidon com o domínio do Mar. Foi antes da batalha que o deus dos mares herdou dos Ciclopes sua arma e cetro, o tridente, tão terrível quanto o raio de Zeus.

Entre seus diferentes epítetos, Poseidon era o “sacudidor de terra”, pois antes de se tornar deus do mar era um antigo deus ctônio, que fazia a terra oscilar. Desse modo, se tornou também “sacudidor do mar”, domador de ondas e de cavalos. Era invocado como salvador de navios e protetor dos passageiros. Poseidon percorria as águas na carruagem criada por seres monstruosos meio cavalos, meio serpentes, que também faziam parte de seu cortejo, junto com Nereidas, delfins, peixes e criaturas marinhas de toda espécie.
Foi Poseidon o responsável pela paixão de Pasífae pelo touro de Creta. O rei Minos pediu a Poseidon um touro para provar seu poder aos adversários. Minos devia oferecer ao deus o touro que saiu do mar. Admirado com a beleza do animal, o rei o guardou em seu rebanho e sacrificou outro animal em seu lugar. Enfurecido, Poseidon pediu à deusa Afrodite que despertasse na esposa de Minos um desejo pelo touro. Pasífae pediu ao arquiteto Dédalo que construísse uma vaca oca de madeira para que ela pudesse consumar seu desejo. Dessa união nasceu Minotauro, monstro com corpo de homem e cabeça de touro.
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Solange Firmino
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Imagem: Poseidon,
Museu Arqueológico Nacional de Atenas.

sábado, abril 12, 2008

sábado, abril 05, 2008

Ilíada, A Ira de Aquiles


Aquiles era filho do mortal Peleu com a nereida Tétis, que foi desejada por Zeus e Poseidon. Tétis teve que casar com um marido mortal por causa da revelação de um oráculo: se ela tivesse um filho com Zeus ou Poseidon, ele seria mais poderoso que o pai. Não se conformando com a mortalidade do marido, Tétis tentou imortalizar os filhos. Peleu pegou Aquiles no momento em que ela segurava o menino pelo calcanhar para torná-lo invulnerável. O herói se tornou invulnerável, exceto no calcanhar.

As aventuras mais famosas de Aquiles aconteceram na Guerra de Tróia e foram contadas na Ilíada, que muitos consideram como a história dessa guerra, mas no começo da Ilíada os gregos já lutavam com os troianos há nove anos. No canto I da narrativa sabemos o objetivo da narração:

Canta, ó deusa, a ira funesta de Aquiles Pelida, ira
que tantas desgraças trouxe aos Aqueus e fez baixar ao Hades
muitas almas de destemidos heróis, dando-os a eles mesmos
em repasto aos cães e a todas as aves de rapina: cumpriu-se
o desígnio de Zeus, em razão da contenda, que, desde o início,
lançou em discórdia o Atrida, príncipe dos guerreiros,
e o divino Aquiles.

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Solange Firmino

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Imagem: Aquiles e Pátroclo

quarta-feira, março 19, 2008

Olhar e cegueira


O olhar da Medusa era petrificante. Tirésias viu a deusa Atena se banhando em uma fonte e ficou cego. Tornou-se adivinho e previu que Narciso viveria bastante, desde que não se visse. Psiqué também não devia olhar o marido Eros em sua forma divina, mas ela desobedeceu. Orfeu desobedeceu aos deuses ctônios e perdeu a amada Eurídice ao olhar para trás.

Diz uma história que Tirésias perdeu a visão depois que viu a deusa Atena nua. Após ouvir queixas da mãe de Tirésias, a deusa concedeu a ele o dom da adivinhação. A mais famosa história da sua cegueira conta que, quando estava no monte Citerão, viu duas cobras copulando, antes de voltarem contra ele. Tirésias matou a fêmea e se transformou em mulher. Tempos depois, de volta ao monte, viu outro casal de cobras copulando. Matou a cobra macho e se transformou em homem.

Por ocasião de uma discussão entre Zeus e Hera sobre quem teria mais prazer na relação sexual, Tirésias foi chamado para decidir, já que conhecia bem os dois sexos. Hera achava que o homem tinha mais prazer e Zeus achava que era a mulher. Tirésias disse que se o prazer fosse dividido em dez partes, o homem ficaria com apenas uma, enquanto a mulher teria nove. Furiosa por ter perdido, Hera cegou Tirésias. Mas o vitorioso Zeus o recompensou com o dom da profecia.

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Solange Firmino


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Imagem: Narciso de Caravaggio.

quarta-feira, março 05, 2008

Orfeu, Mestre do Orfismo


O mítico Orfeu era filho do rei Eagro com Calíope, uma das nove musas. Sempre vinculado à música e à poesia, Orfeu aprendeu sua arte com Apolo, deus da música. Participou da expedição dos Argonautas, acalmou as ondas com música e salvou o navio, anulando o efeito do canto das Sereias. Ao voltar dessa aventura, casou com a ninfa Eurídice. Aristeu tentou violá-la e, ao fugir, ela pisou em uma serpente e morreu após a picada.

O inconformado Orfeu desceu ao reino de Hades para pedir Eurídice de volta. Encantou o mundo ctônio, desde o barqueiro Caronte até os deuses que lá moravam. Os que sofriam castigos tiveram descanso temporário: Sísifo deixou de rolar a pedra, Tântalo esqueceu a sede e a fome, as Danaides pararam de encher seus tonéis sem fundo.

Perséfone e Hades concordaram em devolver Eurídice com a condição de que ela seguisse depois de Orfeu e ele não poderia olhar para trás. Orfeu aceitou e caminhou bastante, mas teve dúvidas e olhou para trás. Eurídice estava lá, mas sumiu na sua frente para sempre. Inconsolável, Orfeu repeliu todas as mulheres e instituiu mistérios voltados para os homens.

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Solange Firmino


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Imagem: Orfeu e Eurídice de Rodin.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Os filhos monstruosos de Équidna


As mais poderosas e primitivas forças da natureza estavam representadas na Primeira Geração Divina. E havia monstros assustadores. Pertencentes a essa primeira geração, o Gigante Crisaor e Calírroe, filha de Oceano, tiveram os filhos Gerião e Équidna. Gerião era um gigante de três cabeças que foi morto pelo herói Hércules. Équidna era um monstro com corpo de mulher e cauda de serpente que vivia nas profundezas. Com Tifão, Équidna gerou os monstros Fix, Ortro, Leão de Neméia, Hidra de Lerna, Cérbero e Quimera. Esses monstros eram violentos, por isso foram combatidos pelos heróis.

O Cão Cérbero guardava a entrada do Hades, mas nunca permitia a saída. Hércules entrou e saiu, pois venceu Cérbero em uma luta e pôde levá-lo por um tempo para a corte de Euristeu, em um dos seus doze trabalhos. Hidra era uma serpente gigante de várias cabeças que vivia na região de Lerna. Tinha uma picada venenosa e sem antídoto. Quando uma de suas cabeças era cortada, nascia outra no lugar, e uma delas era imortal. Esse monstro foi vencido por Hércules com a ajuda de Iolau, que trazia fogo para cauterizar cada cabeça que o herói cortava.

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Solange Firmino


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Figura: Hércules e o Leão de Neméia

sábado, janeiro 19, 2008

Hermes, o mais ocupado dos deuses



Hermes foi fruto de um dos amores de Zeus: Maia, filha do Titã Atlas. A irada esposa de Zeus fez com que Maia se escondesse e ela deu à luz em uma caverna no Monte Cilene. Recém-nascido, Hermes deixou a mãe e saiu em busca de aventura. Foi ao monte onde pastava o gado do rei Admeto, guardado pelo irmão Apolo, e o roubou. Ofereceu dois animais aos deuses e, das tripas secas e esticadas, fez as cordas com que prendeu no casco de uma tartaruga, criando a lira.

Quando descobriu o acontecido, Apolo levou o astuto ladrão para ser julgado por Zeus. No início ele mentiu, mas confessou e jurou que nunca mais mentiria. Aliás, ele jurou, mas disse que não podia prometer contar a verdade inteira. Hermes se tornou símbolo de trapaça, por isso era protetor dos comerciantes e ladrões. E já que essas atividades dependem de argumentação, também era considerado o deus da eloqüência.

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Solange Firmino

Texto completo na coluna Mito en Contexto, em Blocos online.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Divindades agrestes greco-romanas

Na Grécia, as atividades agrícolas eram desenvolvidas em planícies e encostas de montanhas. Para chegar a esses locais era preciso muitas vezes percorrer bosques, florestas e caminhos perigosos, por isso era importante cultivar a terra e cuidar dos animais sabendo da proteção dos deuses. Deméter e Dioniso eram celebrados como divindades agrícolas, mas outras divindades secundárias eram cultuadas pelos camponeses, pois atendiam mais facilmente quando solicitadas porque moravam nos bosques.

Egipãs, Silenos e Sátiros eram habitantes dos bosques e montanhas que exerciam a função de proteger homens e animais que viviam em contato com a natureza. Eles participavam alegremente do cortejo de Dioniso e adoravam vinho e festas. Os Sátiros tinham traços de bode, o animal que se sacrificava a Dioniso, que foi criado por Ninfas e Sátiros no monte Nisa, após ser transformado em bode por Zeus. A arte normalmente mostra os Sátiros dançando, tocando instrumentos e perseguindo as Ninfas.

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Solange Firmino

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Imagem: Fauno de Rubens.

sábado, dezembro 08, 2007

Argonauta



Argonauta, eu?
Descubra
aqui.


"Tífis teve a audácia
de desdobrar as primeiras velas
sobre a imensidão dos mares
e ditar novas leis aos ventos"

(Lucius Anneus Seneca - Poeta espanhol)


Imagem: Argonautas, de Lorenzo Costa

terça-feira, dezembro 04, 2007

Entre teias e fios: o confronto entre Atena e Aracne

Fios e tecidos eram importantes na época em que Atenas concorria com as cidades da Ásia pela sua fabricação. Entre os mitos eles também foram muito aproveitados: cada uma das três Moiras tinha um trabalho no tecido da vida, seja segurando o fuso, tecendo ou cortando os fios; Ariadne deu a Teseu um fio de lã como condutor para que ele conseguisse sair do Labirinto; Penélope fiava e desfiava para ganhar tempo com os pretendentes, enquanto esperava o marido Ulisses voltar da Guerra de Tróia.

Fios também aparecem na história de Atena e Aracne. Atena não era reconhecida só como guerreira ou como a sábia filha saída do cérebro de Zeus. A deusa também presidia os trabalhos manuais como a tecelagem e era invocada pelas obreiras.

Aracne era uma simples mortal famosa por seu talento com os fios. Fiava, tecia e embelezava os tecidos como ninguém. A não ser como a deusa Atena. Como Aracne não era nada modesta, vivia se vangloriando de não ter medo de desafiar Atena. Ela parecia esquecer que eram os deuses que concediam aos humanos seus talentos.

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Solange Firmino

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segunda-feira, novembro 19, 2007

Dilúvio universal


Entre os mitos criados pelos gregos, há os que falam sobre as cinco idades que a humanidade viveu: Ouro, Prata, Bronze, Heróis e Ferro. Na Idade do Ouro os homens viviam bem, os deuses eram amigos dos homens, não havia crime ou guerra. O tempo não importava. Na Idade de Prata os homens se encheram de orgulho e Zeus começou sua punição. A juventude eterna terminou e a morte chegou.

Os conquistadores helênicos e os reis guerreiros viveram na Idade do Bronze, quando a guerra era o ofício. A Idade dos Heróis teve muitas aventuras e guerras e logo acabou. A Grécia do século XII viveu na Idade do Ferro, quando já conheciam armas de ferro e os dóricos dominavam. Na Idade do Ferro nasceram Deucalião e Pirra, que moravam perto do Monte Parnaso, temiam aos deuses e eram trabalhadores. Mas nem todos os humanos eram assim, havia crimes e lutas pelo poder.

Zeus não estava satisfeito e mandou o dilúvio para punir a humanidade. Prometeu avisou a Deucalião e o ensinou a fazer uma arca de madeira para salvar sua esposa e levar mantimentos. Deucalião conseguiu chegar ao topo do Parnaso, único lugar seco após dias da chuva que limpou e fecundou novamente a terra.

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Solange Firmino

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Imagem: Deucalião e Pirra, de Oraza Fontana, século XVI.



domingo, novembro 04, 2007

Orfeu e Ulisses derrotam as Sereias



Nas tradições míticas não faltam animais fabulosos como a Esfinge e as Sereias. Embora idealizadas há poucos séculos com corpo de mulher e cauda de peixe, as Sereias de origem grega tinham corpo de ave e busto de mulher. Eram entidades marinhas que cantavam de modo maravilhoso para encantar os marinheiros, que perdiam a direção de seus navios contra os rochedos e logo após eram devorados.

As belas Sereias eram filhas do deus-rio Aquêloo com Melpômene e participavam inicialmente do cortejo de Perséfone. Quando Hades raptou Perséfone, as Sereias (que variam em de duas, três ou quatro) pediram aos deuses que lhe dessem asas para que a procurassem por todo lugar. Deméter, a mãe de Perséfone, irritada por elas não terem impedido o rapto, teria transformado as Sereias em monstros.

Dois heróis gregos conseguiram resistir aos seus encantos: Orfeu e Ulisses. O lendário músico filho da musa Calíope aprendeu sua arte com o deus da música Apolo. Era tão divina sua música que acalmava a fúria de homens e animais. Orfeu encantou o mundo ctônio para falar com Hades. Orfeu também participou da expedição dos Argonautas em busca do Velo de Ouro. Quando os navegantes passaram pelo Mar das Sereias, Orfeu anulou a hipnose delas com sua música e salvou a todos do naufrágio.

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Solange Firmino


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*Imagem: Ulisses de Waterhouse.


domingo, outubro 21, 2007

Concurso Ladjane Bandeira de Poesia



É promovido pela Prefeitura da Cidade do Recife por meio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife (FCCR) e que tem o apoio do Instituto Cultural Ladjane Bandeira.

O Concurso de Poesia da Prefeitura do Recife foi instituído em 1997 e é realizado pela Biblioteca Popular de Afogados. Visa estimular e valorizar a leitura e a criação literária de jovens e adultos.

A partir da edição de 2006, o concurso faz homenagem a pernambucana Maria Ladjane Bandeira de Lira.

A iniciativa literária tem como prêmio a publicação de uma coletânea em formato livro de grande qualidade editorial contendo as poesias dos escritores selecionados.

O lançamento da Coletânea aconteceu no Armazém 12, no Cais do Apolo, bairro do Recife Antigo, no dia 16 de agosto às 18h. Registrou-se a presença do Prefeito da Cidade do Recife João Paulo e o Secretário de Cultura, além de vários poetas e escritores.

Os poetas selecionados para esta edição foram:



José Carlos Santos Peres

Érico Andrade Marques de Oliveira

Júlia Maria Raposo Gonçalves de Melo Larré

Fábio Cavalcante de Andrade

Solange Firmino de Souza

Clairton Martin

Júlio César Tavares Dias

Genivaldo de Souza Vieira

Osvaldo Copertino Duarte

Marcos Antônio Rocha Apolinário Santana



Mais informações aqui.

terça-feira, outubro 16, 2007

Héstia e Vesta, Divindades do Fogo e do Lar


O fogo era considerado sagrado por vários povos na antiguidade. Na mitologia grega há uma história que conta como o titã Prometeu roubou o fogo de Zeus e entregou aos homens. Com esse dom, o homem pôde se aquecer, construir ferramentas, cultivar a terra e cozinhar alimentos. Além disso, o fogo representa a vontade humana por conhecimento.

Devido à importância do fogo, em muitos templos gregos as chamas eram mantidas acesas permanentemente, como no templo de Héstia em Olímpia. Na cidade de Olímpia aconteciam em honra a Zeus os “Jogos Olímpicos”. Durante uma cerimônia, as sacerdotisas de Héstia acendiam o fogo que ficaria aceso durante os jogos. Quem deixasse o fogo se extinguir poderia ser castigado.

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Solange Firmino

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domingo, setembro 30, 2007

A matriarcais Erínias

Clitemnestra era cortejada por Agamêmnon quando ainda era casada com Tântalo II. Agamêmnon assassinou o marido e o filho recém-nascido dela, forçando-a a casar com ele. Antes de ir para a Guerra de Tróia, Agamêmnon atraiu Clitemnestra até Áulis sob falso pretexto de casar a filha Ifigênia. Mas a rainha teve que ver o sacrifício da filha, para que o marido conseguisse bons ventos para a viagem. Nos longos anos em que o marido esteve na guerra, sem esquecer do sofrimento e humilhação pelo qual já passara, Clitemnestra uniu-se, talvez por vingança, a Egisto.

Após dez anos em Tróia, Agamêmnon voltou para Micenas, trazendo como espólio de guerra a profetisa Cassandra, irmã do raptor de Helena. Clitemnestra recebeu o rei e o sacrificou dentro do palácio, com a ajuda do amante Egisto. Depois foi a vez de Cassandra.

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Solange Firmino

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Imagem: Orestes perseguido pelas Erínias, de William A. Bouguereau

domingo, setembro 16, 2007

As Amazonas


Donas de armas, cavalos e com uma estrutura social própria, as mulheres guerreiras chamadas de Amazonas foram imortalizadas na maioria das lendas como assassinas de homens. Como viviam em ilhas ou perto do mar, essas mulheres recebiam visitas de aventureiros, e dizem que elas engravidavam deles e ficavam somente com as filhas, escravizando ou matando os filhos.

Segundo uma lenda, as Amazonas eram filhas de Ares, deus da guerra. O deus teria dado um cinturão para a rainha Hipólita como símbolo do poder que a Amazona exercia sobre seu povo. O cinturão tem uma simbologia com “ligar”. Além de transmitir força, poder e proteção – tem valor iniciático.

A mais célebre luta das Amazonas aconteceu com o herói Hércules, que foi com alguns voluntários ao país das guerreiras a pedido da filha de Euristeu, Admeta, para buscar o Cinturão de Hipólita. Hércules raptou Hipólita e provocou a guerra das Amazonas contra Atenas.

Hipólita resolveu entregar o cinturão a Hércules, mas Hera se disfarçou em amazona e provocou uma briga entre as habitantes do local e os companheiros de Hércules. O herói, achando que foi traído por ela, a matou.

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Solange Firmino

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*Imagem: representação de Ártemis de Éfeso com os seios.

segunda-feira, setembro 03, 2007

O sacrifício de Ifigênia


Ifigênia era descendente de Zeus. Clitemnestra, sua mãe, era filha de Leda com o deus. Clitemnestra ainda era casada com Tântalos II quando Agamêmnon o matou e ao filho do casal, depois a forçou a se casar com ele. Entre os filhos de Agamêmnon e Clitemnestra estavam Ifigênia, Electra, e Orestes. Clitemnestra era irmã de Helena, a bela mulher que foi motivo da Guerra de Tróia.

Helena tinha muitos pretendentes. O pai mortal, Tíndaro, decidiu respeitar a decisão dela na escolha do noivo. E caso ele fosse atacado, todos os outros deveriam socorrê-lo. Quando o troiano Páris raptou Helena, o escolhido Menelau pediu ao irmão e rei de Micenas, Agamêmnon, a formação de um exército para invadir Tróia e recuperar a esposa. Os demais reis ligados ao juramento também foram convocados para o ataque.

Durante uma caçada antes da viagem, Agamêmnon matou uma corça consagrada à Ártemis, ou teria dito que nem ela o faria melhor. A deusa impediu que os ventos soprassem e a frota parou em Áulis. O adivinho Calcas revelou que Ártemis exigia o sacrifício da filha mais velha de Agamêmnon para que conseguissem embarcar.

O rei micênico viveu um dilema entre manter a filha viva e seu dever enquanto governante. Os intérpretes falavam a vontade dos deuses, e os interesses coletivos eram mais importantes que os individuais. O coletivo desejava o sacrifício de Ifigênia. O rei concordou com a situação após ser convencido por Menelau e Ulisses.

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Solange Firmino

Texto completo na coluna Mito em contexto.

sábado, agosto 18, 2007

Aedo, Servo das Musas



O poeta Carlos Drummond de Andrade sabia do encantamento das palavras: “Certa palavra dorme na sombra/ de um livro raro./ Como desencantá-la? ” E sempre buscou desencantá-las: “Chega mais perto e contempla as palavras./ Cada uma/ tem mil faces secretas sob a face neutra/ e te pergunta, sem interesse pela resposta,/ pobre ou terrível, que lhe deres:/ Trouxeste a chave?

Antes da invenção do alfabeto, os antigos gregos acreditavam que as Musas davam essa chave aos poetas. Os poetas que recebiam das Musas o dom de desencantar as palavras eram os aedos. Eles compunham canções ao som da lira, e conseguiam transmitir os segredos das palavras através da poesia.

Quando as canções passaram a ser escritas, os aedos desapareceram. Duas obras atribuídas a Homero, considerado o mais célebre poeta grego da antigüidade, ainda existem como canções daquela época, a Ilíada e a Odisséia. A Odisséia fala da peregrinação de Ulisses por dez anos até Ítaca, após a Guerra de Tróia. E a Ilíada, narra o nono ano da Guerra de Tróia. Os poemas eram compostos e cantados pelos aedos.

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Solange Firmino

Texto completo na coluna Mito em Contexto.


Imagem: "Hesíodo e a Musa", Gustave Moreau.


segunda-feira, agosto 13, 2007

Pais castradores e devoradores... e outros pais.


Desde que nasce, o bebê pode criar um vínculo afetivo com a mãe, se for criado por ela. O vínculo com a mãe, biológica ou não, é necessário para a sobrevivência da criança, que depende de alimentação e cuidados, além de amor e carinho.
Na família tradicional "ideal", a mãe era a responsável exclusiva pela realização das tarefas domésticas e criação dos filhos. O pai era a autoridade responsável pelo sustento da família e imposição de limites na educação.
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Solange Firmino
Texto completo na coluna Orkultural nº 22
Goya - Crono devora os filhos


Urano, Crono e Zeus, pais castradores e devoradores
Do Caos surgiu Gaia, a Terra, que criou Urano, o Céu, para preencher o espaço vazio sobre ela. De Gaia e Urano nasceram os Hecantoquiros, os Ciclopes, as Titânidas e os Titãs. Mas Urano, temendo perder o poder, devolveu os filhos ao ventre de Gaia e continuou fecundando-a.
A fecundidade imposta pelo marido e a tristeza pelo destino dos filhos fizeram com que Gaia sofresse e conspirasse contra Urano. Gaia queria os filhos vivos e os libertou às escondidas. O titã Crono, único que não se recusou a ajudá-la, lutou contra o pai com uma foice e o castrou.
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Solange Firmino
Texto completo na coluna Mito em Contexto nº 7



sábado, agosto 04, 2007

O desmedido Ícaro

Todas as culturas destacam o céu como um lugar especial. Lá estão representados os heróis e os deuses, as crenças, as esperanças e os temores. O homem sempre buscou um meio de atingir o céu, não somente o céu mítico, com seus paraísos e delícias, mas também o lugar onde ficam as constelações, a lua e os planetas. Um exemplo mítico do desejo de alcançar o céu está na história de Ícaro e seu pai Dédalo - um arquiteto que vivia exilado em Creta por ter sido responsável por uma morte em Atenas.

O rei de Creta, Minos, devia sacrificar um touro ao deus Poseidon, mas ficou com o animal para si. Furioso, Poseidon fez com que a esposa de Minos, Pasífae, ficasse apaixonada pelo touro. A rainha procurou Dédalo, que fabricou uma novilha de bronze para enganar o animal. Pasífae entrou no simulacro e consumou sua paixão, concebendo depois o Minotauro, monstro metade touro, metade homem.

A pedido do rei, Dédalo construiu o Labirinto, um emaranhado de corredores e quartos de onde só ele conseguiria sair. Nesse lugar, Minos colocou o monstro, que era alimentado com carne humana. Minos combinou em se retirar de uma luta contra Atenas se fosse enviado um tributo a Creta: de 9 em 9 anos, 7 moças e 7 rapazes serviriam de alimento ao Minotauro.

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Solange Firmino


Leia o texto completo na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.


Poema "Geometria de Ícaro".

quinta-feira, julho 19, 2007

Pergaminho, papel e bytes


Atualmente os livros vendem milhões de cópias. Há alguns séculos, quando não havia papel, seria bem difícil tantas pessoas terem acesso a esse tipo de leitura, afinal, nem sempre as informações foram impressas em papel ou armazenadas em e-book e cd-rom.

O homem já pintou nas cavernas, inventou escritas e também várias formas de desenhá-las. Os povos mais antigos usavam os materiais disponíveis onde viviam, incluindo vegetais, animais e minerais. Desde os tijolos de barro dos sumérios aos dígitos do computador, o livro tem muita história para contar, passando principalmente pela escrita em papiro, obtido no preparo de hastes de junco, e pergaminho, feito de pele de animal.

No século VI a.C. os egípcios exportavam papiro os povos do Mediterrâneo. Parte da História do Egito chegou até nós graças ao que consta nos rolos de papiro encontrados nos túmulos de nobres e de faraós.

O pergaminho inventado na Ásia Menor parece mais com nosso livro, pois podia ser utilizado dos dois lados e os escritos podiam ser raspados. O códice era um livro feito com folhas de pergaminho costuradas, como o formato do livro hoje.

A Igreja Católica, que já queimou muitos livros, mantinha nos mosteiros os centros de difusão onde se produziam manuscritos. Mas o papel só foi utilizado pela primeira vez na China, nos primeiros séculos depois de Cristo, e suplantou os materiais anteriores. A imprensa só foi inventada por Gutenberg no século XV, provocando o aumento de autores e leitores, além de tiragens maiores de livros.

Ao mesmo tempo em que os livros eletrônicos nos fascinam, nos deparamos com escritos antigos nas incríveis descobertas arqueológicas. As escrituras mais antigas (já descobertas) da Bíblia estavam escritas em pergaminhos. Os Pergaminhos do Mar Morto foram expostos há poucos anos, inclusive no Brasil. Eles foram encontrados em 1947 nas cavernas de Qumram, em Israel, e trouxeram novidades sobre Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, as três principais religiões monoteístas.

O papel substituiu o pergaminho, os bytes substituem os manuscritos; as telas substituem o papel. Os meios audiovisuais são muitos. Na cultura dos bytes e bits, as bibliotecas estão quase se tornando museus. Nossa memória está on line.

Os livros de papel perderam a novidade, mas não a importância. Quem conhece informática sabe que os arquivos armazenados são funcionais, mas são falíveis... E se não fosse a sobrevivência de muitos manuscritos, certamente não teríamos acesso a tantos escritos antigos. Não custa nada guardar um pouquinho da nossa escrita aos povos que virão.

Solange Firmino

Texto publicado na coluna Orkultural, em Blocos online.

Alexandre Magno, filho dos deuses

Em 356 a.C. Olímpia era rainha da Macedônia e deu à luz seu primeiro filho. Na noite em que o menino foi concebido, um relâmpago atingiu a mãe no ventre. O rei Filipe encontrou a esposa dormindo ao lado de uma serpente. Não sabemos se os fatos são verdadeiros, mas o menino era Alexandre, o homem que, enquanto vivo, já era lendário.

Na época em que Alexandre nasceu, as cidades-estado da Grécia e o Império Persa há muito brigavam. Apesar das vitórias, a Grécia ainda não era uma nação unida. No auge do poder, Filipe fundou a Liga de Corinto e unificou a maioria das cidades gregas, com exceção de Esparta. Seu sonho era unir gregos e macedônios contra o Império Persa, mas não deu tempo de realizá-lo, pois foi apunhalado em uma festa.

O filho de 20 anos subiu ao trono em meio a intrigas. Provou que era um herdeiro à altura e eliminou os adversários do reino. Antes de completar 30 anos, Alexandre era o maior conquistador da época, e um dos maiores até hoje. Foi senhor de um grande império e responsável por uma campanha militar espetacular. Descrições e relatos dizem que era belo e não passava de um metro e meio de altura, o que não impediu que fosse conhecido como Alexandre, o Grande.
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Solange Firmino


Texto completo na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

segunda-feira, julho 02, 2007

A mítica Guerra de Tróia


Os eventos que causaram a Guerra de Tróia fazem parte de relatos conhecidos como Ciclo Troiano. Algumas histórias estão nos poemas homéricos, a Ilíada e a Odisséia, e outras foram retiradas de fontes como os antigos dramaturgos gregos. A Ilíada narra os episódios finais da guerra e a Odisséia conta sobre a volta de Odisseu (Ulisses) até sua terra natal, que demorou dez anos.

Uma das narrações mais importantes sobre o motivo da Guerra de Tróia está relacionada com a nereida Tétis, filha de Dóris e do Velho do Mar, Nereu. Zeus e Poseidon desejavam Tétis, mas um oráculo revelou que o filho dela com um dos dois seria mais poderoso que o pai. Os deuses desistiram e logo conseguiram um marido mortal para ela.

Tétis nunca se conformou com a mortalidade do marido e, na ânsia de imortalizar os filhos, já havia matado seis, quando Peleu pegou o sétimo, Aquiles, no momento em que ela o segurava pelo calcanhar para temperá-lo no fogo. O herói se tornou invulnerável, exceto no calcanhar... Tétis abandonou o marido, mas sempre protegeu o filho, como vemos nas suas aventuras contadas na Ilíada.

Durante as núpcias de Tétis e Peleu, Éris – a Discórdia – convidada a não comparecer, jogou a maçã de ouro, o chamado Pomo da Discórdia, para a mais bela. Hera, Atena e Afrodite se levantaram para a disputa. Ninguém presente se atreveu a decidir e a responsabilidade ficou para o mortal Páris, que vivia na Ásia Menor.

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Solange Firmino

Texto completo em Blocos online, na coluna Mito em Contexto.


Imagem: Helena de Tróia, de Evelyn de Morgan 1898

terça-feira, junho 19, 2007

Os amores de Zeus

Zeus pertence à terceira geração divina: destronou o pai Crono, que já havia destronado o pai Urano. Após anos de luta contra os Titãs, Zeus venceu e conquistou o Olimpo. Castigou os inimigos, concedeu o poder do mar para o irmão Poseidon, o mundo subterrâneo para o irmão Hades, e tomou para si o céu e o poder do mundo mítico.

O domínio de Zeus também foi consolidado com uniões amorosas que produziram deuses e heróis, confirmando um de seus atributos de deus da fertilidade. Muitas regiões da Grécia diziam ter um herói nascido dos amores de Zeus. Famílias reais ou míticas apontavam um ancestral como filho de Zeus, afinal, a origem divina também era um atributo da realeza.

Vários estudos sobre seus amores explicam a simbologia que eles contêm, além do ritual religioso politeísta em que um deus celeste fecunda a terra, daí suas uniões com divindades de estrutura ctônia como Europa, Deméter, Sêmele e outras . As uniões com deusas pré-helênicas explicam o sincretismo que faz da religião grega uma mistura de crenças, e faz de Zeus o seu representante máximo.

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Solange Firmino


Texto completo em Blocos online, na coluna Mito em Contexto.


Imagem: Europa e o touro, de Gustave Moreau

domingo, junho 03, 2007

Faetonte, filho do Sol

Hélio era considerado o Sol divinizado e era representado como um jovem coroado de raios solares. Hélio regia o ciclo das estações e a produtividade do solo antes de ser assimilado pelo deus Apolo. Da união de Hélio com Clímene nasceram Faetonte e as helíades (Mérope, Hélie, Febe, Etéria, Dioxipe e Lapécia).

O mortal Faetonte foi criado pela mãe e não sabia quem era seu pai até o início da adolescência, quando a mãe contou. O rapaz procurou o pai e ficou deslumbrado com o palácio claro e brilhante de Hélio.

Faetonte quis uma confirmação da paternidade e Hélio disse que ele poderia pedir o que quisesse. Ele pediu para reger o Carro do Sol, que era usado para percorrer o céu durante o dia e derramar a luz no mundo.

Faetonte desejou algo que nem o imortal Zeus fizera. Hélio se arrependeu do juramento, pois sabia que a tarefa não era fácil e ele mesmo enfrentava dificuldades. Era preciso ter firmeza na estrada aérea, lá também havia monstros e perigos, como as tesouras do Escorpião.

Mas era o que Faetonte queria e nenhuma palavra o fez desistir. Logo cedo ele se preparou para realizar a tarefa, ouvindo ainda os clamores do pai para não usar chicote e segurar os animais nas rédeas. Mais que tudo, o pai dizia que não podia ir rasteiro na terra, nem levantar vôo no céu, senão incendiaria o tudo. O conselho final foi “Voa no meio e correrás seguro”.

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Solange Firmino


Texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Imagem: Faetonte, Johann Liss