domingo, outubro 21, 2012

Os filhos de Afrodite

 “...Da tocaia o filho alcançou com a mão
           esquerda, com a destra pegou a prodigiosa foice
           longa e dentada. E do pai o pênis
           ceifou com ímpeto e lançou-o a esmo
           para trás. Mas nada inerte escapou da mão:
           quantos salpicos respingaram sanguíneos
           a todos recebeu-os a Terra; com o girar do ano
           gerou as Erínias duras, os grandes Gigantes
           rútilos nas armas, com longas lanças nas mãos,
           e Ninfas chamadas Freixos sobre a terra infinita.
           O pênis, tão logo cortando-o com o aço
           atirou do continente no undoso mar,
           aí muito boiou na planície, ao redor branca
            espuma da imortal carne ejaculava-se, dela
           uma virgem criou-se. Primeiro Citera divina
           atingiu, depois foi à circunfluída Chipre
           e saiu veneranda bela Deusa, ao redor relva
           crescia sob esbeltos pés. A ela. Afrodite
           Deusa nascida de espuma e bem-coroada Citereia
           apelidam homens e Deuses, porque da espuma
           criou-se e Citereia porque tocou Citera,
           Cípria porque nasceu na undosa Chipre,
           e amor-do-pênis porque saiu do pênis à luz.”
[Teogonia de Hesíodo - estudo e tradução de Jaa Torrano; trecho do nascimento de Afrodite]

Na Ilíada de Homero, Afrodite era filha de Zeus e Dione. Outro mito de origem da deusa foi mais popular e narrado na Teogonia de Hesíodo. Seu nome significa 'saída da espuma' e, como notamos nos versos acima, o fato se deve ao seu nascimento na espuma das águas, no local onde caíram os genitais cortados de Urano, que, no momento de deitar-se sobre a Terra, foi mutilado por Crono. Após o nascimento, conforme o poema, a deusa fora levada pela espuma das ondas para Citera, depois Chipre, onde as Graças a embelezaram e ungiram. 

(...)

Solange Firmino

 Publicado na coluna Mito em Contexto. Leia o texto integral aqui

sexta-feira, outubro 12, 2012

Mestres do Tempo


Casulos ensinam a espera na promessa do voo. Sementes, na promessa do fruto.

[Selecionado para "Os 100 melhores poemas do 3º TOC 140"]