terça-feira, novembro 24, 2020

Ferreira Gullar na ABL

 


24.11.2010 (10 anos atrás!) Ferreira Gullar autografando 'meu livro' dele “Em alguma parte alguma”.

A Secretaria Municipal de Educação premiou naquele dia, alunos e professores do projeto Poesia na Escola, do Programa "Rio, Uma Cidade de Leitores".

A cerimônia foi na Academia Brasileira de Letras com a presença dos poetas Ferreira Gullar e Ivan Junqueira. Gullar recebeu uma homenagem lítero-musical emocionante.

O projeto incluiu a edição de duas coletâneas com os poemas
selecionados pela SME: uma com poemas de alunos e outra com poemas de funcionários da rede e professores (2 poemas meus).

sábado, novembro 21, 2020

Vídeos de novembro


Haiku a Crono

 

El tiempo tiene miedo

de también ser tragado

por eso devora


Solange Firmino


Tradução e leitura: Cilene Firmino Savioli






(Re)verso


Possuída de desordem
escrevi os silêncios
que resgatei da memória.
Por um instante,
acreditei ser eterna.
Acordei fazendo versos.
Profanei metáforas.
Queria semear sílabas perfeitas.
Inesperadamente,
sangrei o inverossímil poema,
decepei minhas rimas preferidas.
Para desespero
dos sinos que dobravam.


Solange Firmino

Interpretação: Fernando Grecco - cantor lírico do Teatro Municipal de São Paulo desde 1992 e diretor da Cia. Ópera do Mendigo de teatro e música (SP): 


https://www.youtube.com/watch?v=GqTDyKtgFZc







A série "Um Poema, Uma Canção", criada durante a quarentena (Covid-19) por Fernando Grecco e José Palomares (Cia. Ópera do Mendigo / Coral Paulistano /Teatro Municipal de São Paulo), associa sempre um poema e uma canção em um vídeo. 

O meu poema “Esfinge” está associado a um trecho da semi-ópera O Rei Arthur, de Henry Purcell (barroco inglês). Aqui, duas alucinações em forma de sereias, criadas pelo “mago do mal”, tentam desviar Arthur do caminho, em sua tentativa de resgatar sua amada Guinevere das mãos do rei inimigo.

ESFINGE

Decifra meu enigma
e toda a verdade,
toda a essência
por trás do verso.

Segue pela trilha do meu corpo
e revela a paisagem escondida.
Repousa sem tédio no meu abraço.
Implora pelo princípio e fim
de cada ato.

Descobre o segredo que habita
onde me esquivo,
onde a pergunta é só disfarce,
reverso.

Se me escondo,
é para devorar melhor.


Solange Firmino


https://www.youtube.com/watch?v=1K6wUZtS26k





sábado, novembro 14, 2020

Insônia

 


A solidão do Céu não cabe nesse verso.

A noite escura sem lua
permeia tudo quanto é distante e solitário.

O céu mudo sopra as palavras que recolho em sua queda:
cacos abstratos dos quais invento minha própria noite.

Invoco, em meio à neblina,        
um canto manso que traduza meu existir em expansão.
O ventre do universo se expande no deserto da noite.

Contraio-me na luz inversa que me recompõe ao dia
para soletrar mais tarde meu cansaço.
Para onde vão os versos não escritos?

Solange Firmino