terça-feira, dezembro 19, 2006

O deus-Sol

A deusa Selene percorria o céu em seu carro de prata para iluminar a noite. De manhã era seu irmão, o deus Hélio, que percorria o céu com sua carruagem de fogo, trazendo luz para a Terra. Hélio cumpria essa função bem antes de Apolo ser considerado deus do Sol. Saindo do leste, ao fim do dia Hélio chegava ao oeste e descansava em seu palácio de ouro.

A passagem do Sol pelo céu é um tema que muitas civilizações representaram e cultuaram. Entre os egípcios, Hórus era o deus-Sol, o deus mais importante, adorado como pai do faraó que reinava. Se o faraó reinava na terra, o deus-Sol governava no céu. O faraó Akhenaton criou o culto monoteísta ao Sol, chamado Aton, e o declarou como símbolo do deus único. Os sacerdotes amaldiçoaram Akhenaton e o Egito voltou a ser politeísta após sua morte.

Os povos da Antigüidade conheciam os fenômenos astronômicos, principalmente os que se referiam ao Sol e à Lua, nos deixando os calendários solar e lunar. Umas das peças mais famosas do mundo é a Pedra do Sol asteca, uma espécie de calendário esculpido em um grande bloco de basalto com símbolos que se referem ao Sol.

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Solange Firmino

O texto integral pode ser lido na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Figura: Hélio em sua carruagem.



segunda-feira, dezembro 04, 2006

O deus Pã

Pã não era um deus bonito, seu corpo era uma mistura de bode com homem, além dos chifres. Uma das lendas de seu nascimento dizia que sua mãe Dríope teria ficado assustada ao vê-lo e o abandonou. Outra lenda diz que ele era filho de Hermes, que o levou para o Olimpo, onde era muito querido por ser alegre e festivo.

Sua aparência era motivo de susto entre os que passavam pelas florestas, gerando pânico (nome derivado de Pã) quando aparecia repentinamente para as pessoas. Na luta dos deuses contra o monstro Tifão, Pã foi de grande ajuda, assustando-o com os gritos que causavam pânico.

Pã também era protetor dos campos, pastores e rebanhos. Ele se divertia cantando e dançando com as ninfas, principalmente no cortejo do deus Dioniso. Pã foi considerado como personificação da natureza e representante do paganismo.

Pã teve uma aventura com a ninfa Sirinx, seguidora da virgem Ártemis. A ninfa fugiu de Pã e pediu ao deus das águas do rio que a transformasse em algo que impedisse a violação. Quando a alcançou, Pã abraçou um feixe de juncos. Suspirando, percebeu o som que a haste da planta emitia. Uniu sete tubos e criou o instrumento que seria reconhecido como “flauta de Pã”.

Sobre esse episódio, um trecho do poeta Keats: “E nos contou como, em um dia Sirinx/ De Pã fugiu, temendo, apavorada./ Desventurada ninfa! Pobre Pã!/ Como chorou, ao ver que conquistara/ Da brisa apenas um suspiro doce!

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Solange Firmino

Leia o texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Imagem: Afrodite, Pã e Eros.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Criando laços

“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.”
[Samba da Benção, Vinícius de Moraes]

Eu já disse aqui que não podemos dizer que a internet afasta as pessoas, quando muitas estão juntas por causa dela. Na ocasião daquele texto, comemoramos durante vários dias o aniversário da Leila Míccolis na sua comunidade no Orkut . Pessoas do Brasil e do mundo estiveram “presentes”em uma festa que só foi possível pelo tipo de encontro que a internet pode proporcionar.
Encontros sempre aconteceram, mas não com a quantidade de pessoas com as quais podemos nos tornar amigas nos chamados “ sites de relacionamento”. Nem com a forma com que fazemos. Não clicamos nas pessoas nas ruas e as adotamos como fazemos na internet. Ninguém entra em um ônibus achando que vai ficar amigo do passageiro do banco de trás ou do motorista. No Orkut as pessoas entram em tópicos que dizem “adicione a pessoa antes de você”. Pode aparecer alguém e dizer “vou adicionar todos vocês desse tópico”. Imaginem a situação no ônibus: “Atenção passageiros, não estou vendendo bala, quero ficar amigo de todos. Aceito MSN , Yahoo Messenger e afins”.
Nas ruas, só vemos as pessoas. Não existe um perfil colado na testa dizendo as qualidades e o álbum de fotos das pessoas. Não temos a mesma coragem de abordar pessoas como temos ao abordar perfis na internet, onde parece natural abordá-las em suas páginas, porém de modo diferente de como conversamos no ponto de ônibus ou no supermercado. Mas a internet também é um espaço público e muito se tem discutido, como falei aqui , sobre quem bisbilhota o espaço alheio sem o mínimo de educação.

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Solange Firmino

* Leia o texto integral na coluna Orkultural n° 30.

domingo, novembro 19, 2006

Quíron, o centauro imortal

Crono uniu-se à ninfa Fílira na forma de cavalo. Dessa união nasceu Quíron, o primeiro centauro. Os centauros tinham tronco e cabeça de homem e o restante do corpo de cavalo. Não eram imortais, porém, por ser filho de um deus, Quíron era imortal.
Os centauros não eram maus, mas muitos tinham fama de violentos, como mostra o episódio que conta seu lado animalesco, a batalha com os lápitas no casamento de Hipodâmia e Pirito. Na festa, um dos centauros estava bêbado e tentou violentar a noiva. Outros centauros tentaram fazer o mesmo e a festa virou uma bagunça, com vários centauros mortos. Nem todos os centauros eram grosseiros, como sabemos pelo exemplo de Quíron.
Abandonado pelos pais, Quíron teve o deus Apolo como o mentor que lhe transmitiu conhecimentos, por isso ficou conhecido também como mestre na arte da medicina. Quíron vivia em uma gruta, que transformou em escola onde educou muitos heróis nos ritos iniciáticos. Vários foram os educadores dos heróis, mas o educador modelo foi Quíron.
(...)
Solange Firmino
Leia o texto na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Imagem: Centauro contra os Lápitas, detalhe de uma metopa do Museus da Acrópole.

sábado, novembro 18, 2006

O “arrumador de palavras” Nel Meirelles



Essa expressão foi escrita pelo poeta Nel Meirelles em um bate-papo que tivemos em 2005. Dizia ele que poeta parecia título acadêmico e que preferia se autodenominar “arrumador de palavras”. Em vez de falar dele, acho mais interessante que leiam um pouco dessa conversa.

Esse tópico é uma homenagem ao poeta, que morreu essa semana.


20/8/2005


As palavras

Solange: você levantou uma questão muito interessante. Gramática e liberdade poética.
Não vejo antagonismo entre as duas vertentes. Eu procuro escrever de forma correta, respeitando regras, uso dicionário - se for preciso. Não que eu seja engessado, mas entendo que quando se escreve para que outras pessoas leiam (principalmente no Brasil onde a educação é relegada a plano secundário) de alguma forma há uma contribuição para o conhecimento de quem lê. Tenho cuidado sim de preservar a língua. Essa é uma preocupação primordial em mim.

Por outro lado, não me sinto "dominado" pelas palavras/regras e não permito que me transformem em escravo. Mas também não as escravizo. Digamos que somos sócios nas trilhas da poesia.:) Pode ser que exista uma relação simbiótica envolvida, talvez eu seja realmente um "vampiro", como nesse poeminha:

vampiro

sou inocente
no destroçar
das veias da
poesia

quando escrevo
sangro as palavras
e entrego a
h e m o r r a g i a


Agora, não acho que "licença poética" me permita escrever "nós vai", " a gente semos" e coisinhas assim :)

20/8/2005

Ainda a palavra...

Oi Solange. Concordo inteiramente com meu xará [Manoel de Barros]. Tudo tem seu lugar na poesia e há poesia em tudo. Em qualquer objeto que você veja, vai encontrar certamente poesia.

A "pele de mariposa" é um exemplo sim, assim como outros objetos que existem nos meus poemas. Os objetos são capazes de produzir emoções, logo contém poesia. Um pássaro que voe por entre a folhagem de uma árvore, uma lâmpada apagada em um poste, um barco no mar, uma pipa empoleirada nos fios de eletricidade. A questão é enxergar e tentar transmitir nos poemas essa poesia toda.

Então posso acreditar que a poesia está nas coisas e os olhos dos poetas conseguem enxergá-la. O mesmo posso dizer do berimbau. A liberdade da corda é um canto de poesia. Por mais que o arco tente tolher essa liberdade, não consegue.

Manoel de Barros é o mestre em desinventar objetos e recriá-los com novas funções e novos sentidos. Eu penso mais em "desconstruir" objetos. Quando digo, por exemplo,

viagem

um barco
arrasta
a paisagem


Não é uma função do barco arrastar paisagens, mas desconstruindo-o e reconstruindo dando esta nova funcionalidade, posso arrastar o mundo com ele. Talvez haja uma semelhança entre "desinventar" e "desconstruir", mas o conceito básico é diferente. Tudo pode ser desconstruído, tudo pode ser desinventado. Até mesmo os seres animados.

calix

a gaivota
desenha no meio
do horizonte
o til do não

no sim das montanhas
dormem os pontos
de interrogação



31/8/2005

Sobre autocrítica/direitos autorais


A questão da autocrítica é complicada, a de reconhecer o próprio talento então.. nossa! Falando muito sinceramente eu não estou convencido que tenha isso a que chamam de talento. Me considero - e sempre disse isto - um "arrumador de palavras". Também não gosto de me denominar "poeta" . E confesso que acho o fim da picada quando alguém se assina Fulano de Tal, poeta. Parece um título acadêmico.. rs

O que eu sei é que sou muito mais severo comigo do que com o resto do mundo, Não sei se é o tal do perfeccionismo atuando ou se é o reconhecimento das minhas limitações. E concordo contigo plenamente: é muito mais fácil enxergar talento e qualidade em outras pessoas.

A questão da crítica me é bastante prazeirosa. Gosto de ser criticado. Tenho duas ou três amigas que sempre criticam meus posts no Fala Poética, normalmente por e-mail e sempre achei tudo muito pertinente. É melhor alguém te apontar erros e desacertos do que aplaudir o tempo todo. Mas espera! Gosto e preciso dos aplausos também.. rs sou humano.:)

Voltando à crítica: o que eu não aceito são ataques pessoais. Ou seja, o que escrevo está sujeito a críticas, mas eu enquanto pessoa só posso ser criticado por quem me conhece de verdade, por quem convive comigo, concorda?

E acrescento mais uma coisa que me ocorreu agora: crítica deve ser feita por quem tem conhecimento técnico e/ou sensibilidade artística para tal. Há algum tempo atrás participei de uma lista dessas em que os escritos vem formatados, cheios de luzinhas brilhantes e coisa e tal.

Alguém da lista perguntou assim: "mas isso é poesia? cadê as rimas?". Ou seja... :)

caleidoscópio I

a manhãzinha
é feito ladeira
de pedra
que formiga
nos meus olhos

sou polifônico
de palavras e sopros
do sol de agora

(a música verdeja
lá fora)



Texto publicado também em Blocos online.

Imagem: do blog principal do poeta, Fala Poética.

sexta-feira, novembro 03, 2006

O tempo é um pássaro de vidro


Carlos Machado, editor do Poesia.net, onde estou também, lançou em setembro de 2006 seu primeiro livro de poemas, Pássaro de Vidro. Vale a pena sua leitura.

O tempo é um pássaro de vidro


Ampulheta é gaiola de areia que mantém o tempo-pássaro preso. A digestão do tempo não tem excreções. A engrenagem do tempo não tem segunda dentição. O tempo nos fere como segunda pele. O tempo que nos veste, nos deixa nus. O tempo é folha seca, e folhas secas caem independente da vontade, mesmo assim, o poeta diz: 

"desfolho 
uma a uma 
as pétalas do dia"


O tempo forma nossa realidade. O tempo é objeto de reflexão de historiadores, cientistas e poetas. Desvendar o tempo é desvendar a nós mesmos. Pensar o tempo através de imagens poéticas é dominá-lo de certa forma; mesmo que ele ainda escape como um pássaro em voo, detemos sua natureza, frágil como vidro. 

O poeta percebe a sutileza entre igualdade/desigualdade no tempo que dizemos ser único, mas temos dúvidas, porque repetimos incansavelmente a realidade junto com os ponteiros do relógio: 

"não dormes: 
teu único  
repouso 
é descobrir-te 
em cada momento 
sempre  
desigual a  
ti mesmo" 

Mas não só os ponteiros são angustiantes medidas dos nossos passos. Para o poeta, o relógio digital também 

"tem ar de quem não erra"

O tempo do poeta não é simplesmente a imagem de um pássaro preso na gaiola, nem é um pássaro migrando por instinto, que voa para não mais voltar.
Para desvendar o tempo do poeta é preciso desvendar a anatomia do seu pássaro de vidro. O pássaro é o tempo com seu "bater de asas", essa "ave estranha", "enigma com asas", que "resguarda tudo".

Se não sabe que pássaro é o tempo, renda-se a ele como o poeta se rendeu: 

"e me rendo 
ao espaço 
do pássaro 
de vidro"

Deixa que ele ouse, que vibre, como pede o poeta: 

"Deixa que ele 
pouse 
vidro manso 
em tua mão 
jóia fria 
entre os dedos"

Mais que deixar que o tempo-pássaro pouse, é voar junto, mesmo sabendo da "condição ambígua", da "falsa noção de equilíbrio". Mesmo se esborrachando "sem tambor nem auxílio", vai como pássaro-sísifo outra vez voar e viver, consciente do vidro que quebra, porque os cacos são folhas secas, os cacos aguardam a segunda dentição, os cacos são a digestão do tempo, 

"o resto são musgos do tempo".


Solange Firmino

Pássaro de vidro (3)

o pássaro é cego
e cego é quem
se agita
em seu espaço
ambíguo

esse espaço
de incessante
tarde nua

onde o voo
risca um traço
branco
de vidro no vidro

Carlos Machado

sexta-feira, outubro 27, 2006

SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL- vol. 1


Dia 26 de outubro, foi o lançamento da primeira Antologia Digital de Blocos online, com poetas do Acre ao Sul do país.

Texto tirado do INFORMATIVO EXTRA DE BLOCOS ONLINE:

"SACIEDADE DOS POETAS VIVOS – VOL. 1A Coleção, considerada marco literário pela diferença de seu projeto, e que fez história na década de 90, está de volta, agora digitalizada.
Optamos, nesse momento, pela veiculação através da Internet, pelo acesso que praticamente centuplica em relação à tiragem impressa convencional de 1.000 exemplares, devido ao registro do número de acessos na estatística do portal.

Convidamos apenas 17 poetas, para apresentar ao mundo o que de mais significativo a poesia contemporânea oferece. Poucos autores, sim, para que sua literatura apareça com mais intensidade, realce e brilho. A seleção de autores e de textos desse primeiro volume foi de Leila Míccolis.

É com imensa satisfação que apresentamos a vocês os participantes:

A nderson B raga H orta: famoso poeta, prosador, nome respeitado e já aclamado, inclusive internacionalmente, por suas importantíssimas traduções de grandes poetas, inclusive os da Idade de Ouro da Espanha.

Carlos Arthur Newlands Júnior: autor já da Blocos, desde 1986, diversos prêmios literários, inclusive o da Caixa Econômica Federal, quando travou contato com Leila Míccolis, uma das juradas;

Cathia de Almeida: dois livros publicados, participei de algumas revistas para crianças CD Kids, Alegria (entre outras) e organizo encontros com crianças da rede pública nos quais monto um panorama do que é a poesia e como ela está no nosso dia-a-dia.

Christina M agalhães H errmann, colunista de Blocos, assinando a coluna quinzenal "Orkultural", Cursou Letras (Literatura) na UFRJ, é compositora, poeta, web-design e reside atualmente na Alemanha; é uma de nossas grandes ativistas culturais.

Clodomir Monteiro, professor da Universidade do Acre, editor responsável pelo suplemento Contexto Cultural, há mais de dez anos, encarte do jornal O Rio Branco, com intercâmbio com o Brasil e diversos países das Américas, Europa e África. Pertenceu a vários movimentos poéticos de vanguarda, em especial ao Instauração Práxis, e é o atual Presidente da Academia Acreana de Letras.

Cristina Rios Leme: Artista plástica, poeta, desenvolve seu trabalho em diversas mídias como fotografia, pintura, desenho, gravura, caixa-objeto, imagem digital; está atualmente está na Espanha, mostrando a arte brasileira.

Fabbio Cortez: professor de Língua Portuguesa, escritor, e um dos vencedores do Concurso Nacional de Poesia da APPERJ, 2006, com livro no prelo, prefaciado por Leila Míccolis;

Galdino Moreira Neto: poeta fluminense, participante do grupo poético Em Noites de Calmaria, que gerou um livro de poemas e de gravuras.

Graça Graúna: Poeta potiguar radicada em Recife, ensaísta, Mestre e Doutora em Letras, pela UFPE, professora adjunta na Univ. de Pernambuco (UPE), onde coordena, entre outros, o Núcleo de Estudos Comparados em Literaturas de Língua Portuguesa (NEC), tendo sido já editada em livro pela Blocos.

Idalina de Carvalho: Cataguases/MG, editora da Revista de Literatura e Arte Pensaminto e Coordenadora Municipal de Cultura de Cataguases na gestão 2001/2004, tendo criado e coordenado o projeto Cultura nos Bairros, que implantou bibliotecas em bairros e na zona rural da cidade.

Jandira Zanchi: curitibana, licenciou-se em Matemática em pela Universidade Federal do Paraná. Tem cursos de pós-graduação em astronomia e educação, é profissional de magistério, e entre as muitas faculdade e colégios em que trabalhou, inclui-se a Universidade Agostinho Neto, em Luanda – Angola, de 1985 a 1987, como professora cooperante.

Leila Cristina de Carvalho: Maranhense, pedagoga, pós-graduação em Supervisão Escolar. poeta, contista, autora publicada no 2º Catálogo da Produção Poética Impressa nos anos 90, pela Blocos.

Maria Dalva Junqueira Guimarães/Madellon: outra escritora publicada Blocos, mineira de Monte Alegre, licenciada em Pedagogia, autora de literatura infanto-juvenil, poeta, contista, cronista, ensaísta, romancista, dramaturga, diversos prêmios literários e grande ativista cultural em Brasília, onde reside.

Merivaldo Pinheiro: Escritor paranaense, radicado no Rio de Janeiro, poeta, educador, ficcionista, tendo publicado um livro de poesia: "Casa de Barro", em Belém.

Onna Agaia: Mestre e Doutor em Arqueologia, trabalhando no Museu Goeldi, em Belém/Pará e dedicando-se também a pesquisa de campo, é poeta com seis livros individuais, sendo dois através da Blocos, e treze coletâneas (além de suas obras arqueológicas). Também pertence à Malta de Poetas Folhas & Ervas, coletivo de poetas responsável por muitos eventos em Belém.

Solange Firmino assina a coluna quinzenal em Blocos Online "Mito em Contexto", colabora desde a década de 90 com diversas publicações da imprensa literária, é professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio e premiada no IV Concurso Nacional de Poesia Intervalo 2005.

Vera Casa Nova: carioca, professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, cinco livros de poesia, sendo o mais recente com CD animado, ensaios críticos em diversas publicações nacionais e internacionais, além de manter, atualmente, programa diário na Radio UFMG Educativa chamado Um Toque de Poesia.

Uma plêiade de poetas de primeira grandeza! Para lê-los basta clicar na capa do livro na página de entrada do portal.

E NÃO PERCAM DIA 7 DE NOVEMBRO, ÀS 20 HORAS, O CHAT COM OS PARTICIPANTES DA 1ª ANTOLOGIA DIGITAL DE BLOCOS ONLINE. VENHA CONHECER E CONVERSAR COM ESSES 17 ASTROS DA LITERATURA NACIONAL.


Devemos fazer outra Antologia ainda esse ano – afinal, bons poetas brasileiros é o que não faltam para mostrar ao mundo, provavelmente com o tema Natal ou inaugurando nossa SACIEDADE DOS POETAS VIVOS – ESTADOS (um volume para cada Estado Brasileiro)."

Texto de URHACY FAUSTINO E LEILA MÍCCOLIS

Acesse:

Blocos online

Saciedade dos poetas vivos digital vol. 1

quinta-feira, outubro 19, 2006

Oráculos: fatalidade e livre-arbítrio


Previsões meteorológicas dizem sem muita precisão se vai chover no feriadão. Analistas prevêem quedas no mercado financeiro. Profissionais de várias áreas se especializam em técnicas que pretendem prever o futuro, ou algumas situações possíveis. Após séculos tentando prever o que nos aguarda, ainda não sabemos o que acontecerá amanhã. 

O ser humano sempre se preocupou em saber as possibilidades do seu destino, para se preparar para ele ou tentar combater as alternativas indesejáveis. Nas civilizações antigas, as adivinhações eram ligadas às previsões do tempo, da astrologia ou da astronomia, por exemplo. O futuro era lido em números, animais e consultas aos espíritos. Alquimistas, magos, bruxos e outros visionários interpretavam fenômenos naturais e sobrenaturais. Muitos locais onde se faziam previsões eram chamados de oráculos. As pessoas que faziam previsões também eram conhecidas como oráculos. Eles ajudavam os homens a compreender os desígnios dos deuses e eram consultados antes de decisões importantes.

Havia também os oráculos transmitidos através dos sonhos, nos rituais de cura chamados “mântica por incubação”. Asclépio, mestre em medicina e filho de Apolo, tinha seu santuário mais famoso em Epidauro. Lá, os doentes passavam a noite e esperavam que o deus indicasse a cura para as doenças através das profecias recebidas durante o sonho.

Além de Epidauro, o oráculo mais famoso ficava na região montanhosa de Delfos, local religioso mais importante do mundo grego, considerado o centro do mundo e representado pelo “omphalós” , a pedra em forma de umbigo. Uma lenda diz que Zeus mediu o centro do mundo soltando duas águias de lugares opostos da Terra; ambas se cruzaram próximo ao Monte Parnaso, onde foi colocada a pedra. Outra lenda diz que cabras pastavam pelo monte quando se aproximaram do local de onde saíam vapores que as deixaram em convulsões.

(...)

Solange Firmino

Leia o texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

*Imagem: Fotografia tirada por mim em Delfos, nas montanhas chamadas Fedríades, de onde saíam os supostos vapores que deixavam as pitonisas em transe.

domingo, outubro 08, 2006

Quem é dono das idéias?


O texto “Cópia e plágio na internet” , da coluna Orkultural n° 14 , gerou alguns debates sobre assuntos relacionados. Uma amiga disse que já confundiu seus textos com os de outros autores, como se ela tivesse escrito algo que outro autor escrevera antes, e não sabia se isso tinha a ver com mediunidade.
Existem muitos textos que se assemelham na temática, mesmo que um autor não tenha intenção de plagiar outro. O filósofo Platão acreditava no mundo das idéias, onde existiam as idéias primordiais e eternas que encontramos na natureza. O que conhecemos como realidade seria uma sombra ou cópia da idéia padrão. Certamente ele não falava do tipo de cópia e plágio a que nos referimos.
Quem sabe a amiga aflita com a idéia da mediunidade estaria certa se considerássemos o que Platão chamou de reminiscência , ou seja, as almas contemplam as Idéias e guardam-nas como lembranças que podem ser despertadas. Assuntos ligados a esse são mediunidade, idéias inatas e reencarnação.
Jung, na Psicologia Analítica, falou sobre as idéias universais, ou os arquétipos que formam nossa psiquê, e ampliou os conceitos relacionados à alma. As idéias arquetípicas são adquiridas pela mente quando a alma, antes de vir ao mundo, contempla os arquétipos. O inconsciente coletivo é formado pelo acesso ao arquétipo e atua individualmente, por exemplo, nas produções literárias.
Será que textos e temas parecidos são o reflexo intuitivo do que os autores recordam das imagens primordiais de Platão e Jung? Ou pode-se aceitar a teoria de Santo Agostinho, para quem as idéias universais surgiam pela iluminação divina? Há dezenas de teóricos sobre o Conhecimento e as Idéias com outras sugestões, afinal, os conceitos de Idéia e Conhecimento mudam de tempos em tempos. Mas todos admitem que há temas universais que afligem os seres humanos, e esses temas podem ser expressos nas obras artísticas e literárias. Sendo assim, essas idéias não têm dono.
Como em toda época, há os que acreditam no conhecimento como bem da humanidade, como Platão e Jung; e os que acreditam que o trabalho intelectual é pessoal e o seu direito deve ser garantido ao autor. Quem pode dizer sobre o autor da Língua Portuguesa? Como saber quem foi o primeiro ser humano que pronunciou os primeiros fonemas em latim?
Temos visto na história que a divulgação e a partilha de idéias é proveitosa para todos. Mas não parece tarefa fácil definir o que é de todos e o que precisa ser protegido.
Propriedade intelectual é o nome moderno que garante ao responsável por uma idéia o direito de produção. Invenções, desenhos e obras artísticas são exemplos de propriedades intelectuais.
A noção de autoria estará ligada a de propriedade intelectual. O direito autoral protege as produções publicadas e também os softwares . Mas nem a noção de autoria parece estar devidamente acertada. Quem é dono do software livre? Quem é dono da Wikipédia , página da internet onde existem informações registradas em cooperação com milhares de autores?
Livros são disponibilizados na internet e podem ser copiados, assim como programas, jornais, músicas e outros arquivos gratuitos. Claro que muitos divulgadores têm objetivos comerciais. Da mesma forma, nem todos os que copiam têm objetivos éticos.
A Biblioteca Nacional responde na sua página que as idéias não são protegidas pelo direito autoral. As idéias que estão na forma de obra intelectual é que são protegidas.

Sabemos que em toda obra, antes de ser expressa, existe uma idéia. Essa idéia não tem dono, pertence a todos, mas o trabalho feito pelo autor tem dono, de acordo com as leis atuais da propriedade intelectual. Desde que as obras estejam registradas, ainda pode-se brigar pela autoria.

Solange Firmino

* Publicado na coluna Orkultural n° 27.

sábado, outubro 07, 2006

A Flor do Lácio no museu

Alguns ainda acham que museu é lugar de objetos antigos. Hoje, mais que armazenar antigüidades, museu também abriga obras modernas. Mais que um lugar sóbrio, museu é um espaço de educação e lazer. Mas nos museus ainda ficam obras que marcaram épocas passadas, então não é de se estranhar que a Língua Portuguesa seja atração principal de um museu, afinal, é bem antiga; ao mesmo tempo, é atual, pois é falada por milhões de habitantes no mundo inteiro.

A história da Língua Portuguesa começou há uns 4000 mil anos antes de Cristo, com as línguas indo-européias. A Língua Latina é um dos ramos do indo-europeu e deu origem à Língua Portuguesa. O poeta Olavo Bilac disse em um soneto que a Língua Portuguesa era “a última flor do Lácio”, em uma referência ao berço do latim, a região do Lácio. O latim vulgar falado nessa região era uma das variações da Língua Latina, e era usado pela população romana na comunicação diária.

Junto com a cultura, hábitos e padrões de vida, os romanos levaram essa língua para as cidades agregadas ao seu império, legando ao mundo a língua que daria origem às línguas neolatinas como português, espanhol, francês e italiano. Com as navegações portuguesas no século XVI, a Língua Portuguesa, mistura dos falares da península ibérica com as influências latinas, espalha-se por várias regiões como África Ásia e Américas.

Hoje a Língua Portuguesa é umas das dez línguas mais faladas no mundo e língua oficial de pelo menos oito nações. Sofreu evolução histórica, foi influenciada por vários idiomas e percorreu muitos estágios até chegar ao que falamos e escrevemos atualmente. Mesmo assim, há vários falares e padrões que diferem de uma região para outra do Brasil, assim como há “várias” línguas portuguesas faladas no Brasil e em Portugal.

Um pouco da linha do tempo da história dessa língua podemos conhecer no Museu da Língua Portuguesa, situado em São Paulo, em um prédio histórico na Estação da Luz, acima das plataformas dos trens. Estão distribuídos pelos três andares do prédio objetos, imagens e sons que demonstram o quanto a língua é viva e dinâmica e está mais presente nas nossas vidas do que imaginamos.

Os visitantes do museu podem descobrir - de forma bastante interativa - a origem das palavras, os idiomas que ajudaram a formar o português falado no Brasil e as formas de linguagem no cotidiano. O auditório passa filmes sobre a origem das línguas e a importância da linguagem. um grande corredor onde são projetados vídeos que mostram riqueza da língua nas regiões do Brasil.

Há também um espaço para mostras temporárias. A primeira delas é uma homenagem a Guimarães Rosa e os 50 anos de "Grande Sertão: Veredas". Outros autores e artistas brasileiros figuram nas exibições em que grandes nomes da Língua Portuguesa que são lembrados ludicamente.

Ao exploramos essa exposição cheia de recursos audiovisuais e alta tecnologia, somos envolvidos em imagens, vídeos, músicas, palavras cantadas escritas, lidas ou ouvidas em prosa e verso. Ali, temos certeza da importância da linguagem na construção dos povos.

Solange Firmino


Museu da Língua Portuguesa - Estação da Luz, São Paulo. De Terça a domingo, das 10h às 17h. R$ 4.

Imagem: Estação da Luz - São Paulo

quarta-feira, outubro 04, 2006

Deuses gregos perto de nós


Deuses e mitos auxiliavam na compreensão da natureza e do homem na Antigüidade Clássica. Após a mitologia veio a Filosofia, que trouxe o pensamento racional para explicar os mistérios do mundo.

Milênios depois de Sócrates, Platão e Aristóteles, ainda discutimos seus pensamentos. A mitologia grega está mais distante ainda, mas continua sendo alvo de leitura, estudos e representações artísticas. Falar da Grécia Antiga hoje é lembrar dos deuses e suas lendas de elementos fabulosos.

Os gregos construíram templos, esculturas e histórias que se tornaram inesquecíveis. Elementos como filosofia, arquitetura, teatro, mitologia, entre outros, influenciaram a arte e o pensamento de quase todo o mundo. Tudo o que conhecemos como arte no mundo ocidental tem uma pitada do mundo grego. A Grécia influenciou diretamente não só a arte romana, mas vários períodos na história da arte, criando valores estéticos que seguimos até hoje.

(...)

Muitos monumentos sobrevivem ainda graças ao uso dos materiais utilizados. E graças à importância que deram às obras no decorrer da história. Durante muito tempo, os museus colecionaram a arte antiga adquirida em escavações de arqueólogos. E durante anos, também, os objetos chegavam de todos os lugares como souvenir, saques, concessões ou doações de mecenas feitas a países como França, Alemanha e Inglaterra.

No século XIX, Lord Elgin removeu esculturas do Parthenon e levou para a Inglaterra. Ainda estão espalhados pelos museus do mundo numerosos trabalhos como estátuas, vasos, jóias, moedas, estátuas, painéis, etc. Atualmente a Grécia está empenhada na restauração e reconstrução de seu tesouro arqueológico e luta pelo retorno dessas peças.

(...)

Solange Firmino



*** Leia o texto integral e um poema sobre o tema na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

quarta-feira, setembro 20, 2006

A eterna juventude das ninfas

No texto “O Inverno e a renovação necessária” há uma introdução sobre a associação do mito de Deméter e Perséfone com as estações do ano. Essas deusas representavam a transformação da natureza e seu surgimento cíclico. Outros mitos também se relacionam com as estações do ano. Falando especialmente da primavera, muitas das suas representações estão associadas às ninfas.

As ninfas eram cultuadas como divindades, mas não eram imortais, nem moravam no Olimpo com os deuses. Elas habitavam na natureza, em todas as suas manifestações, como grutas, árvores, mares, lagos, bosques, montanhas, e recebiam denominações de acordo com a origem ou o local em que ficavam. Assim, entre várias ninfas, as Náiades eram as ninfas dos riachos; as Oceânidas eram filhas de Oceano e Tétis; as Nereidas eram filhas de Nereu e Dóris. Cada ninfa também tinha um nome próprio. Entre as Nereidas destacaram-se Tétis e Galatéia. As Melíades nasceram do sangue de Urano , eram as ninfas dos freixos, a árvore da vida entre os escandinavos, sagrada e indestrutível.

As ninfas eram sempre representadas como mulheres jovens e bonitas, tiveram muitos amores e geraram filhos famosos, como Aquiles, herói da guerra de Tróia, filho de Peleu e da ninfa marinha Tétis; e Orfeu, filho de Apolo com a ninfa Calíope.

(...)

Solange Firmino

Leia o texto na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.



*Imagem: detalhe da Primavera de Botticelli.

terça-feira, setembro 12, 2006

De quanto espaço você precisa?

Quandos estudamos variadas culturas, um aspecto importante é o modo como os habitantes de um lugar organizam as casas. Iglus, ocas, cabanas, casas de palha, casas de alvenaria, casas pré-fabricadas, entre outros tipos, parecem dizer algo sobre o funcionamento das sociedades, como o que pensam os habitantes sobre beleza, conforto e funcionalidade. A distribuição habitacional também pode dizer que parte da população é pobre e não tem alternativa a não ser morar em casas amontoadas em favelas ou nos sertões sem emprego, alimentação, educação e saúde.


Na internet circula um texto que fala sobre a população do planeta e seus mais de seis bilhões de habitantes. Se a população fosse reduzida a cem pessoas, mantendo as proporções de todos os povos que existem no mundo, por exemplo, cinqüenta e sete seriam asiáticos e oitenta viveriam em casas sem condições higiênicas. Mas quantas dessas casas seriam tão minúsculas para abrigar uma família de sete pessoas e um cachorro?

Há revistas especializadas em mostrar arquiteturas de casas modernas, há revistas que mostram as mansões luxuosas dos artistas. Como os artistas que fazem pose e exibem seus milhares de metros quadrados, lá estava Helenita na sua casinha. Não estava em nenhuma dessas revistas, mas no jornal O Estado de São Paulo, pelo fato de ser “estranha” e virar ponto turístico em uma cidade com doze mil habitantes na Bahia.

A casa de Helenita tem uma cozinha, duas salas, três suítes e varanda, tudo “normal”, se não tivesse dois metros de largura e ainda servir de moradia para ela, três filhos, marido, irmã, mãe e cachorro. Helenita ainda fala sobre os planos para uma cobertura, já que pediu ao pedreiro que fizesse uma boa fundação, assim como aquela que o terceiro porquinho fez e o lobo mau não derrubou. A casa não lembra nem de longe as casas desajeitadas dos outros porquinhos, a casa de Helenita é arrumada, limpa, caprichada e confortável, pelo menos para quem não sofre de claustrofobia.

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Solange Firmino

Leia o texto integral aqui, em Blocos online.

sábado, setembro 09, 2006

Orkut é Cultura

Uma pergunta que faz parte da conversa entre pessoas que acabam de se conhecer e até das que já se conhecem é "Você tem Orkut?". Eu não tenho mais Orkut, o que é motivo de decepção para muitas pessoas, principalmente meus alunos "xeretas".

Não tenho porque já sei o que é, participei como dona de comunidades, amiga e inimiga, anônima e e eu mesma. Tive na minha lista de amigos pessoas com quem nunca disse oi e pessoas que ainda são amigas. Gostei e desgostei, não serve mais para o meu dia-a-dia, nem meus objetivos, mas mantenho um vínculo com a coluna Orkultural desde o início.

Orkultural foi a palavra que Chris Herrmann, a idealizadora da comunidade no Orkut e da coluna em Blocos online, criou. Para muitos, é uma afronta unir Orkut e Cultura na mesma palavra. Se cultura é tudo que nos cerca, por que não? Se o Orkut nos cerca tanto, por que não?

É difícil definir cultura, acho mais aceitável quando dizem que toda produção humana faz parte da cultura e todo ser humano tem cultura, embora digam que há pessoas que não têm e inventam níveis de cultura, como cultura superior ou inferior, pseudocultura, lixo cultural e outros adjetivos que fazem com que nos tratemos de forma diferente. Excluímos o outro e o colocamos na denominação de lixo, enquanto alguns privilegiados ficam com a denominação de elite cultural.

Uma das denominações da cultura é estar na maneira de pensar, sentir e agir da humanidade. Quando há interação e construção de símbolos, padrões de comportamento e outros valores que consolidam as ações de um grupo, ele não poderia estar inserido no que se chama de cultura? E se esse grupo influencia outros, não é mais uma característica cultural? Não dá mais pra negar que o Orkut faz parte da cultura digital e que ele influencia o comportamento dos usuários, dentro e fora da internet.

Os espaços de convivência social são benéficos para a cultura. O Orkut está inserido no nosso espaço simbólico, social e cultural. As relações estabelecidas nos grupos vão formando nossa identidade cultural no mundo on-line. Muito já se discutiu sobre traição, figuras anônimas, racismo e tantos elementos que fazem parte desse mundo, como comunidades impróprias, como se fora da tela não estivessem as mesmas pessoas que participam delas. Então, que se aproveite esse espaço para discutir, investigar e acabar com esses problemas.

O que é relevante para uns, pode ser "lixo" para outros, assim definimos nosso modelo de cultura, nos aproximando pelas preferências, nos excluindo pelas preferências. Seria bom que respeitássemos as diferenças e, pré-conceitos à parte, o Orkut está sendo responsável por grande parte da discussão sobre lixo cultural. Para nós, Orkut e cultura podem andar juntos sim, e viva a Orkultural!

Solange Firmino


EDIÇÃO ESPECIAL – PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA ORKULTURAL

Blocos online


*Imagem criada por Chris Herrmann

domingo, setembro 03, 2006

Torres vulneráveis


Atualmente podemos viajar para vários cantos do mundo e visitar igrejas lindas com suas torres apontando para o céu, como a Sagrada Família, em Barcelona. Podemos fotografar monumentos como a Torre Eiffel, em Paris; o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque; o Big Ben, em Londres, e a Torre inclinada de Pisa, na Itália. Mas nem se essa torre inclinada cair (sozinha), e já provaram que é difícil, conseguirá ser tão marcante quanto a queda dos dois edifícios chamados World Trade Center ou Twin Towers, as Torres Gêmeas de Nova Iorque.

Tão marcante foi o fato que a data da queda das Torres Gêmeas virou substantivo, o “Onze de setembro”. Fato e data são lembrados todos os anos com a perplexidade e a dúvida sobre o que simbolizavam aquelas torres para nós, do século XXI, e quais os idealizadores e os reais motivos de sua destruição.

Além dos monumentos citados, não podemos, entre os que resistem, visitar a famosa Torre de Babel, mencionada no livro de Gênesis, da Bíblia, construída com o intuito de alcançar o Paraíso. O castigo mandado por Deus foi a confusão entre as línguas dos seus construtores. Se houve a pretensão de unir a todos em uma mesma língua ou mesma ideologia, o que tentamos fazer hoje com a globalização, veio a resposta que isso não é possível. Mas ainda construímos torres.

Em um conto infantil, a bruxa prendeu Rapunzel em uma torre, mas o príncipe subiu pelas suas longas tranças. Na mitologia grega, o rei Acrísio prendeu a filha Dânae em uma torre, mas não por muito tempo.

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Solange Firmino


Leia o texto na coluna Mito em Contexto em Blocos online.



terça-feira, agosto 22, 2006

(De)composição


A asa
é um mistério
elaborado
no casulo.

Compõe-se de
espera
a borboleta.
Decompõe-se
a lagarta.

Solange Firmino

segunda-feira, agosto 21, 2006

A esfinge é um enigma

Esfinge de Naxos - Estátua de mármore do santuário de Apolo em Delfos. Da coluna original de 10m,
resta o capitel jônico. Museu Arqueológico de Delfos. Autor da fotografia: Solange Firmino


Na mitologia grega há heróis, deuses e monstros. As sereias eram monstros marinhos. Cérbero era um cão de três cabeças, guardião do Inferno. A Medusa tinha cabelos de serpentes. A Esfinge era um monstro normalmente representado com cabeça de mulher, corpo de leão e asas de águia, mas vários povos usaram sua representação de formas diferentes.

As histórias que conhecemos sobre a esfinge vêm principalmente do Egito e da Grécia. As esfinges mais famosas foram a de Tebas, na Grécia, e a de Gizé, no Egito. A esfinge egípcia raramente era representada com asas e era masculina; enquanto a grega tinha asas e era feminina. O corpo de leão da esfinge simboliza a força e a capacidade de guardar as entradas dos templos ou necrópoles em que ficavam; a cabeça humana representa a inteligência.

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Solange Firmino


Leia mais sobre a Esfinge e um poema na coluna Mito em Contexto em Blocos online.


sábado, agosto 12, 2006

A todos os pais



Desde que nasce, o bebê pode criar um vínculo afetivo com a mãe, se for criado por ela. O vínculo com a mãe, biológica ou não, é necessário para a sobrevivência da criança, que depende de alimentação e cuidados, além de amor e carinho.

Na família tradicional "ideal", a mãe era a responsável exclusiva pela realização das tarefas domésticas e criação dos filhos. O pai era a autoridade responsável pelo sustento da família e imposição de limites na educação.

Mas a família mudou. Na prática, nem sempre é possível o contato paterno ou o materno. Há mães que criam os filhos sem os pais, há pais que criam filhos sem as mães, há crianças que não conhecem seus pais e vários outros casos, que são motivos de estudos sobre os complexos gerados nas famílias e nos vínculos estabelecidos nas relações pai-mãe-filhos.

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Solange Firmino


* Leia o texto integral na coluna Orkultural em Blocos online.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Urano, Crono e Zeus, pais castradores e devoradores




Haikai para Crono

o tempo tem medo
de também ser engolido
por isso devora

Solange Firmino



A repressão e a competição masculina têm gerado ao longo do tempo complexos paternos que nos fazem refletir por que o velho tem medo do novo; por que os pais autoritários e devoradores têm medo de perder o controle; por que castram, reprimem e maltratam os próprios filhos.

quarta-feira, julho 19, 2006

Gêmeos e a busca da harmonia


Dia e noite, sol e chuva, frio e calor. Vivemos na dualidade. Yin e Yang, vazio e matéria, masculino e feminino são exemplos de símbolos que se unem pela oposição. O movimento do mundo se mantém dinâmico enquanto forças opostas e complementares se equilibram.

Serão os humanos também opostos e complementares? Todos os seres humanos são iguais e, ao mesmo tempo, cada um que nasce é diferente do outro. Até os gêmeos, que muitas vezes parecem iguais, são diferentes.

O tema dos gêmeos sempre fascinou as culturas. Adorados ou temidos, foram imaginados como elementos que exprimem a dualidade de todo ser, por isso foram normalmente retratados como antagonistas. Se um é bom, o outro é mau, se um constrói, o outro destrói. Os gêmeos simbolizam a eterna luta do ser humano dividido entre contradições espirituais e materiais para afirmar sua personalidade, no conflito entre ser e não-ser.

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Solange Firmino

Leia mais na Coluna Mito em Contexto em Blocos online.


* Imagem: Leda e os gêmeos, de Leonardo da Vinci

domingo, julho 09, 2006

Poesia.net


"Nesta semana, o poesia.net destaca a poeta carioca Solange Firmino. Com poemas publicados em antologias, Solange não tem livro-solo, mas é presença ativa em numerosas revistas on-line e sites literários. Uma poeta ajustada à era da internet."


Assim diz Carlos Machado no boletim poesia.net da primeira semana de julho.
E a poeta sou eu.
Confiram!

sexta-feira, julho 07, 2006

Blocos online na constelação cultural

Desde cálculos simples até as complexas dívidas dos países, os números influenciam o comportamento humano. Quantificamos e atribuímos valor a tudo que nos cerca, mesmo o que não é muito importante.

Neste ano, o Brasil tentou ser hexacampeão na Copa do Mundo e os números dos votos decidirão o próximo presidente da nação. Há pouco tempo, muitos se admiraram com a data 6 de junho de 2006. Sem os zeros, 666. Não causou tanto temor quanto há um milênio a data de 06/06/1006, mas, entre os supersticiosos, a data gerou expectativa.

Segundo o bíblico Livro do Apocalipse, 666 é o número do anticristo e já teve muitas interpretações. O anticristo já foi o imperador Nero e até Bill Gates, o bilionário presidente da Microsoft.

Enfim, a data passou e o mundo não acabou, mas há outros números e datas temidos e adorados. Uns evitam o número 13, outros o adoram, depende do objetivo e da importância social, religiosa ou cultural que a época confere a certo número, ou da experiência pessoal de quem teme ou adora.

Para os místicos e religiosos, ainda há previsões a temer. No calendário Maia, o fim de mais um ciclo está previsto para o nosso ano de 2012. Alguns acreditam que será o fim do mundo. Parece que os maias previram seu declínio e abandonaram seus centros urbanos há alguns séculos. Até hoje os pesquisadores procuram descobrir o motivo, enquanto estudam seu complexo calendário. As últimas especulações dizem que foi por causa da mudança nos campos magnéticos e radiações solares.

Sempre que acontece algo marcante na história, alguém busca sua relação com os números, como aconteceu na queda das Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. Acharam relações entre os números de passageiros, o número do vôo, entre outros elementos.

Estudar os números não é uma atividade atual. As tradições antigas estudavam os números inclusive para tentar explicar o Universo, como a Cabala, em que letras e números têm significados ocultos.

Na história da humanidade já surgiram vários sistemas de representação de escrita dos números, como o romano, o arábico e o maia. As bases também se diferenciam, como as bases 2, 5 e 10. O sistema indo-arábico, que usamos atualmente, é de base 10. Usando dez símbolos numéricos diferentes, podemos representar qualquer quantidade. O número dez é um dos mais antigos da nossa história.

Na Grécia antiga, o filósofo e matemático Pitágoras tentou desvendar os significados ocultos dos números e disse que eles estavam na origem e formação do Universo. Pitágoras aprendeu Cabala, doutrinas matemáticas no Egito e estudou com o sábio persa Zoroastro. O filósofo concluiu que o número 10 era perfeito, o receptáculo de todos os números, por ser a soma de todas as possíveis dimensões geométricas.

A Numerologia é a ciência que estuda os significados dos números e suas influências. Nos números estão as previsões, as propensões, o que é favorável ou desfavorável, os números harmônicos ou negativos, entre outros elementos que os numerólogos dizem que estão no nosso nome e na nossa data de nascimento.

Pela data de nascimento, o portal Blocos online é do signo de câncer, simbolizado pela figura do caranguejo. O caranguejo está relacionado ao segundo trabalho do herói mitológico Hércules, que enfrentou a Hidra com várias cabeças.

Héracles, mais conhecido pelo nome romano Hércules, é um dos maiores heróis da mitologia grega, filho de Zeus com a mortal Alcmena. Hera, a esposa ciumenta de Zeus, provocou uma loucura temporária em Hércules, que foi obrigado a realizar doze trabalhos difíceis, conforme uma das lendas, para se purificar por ter matado seus filhos quando estava fora de si. Hera fez de tudo para atrapalhar Hércules na realização dos trabalhos.

A Hidra de Lerna foi criada pela deusa Hera para testar as habilidades de Hércules. Cada vez que sua cabeça era cortada, nasciam outras duas no mesmo lugar. A ciumenta Hera, depois de ver que o herói estava ganhando a batalha, enviou um caranguejo para atrapalhá-lo. Hércules pisou no bicho, fazendo-o em pedaços. Hera levou os restos do caranguejo para formar a constelação de câncer no céu.

Não será coincidência que Blocos online, do signo de câncer, tenha um legado de tantos blocos, textos, poemas, prosa e verso em tantos caminhos e links que podemos percorrer na grande constelação da internet.

Se os números possuem conexões ocultas, e Pitágoras já falou tão bem sobre a década, Blocos online está no seu momento mágico, ao completar 10 anos e com seus “pedaços” que, juntos, preenchem nosso céu cultural.

E que venham outras dezenas de aniversários.

Solange Firmino

Coluna Orkultural n° 21


* Figura: Hércules e Hidra de Lerna


Viva Blocos online!


terça-feira, julho 04, 2006

Labirinto, caminho para o centro

Vários mitos utilizam o simbolismo do centro como Fonte da Vida, Realidade Absoluta, Verdade, Justiça, etc. O centro pode ser representado por montanha, pedra ou árvore. Na tradição taoísta, por exemplo, uma montanha guarda a fonte da vida eterna; na Grécia, o centro do mundo era o omphalós , “Umbigo da Terra”, rocha mítica situada em Delfos.

O caminho para o centro está na experiência de Teseu no labirinto de Creta; na busca do Velocino de ouro; nas peregrinações aos lugares santos, como Jerusalém e Meca; nas sinuosidades dos templos e nas adversidades do devoto em busca do caminho para o centro do ser. Esse caminho pode ser um labirinto tortuoso, além de estar em lugar de difícil acesso e guardado por monstros.

A superação do caminho é a metáfora da jornada espiritual, e permite desenvolver as virtudes guerreiras que o ser humano pode alcançar, se vencer o combate com o monstro que guarda seu labirinto interior.

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Solange Firmino


* Leia o texto integral e um poema na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

domingo, junho 04, 2006

O Amor move o mundo



“Amor - pois que é palavra essencial”, diz o poeta Carlos Drummond de Andrade no poema de abertura do livro “O amor natural”. Os poemas falam sobre o amor físico e sexual:

O corpo noutro corpo entrelaçado, / fundido, dissolvido, volta à origem / dos seres, que Platão viu completados: / é um, perfeito em dois; são dois em um.

Na época do lançamento, o livro em questão provocou discussão sobre os limites entre palavras eróticas e pornográficas. Vejamos aqui o termo erótico. O adjetivo erótico é derivado de Eros, o deus grego do Amor, e refere-se, no sentido amplo, a tudo o que se liga ao Amor.

Tão difícil quanto descobrir a origem do mundo e dos homens é definir as nuances do amor. Há muitos séculos, os filósofos tentaram explicar a criação do mundo. Para alguns, forças atuavam com os quatro elementos, terra, água, fogo e ar. Para os poetas, essa força era chamada de Eros, o Amor.

Antes de ser representado como deus do Olimpo, Eros esteve presente nos mitos que contavam as primeiras criações do mundo e dos deuses, e permitiu a aproximação dos seres. Conta um mito que o Caos, o Érebo e a Noite procriaram juntos e deram origem a tudo o que compõe o Universo, inspirados pela energia cósmica de Eros.

O filósofo Platão chamou Eros de “daimon”, uma espécie de ser espiritual que habitava entre os deuses e os homens. Na obra “O Banquete”, Platão conta sobre a união de Poros, o deus dos recursos, e Pênia, a carência, na festa de nascimento de Afrodite, a deusa da Beleza e do Amor. Desse encontro nasceu Eros, carente como a mãe, sempre em busca de algo que o satisfaça, mas com recursos para alcançar o que deseja, como o pai. O amor, quando sente-se carente, busca conquistar o outro para preencher seu vazio.

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Solange Firmino

Leia o texto integral na coluna Mito em Contexto, no portal Blocos online.