domingo, maio 29, 2022

Do dever

 



O fardo da montanha é quase tocar o céu

o fardo da nuvem é durar pouco

mesmo quando acaba a chuva

 

certos encargos são estranhos

pois o fardo da caverna é não conter vento

e o fardo do vento é ser abafado

em espaços muitas vezes minúsculos

 

o fardo humano é um tormento

pois não sabe se busca por Deus

ou se Deus o habita



Solange Firmino

 

 

*Foto por mim em 24/05/2022


segunda-feira, maio 23, 2022

quarta-feira, maio 18, 2022

Novo princípio

 



I

 

Aurora

 

Todos aguardamos o novo recomeço

sua mão na minha

novos abraços

_laços

outros sonhos

_amores

novos tempos

 

II

 

Crepúsculo

 

O tempo suspenso

saberá que o matamos?


Solange Firmino

 


No livro “Quando a dor acabar”


 Foto por mim em 14/05/2022.



terça-feira, maio 03, 2022

Sobre as janelas da tarde [Para Manoel de Barros]



A noite não me diminui


mas eu também ando cheia de vazios

e com os ombros tombados


nós estamos à própria sorte

e nem sabemos o que fazer

para virar poesia!


soldados, mulheres e crianças

alguns ainda rezam

professam esperanças


queria mesmo ver um incêndio de flores

na alma de um bicho

afundar um rio com os pés

escutar a cor dos peixes

perceber como é a grandeza de um som azul

ver nascer a palavra na boca de uma criança


ah! e saber da solidão dos caracóis

e conhecer pelo menos um pouco sobre os rios

os fados morrem todos os dias

nas flores amarelas

e nas outras também



Solange Firmino




*** No livro “Quando a dor acabar”




Imagem: Bonina do meu jardim.