segunda-feira, julho 31, 2017

Inverno

Foto tirada por mim em Gramado
















São intermináveis
as luas e os sóis
e o milagre dos dias que irrompe.



Chove em mim e o
ventre do abismo
acolhe o trajeto dos pássaros.


Vejo frutas prematuras
na paisagem que criou
este poema.


Logo será tempo de morrer
e entoar um cântico
de renovação
ao fascínio incerto
do solstício.


É familiar esse aceno
das árvores
que me seduz
em pleno mês de julho.


(No meu livro "Geometria do abismo")

quinta-feira, julho 06, 2017

Espólio



"O mantra do silêncio é calar"

[Solange Firmino]


(Trecho do poema "Espólio", no livro 'Geometria do abismo')

terça-feira, julho 04, 2017

Transição

Imagem de Altair Castro - Jardim Botânico

Cecília Meireles

O amanhecer e o anoitecer
parece deixarem-me intacta.
Mas os meus OLHOS estão vendo
o que há de mim, de mesma e exata.
Uma tristeza e uma alegriao meu pensamento entrelaça:
na que estou sendo cada instante,
outra imagem se despedaça.

Este mistério me pertence:
que ninguém de fora repara
nos turvos rostos sucedidos
no tanque da memória clara.
Ninguém distingue a leve sombra
que o autêntico desenho mata.
E para os outros vou ficando
a mesma, continuada e exata.
(Chorai, olhos de mil figuras,
pelas mil figuras passadas,
e pelas mil que vão chegando,
noite e dia... - não consentidas,
mas recebidas e esperadas!)