terça-feira, junho 19, 2007

Os amores de Zeus

Zeus pertence à terceira geração divina: destronou o pai Crono, que já havia destronado o pai Urano. Após anos de luta contra os Titãs, Zeus venceu e conquistou o Olimpo. Castigou os inimigos, concedeu o poder do mar para o irmão Poseidon, o mundo subterrâneo para o irmão Hades, e tomou para si o céu e o poder do mundo mítico.

O domínio de Zeus também foi consolidado com uniões amorosas que produziram deuses e heróis, confirmando um de seus atributos de deus da fertilidade. Muitas regiões da Grécia diziam ter um herói nascido dos amores de Zeus. Famílias reais ou míticas apontavam um ancestral como filho de Zeus, afinal, a origem divina também era um atributo da realeza.

Vários estudos sobre seus amores explicam a simbologia que eles contêm, além do ritual religioso politeísta em que um deus celeste fecunda a terra, daí suas uniões com divindades de estrutura ctônia como Europa, Deméter, Sêmele e outras . As uniões com deusas pré-helênicas explicam o sincretismo que faz da religião grega uma mistura de crenças, e faz de Zeus o seu representante máximo.

(...)

Solange Firmino


Texto completo em Blocos online, na coluna Mito em Contexto.


Imagem: Europa e o touro, de Gustave Moreau

domingo, junho 03, 2007

Faetonte, filho do Sol

Hélio era considerado o Sol divinizado e era representado como um jovem coroado de raios solares. Hélio regia o ciclo das estações e a produtividade do solo antes de ser assimilado pelo deus Apolo. Da união de Hélio com Clímene nasceram Faetonte e as helíades (Mérope, Hélie, Febe, Etéria, Dioxipe e Lapécia).

O mortal Faetonte foi criado pela mãe e não sabia quem era seu pai até o início da adolescência, quando a mãe contou. O rapaz procurou o pai e ficou deslumbrado com o palácio claro e brilhante de Hélio.

Faetonte quis uma confirmação da paternidade e Hélio disse que ele poderia pedir o que quisesse. Ele pediu para reger o Carro do Sol, que era usado para percorrer o céu durante o dia e derramar a luz no mundo.

Faetonte desejou algo que nem o imortal Zeus fizera. Hélio se arrependeu do juramento, pois sabia que a tarefa não era fácil e ele mesmo enfrentava dificuldades. Era preciso ter firmeza na estrada aérea, lá também havia monstros e perigos, como as tesouras do Escorpião.

Mas era o que Faetonte queria e nenhuma palavra o fez desistir. Logo cedo ele se preparou para realizar a tarefa, ouvindo ainda os clamores do pai para não usar chicote e segurar os animais nas rédeas. Mais que tudo, o pai dizia que não podia ir rasteiro na terra, nem levantar vôo no céu, senão incendiaria o tudo. O conselho final foi “Voa no meio e correrás seguro”.

(...)


Solange Firmino


Texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Imagem: Faetonte, Johann Liss

sábado, maio 26, 2007

A importância do livro no Brasil do século XXI


O texto abaixo faz parte da antologia "A importância do livro no Brasil do século 21", prêmio para os professores autores das 100 melhores redações enviadas para o concurso de redação realizado pela Academia Brasileira de Letras e Folha Dirigida. Fiquei em vigésimo lugar.


A importância do livro no Brasil do século XXI


Atualmente o acesso à informação é feito de diversas formas, desde o livro eletrônico ao livro impresso. Não é preciso memorizar um livro com medo de que ele suma do mercado. Professores dão aulas com o apoio de livro e bombeiros apagam incêndios.
Mas os bombeiros incendeiam e os professores não têm livros em “Farenheit 451”, livro de Ray Bradbury, escrito na década de 50 e virou filme pelo cineasta François Truffaut na década de 60.

Nas sociedades utópicas dos livros e filmes a sonhada reforma social é realidade. A perfeição é conseguida com a eliminação dos excessos e da propriedade privada. Em “Farenheit 451” o excesso é o livro. Qualquer leitura é proibida e as pessoas vêem televisão com programação controlada.

Quando o controle dessa sociedade ideal é corruptível e a tecnologia que controla as normas criadas para o bem comum é opressiva, temos uma distopia. O bombeiro que queimava livros um dia leu um livro por curiosidade e sua vida mudou. Nada é a mesma coisa quando se conhece.

Em uma sociedade onde os livros são queimados, o conhecimento sobrevive quando há homens que guardam e transmitem o conhecimento. Em “Farenheit 451”, os homens-livro se dedicam a guardar na mente seu livro predileto. Eles se apresentam com o nome e o autor do livro decorado. O conhecimento que os homens carregam é um bem precioso, por isso, sua tarefa era perpetuar a memória dos livros passando o que sabia para os mais jovens.

Uma frase atribuída ao político romano Caio Graco diz "Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas". Em todas as épocas, as sociedades reais ou utópicas temem os livros pela mudança que muitas leituras podem provocar nas pessoas. E são as pessoas que modificam o mundo com seus atos bons e maus. Na mitologia, Prometeu roubou o fogo do conhecimento dos deuses. Na Bíblia, Adão e Eva comeram o fruto da árvore do conhecimento. Fomos todos punidos por esses atos “simbólicos”. O conhecimento é perigoso para a ordem do mundo porque ele pode transformar quem somos e nós transformamos tudo ao nosso redor.

Na Idade Média, o Santo Ofício da Inquisição queimou livros, além de seres humanos, e criou um Índice de livros proibidos. Hoje a Igreja não proíbe abertamente livros polêmicos para sua doutrina, como “O Código da Vinci” de Dan Brown, mas aconselha aos fiéis na verdade sobre Jesus Cristo.

Perdemos livros na destruição da biblioteca de Alexandria e em saques e incêndios durante vários séculos de existência do livro. Não existem mais os livros secretos que podiam contar sobre civilizações desaparecidas e temas como alquimia, magia, ciência e extraterrestres.

Livros sempre foram considerados perigosos, mas muitos sobreviveram depois das guerras, ditaduras e fogueiras. Pessoas foram perseguidas e mortas, bibliotecas foram saqueadas, mas as memórias dos livros e das histórias que os homens viveram sobrevivem de uma forma ou de outra, impressas, manuscritas, em bytes ou na memória daqueles que lembram.

Dos tijolos de barro aos dígitos eletrônicos, o livro tem muita história para contar. Nem sempre as escritas foram em papel, ou tivemos computador para armazenar informações. Os povos antigos usavam materiais disponíveis, como vegetais, animais e minerais. O papel substituiu o pergaminho, os bytes substituíram os manuscritos, as telas substituíram o papel. Os meios audiovisuais são muitos. Os livros de papel perderam a novidade, mas não a importância.

O escritor brasileiro Monteiro Lobato falou sobre a importância do conhecimento produzido pelo homem, armazenado nos livros, quando disse que “um país se faz com homens e livros”. Claro que não são os livros que constroem uma nação, mas os pensamentos, as idéias e vontades dos homens que lêem o mundo, lembremos a citação de Caio Graco.

No Brasil importa mais vender livros e não formar leitores. Programas de leitura distribuem livros para ganhar espaço na mídia. Nesse contexto, é mais urgente que tenhamos não os livros, mas a depreensão dos seus conteúdos. Em um período em que a exclusão digital pode deixar de lado quem não exercer a prática da leitura e escrita, é indispensável atribuir a devida importância ao livro.

Aqueles homens-livro esperam que um dia os livros sejam impressos e que cada um seja chamado para recitar o que aprendeu. O que você tem aprendido? Que livros você tem incorporado? Qual o seu nome? Prazer, meu nome é “Cem anos de solidão”, de Gabriel García Márquez.

Solange Firmino



sábado, maio 19, 2007

Os Ventos


Os astros estão nas alturas do céu, mas abaixo deles há a região de nuvens, onde ficam as tempestades e os ventos. Na mitologia, os ventos eram filhos do Céu e da Terra. Os poetas antigos representavam os ventos como divindades gigantes, inquietas e turbulentas – e para se reconciliar com eles era preciso lhes dirigir preces e sacrifícios.

Homero escreveu que a morada dos ventos era nas ilhas Eolianas – entre a Sicília e a Itália – e seu rei era Éolo, que mantinha os ventos retidos nas cavernas. Se não fosse assim, os temidos prisioneiros varreriam tudo com sua força: os mares, as terras e a abóbada celeste.

Éolo reinava com seus súditos, mas estava subordinado a Zeus. Só podia prender ou soltar um vento sob a ordem do pai dos deuses. Na Odisséia há um episódio que narra como Éolo, por conta própria, entregou a Ulisses alguns ventos para auxiliá-lo quando precisasse na longa na viagem de volta a Ítaca. Os companheiros de viagem de Ulisses abriram imprudentemente o presente e houve uma grande tempestade que destruiu o navio.
(...)

Solange Firmino


Texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.


Imagem: Torre dos Ventos em Atenas, clicada por mim.


sábado, maio 12, 2007

Mês da mães


Leia:
Texto no blog de maio de 2006: "Amor e instinto maternos"
Texto em Blocos online de maio de 2006: "Gaia, a mãe primordial"

Figura: Carl Moroder, interpretação de Klimt


sábado, maio 05, 2007

Musas inspiradoras e protetoras





No mundo antigo, acreditavam que o poeta recebia inspiração para narrar as ações heróicas e as vidas dos deuses. Os poetas eram servidores das Musas, e eles dedicavam a elas uma veneração tão ritual que muitos se diziam profetas. Para eles, a influência de uma musa não era só inspiração, diziam que a própria Deusa cantava através deles. Aos poucos as Musas se tornaram inspiradoras e protetoras de toda forma de arte.

Conta uma lenda que Zeus perguntou aos deuses se faltava algo mais para que o Olimpo fosse perfeito. Os deuses pediram que Zeus criasse divindades que enaltecessem a vitória dos olímpicos sobre os Titãs.

Zeus se uniu durante nove noites a Mnemósine (Memória), que deu à luz as nove Musas, ao mesmo tempo.

(...)

Solange Firmino

Texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online

segunda-feira, abril 16, 2007

Narciso e sua imagem

Na mitologia, os oceanos e os rios eram elementos personificados que tiveram muitos filhos. O rio Céfiso e a ninfa Liríope tiveram Narciso como filho. Como as ninfas também são divindades ligadas à água, Narciso teria atração pela água por causa do pai e da mãe. E na água ele teve seu destino realizado.

Narciso era lindo e desejado pelas ninfas e jovens da Grécia, inclusive pelas deusas. Preocupada com as conseqüências de tanto assédio, sua mãe consultou o oráculo Tirésias, que disse que Narciso viveria muitos anos, desde que não se visse.
(...)

Solange Firmino

Texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Imagem: Eco e Narciso. John William Waterhouse, 1903.


segunda-feira, abril 02, 2007

Hefestos, o deus feio e habilidoso


 O Senhor do Olimpo, Zeus, casou com Hera e os dois tiveram muitos filhos. Hefestos aparece em várias lendas como filho de Hera, que o teria gerado sozinha em desafio ao marido, pai de vários filhos com outras mulheres. Quando falamos que alguém é bonito como um deus grego, certamente não nos referimos a Hefestos, pois, ao contrário dos deuses belos e fisicamente perfeitos, ele era feio e coxo.
 Uma versão da sua deformidade diz que tentou defender a mãe em uma discussão com Zeus e este o atirou do Olimpo. Na versão mais popular, a própria mãe o jogou, envergonhada com sua feiúra. Em qualquer dos casos, ao fim da queda, Hefestos caiu na ilha de Lemnos e ficou mutilado. Salvo pela nereida Tétis e a oceânide Eurínome, Hefestos cresceu enquanto trabalhava nas grutas de Lemnos com ferro, bronze e metais preciosos. 

(...)

Solange Firmino

Texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Imagem: Hefestos com o escudo de Hércules.

terça-feira, março 20, 2007

Um deus da mitologia no teatro


Os deuses cultuados na Grécia antiga tinham vontades e personalidades como as humanas, e muitas das suas características eram ligadas aos elementos da natureza. Um deus especial era Dioniso, cultuado como deus do vinho, da fertilidade e do Teatro.

Não sabemos muito sobre a origem do teatro, mas muito do que já se especulou sobre o assunto levou a acreditar que os elementos que fazem parte da sua história começaram a aparecer nos festivais em honra ao deus Dioniso.

Os antigos gregos faziam em homenagem a Dioniso algo parecido com as procissões que relembram a vida, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Rituais e festas eram realizados contando a história de dor e alegria de Dioniso, como o nascimento conturbado, a destruição pelos titãs e o renascimento.

O culto a Dioniso estava relacionado aos ciclos da natureza e realizado na época da colheita da uva, para agradecer a abundância da vegetação. Abundantes também eram nessas festas o vinho, o canto e a dança. Faziam parte das homenagens frenéticas ao deus os participantes vestidos e mascarados de bode, ninfas e sátiros, relembrando quando Dioniso menino corria pelos bosques acompanhado das ninfas, arrastando seres fabulosos como sátiros, centauros e mênades, entre outros.

(...)

Solange Firmino

Texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.


* Fotografia: ruínas do Teatro de Dioniso em Atenas, tirada por mim.


terça-feira, março 06, 2007

As viagens são o que somos




Meu texto ficou em terceiro lugar no CONCURSO Relatos de Viagem.

Praia ou montanha. Europa ou América. Aprender uma nova língua, visitar parentes, passar férias ou lua-de-mel. As opções são muitas. Algumas vezes nosso desejo de viajar para um lugar depende dos sonhos ou de uma propaganda interessante. Mas pessoas são diferentes e os atrativos procuram agradar a gregos e troianos. Eu fico com os gregos.

Não é preciso muita propaganda para falar da Grécia. Se eu nunca tivesse lido um guia sobre a Grécia, iria do mesmo jeito. Lia sobre roteiros, museus e hotéis para escolher meu tipo de viagem. Daí o título do texto, modificado de uma frase de Fernando Pessoa: “As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos”.

(...)

Confiram:

http://www.sandrasantos.com/blog.htm

Em Blocos online (o relato sem fotos) : Textos premiados


Outros relatos dessa viagem nos links:


Viagem à Grécia parte I
Viagem à Grécia parte II
Mosteiros de Meteora

Outra viagem:

Toronto e Cataratas do Niágara

domingo, março 04, 2007

A mulher guerreira

Os homens costumam dizer que não entendem as mulheres. Provavelmente os homens, e até as mulheres, que não conhecem as deusas da mitologia não entendem mesmo. Há muitos estudos que pretendem conhecer a alma feminina, e muitos deles oferecem características arquetípicas das deusas como fontes dos padrões emocionais dos sentimentos, pensamentos e comportamentos femininos.

Um desses arquétipos é o da guerreira ou heroína, que possui características de bravura e coragem, tão necessárias à sobrevivência no mundo masculino e patriarcal. Atena é a deusa que nasceu guerreira, quando saltou adulta e armada da cabeça de Zeus. Repetindo o comportamento do avô Urano e do pai Crono, que engoliam seus filhos temendo a perda do trono, Zeus engoliu Métis quando estava grávida dele. Depois, com muita dor, Zeus pediu que Hefesto lhe abrisse a cabeça, donde saltou Atena.

Por ter saído da cabeça do deus, o maior poder de Atena era o mental. É o máximo de exemplo da mulher inteligente, de mente lógica e governada pela razão. A deusa da sabedoria era também protetora das artes e trabalhos manuais, um dos motivos pelos quais foi desafiada pela tecelã Aracne, que dizia ser mais perfeita que a deusa. Atena entrou disfarçada em um concurso com Aracne, que mostrou um trabalho impecável ilustrando os amores da Zeus. A deusa ficou brava e o destruiu, induzindo Aracne a se enforcar. Depois a deixou viver como aranha, condenada a tecer para sempre.



(...)



Leia o texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.



Foto: Eu em frente ao Parthenon, templo dedicado à deusa Atena, na cidade de Atenas, Grécia.


terça-feira, fevereiro 20, 2007

O fardo de Atlas


Muitas vezes nos sentimos cansados, como se carregássemos o mundo nas costas, tanto é o peso de algumas dificuldades pelas quais passamos. Mas é só uma sensação, pois o globo terrestre é bem pesado para a nossa frágil coluna. Na mitologia, esse peso foi suportado pelo gigante Atlas, que recebeu a penosa tarefa de Zeus, Senhor do Olimpo.

Zeus escapou de ser devorado pelo pai Crono graças à sua mãe, e cresceu na ilha de Creta. Quando adulto, destronou o pai e travou várias lutas pelo poder, como a titanomaquia, em que Atlas comandou os titãs contra Zeus. Após vencer a luta, Zeus castigou os inimigos e os lançou no Tártaro, a região mais profunda do Hades. O castigo de Atlas foi sustentar a abóbada celeste, por isso sua representação era com o globo terrestre nos ombros.

(...)

Fardo de Atlas

Envergo,
mas não desisto.
Carrego nas costas
o peso do mundo.
Deitam em meu ombro
as mágoas dos homens.
Escorregam pelo corpo
lágrimas
que não são só minhas.
Junta-se ao meu cansaço
o cansaço de muitos.

Solange Firmino


* Leia o texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.


*Imagem: Atlas farnese - cópia romana do original grego do Período Helenístico.

sábado, fevereiro 10, 2007

Quinze minutos de fama


A primeira edição da coluna Orkultural, em Blocos online, aconteceu em setembro de 2005, idealizada pela poeta e webdesigner Christina M. Herrman, uma carioca que vive na na Alemanha. Chris, como é chamada pelos amigos, já estava há vários meses no Orkut com suas comunidades, como “Café Filosófico das Quatro” e “Sociedade dos Pássaros-Poetas”. Na época, eu cheguei a auxiliar por um tempo nesse prazeroso e penoso trabalho de gerenciar tais comunidades, sempre em crescimento.

Em parceria com Blocos Online, Chris criou a “Orkultural”, como ela disse no primeiro texto, que pretendia “trazer aos internautas indicações e novidades das comunidades no orkut, comentários e links para orientá-los nesse novo e crescente universo virtual.”

A comunidade Orkultural concentra as informações de várias comunidades e eventos dentro e fora do Orkut. Os membros comentam e debatem sobre diferentes temas e divulgam informações. Quinzenalmente Chris organiza o que há de melhor e mais importante na coluna que vai para o portal Blocos online.

Não é exagero falar em Universo quando falamos de internet. A cada dia são criados milhares de blogs, cadastros, perfis e fichas virtuais.

Depois de mais de um ano de trabalho, fechamos o ano de 2006 com chave de ouro e Chris divulgou os agradecimentos ao “AcessaSP do Portal do Estado do Governo de São Paulo pela notícia veiculada que aponta a comunidade Orkultural entre as mais construtivas do Orkut.”

Parabenizo Leila e Chris pelo destaque da comunidade Orkultural, também uma coluna em Blocos online, como uma das "comunidades construtivas" e interessantes no Orkut.

Solange Firmino


Visite a página do Café Filosófico das 4 e lá encontrará os links das comunidades citadas acima.


segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Sob o céu de Urano

Quem nunca olhou “pálido de espanto” para o céu estrelado, como nos versos de Olavo Bilac?
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo/ Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,/ Que, para ouvi-las, muita vez desperto/ E abro as janelas, pálido de espanto.../ / E conversamos toda a noite, enquanto/ A Via Láctea como um pálio aberto,/ Cintila.(...)
O homem sempre quis saber por qual motivo vive na Terra. E procurou entender o que os astros fazem acima de nós. Antes de saber escrever, já lia o céu e constatava os fenômenos naturais. Percebeu os movimentos das estrelas, as fases da lua, eclipses, trovões e outros elementos que fizeram com que ele colocasse no céu deuses e fenômenos sobrenaturais.
Nas lições da mitologia grega, o Céu é Urano, o deus primordial que representava o espaço. A Terra, ou Gaia, surgiu do Caos e criou Urano para preencher o espaço vazio sobre ela. Bem mais tarde, quando deixou os mitos de lado, o homem apontou a luneta para o céu e o viu com os olhos da ciência.
(...)
Solange Firmino
Texto completo na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.


domingo, janeiro 21, 2007

A importância do livro no Brasil do século 21


A premiação dos professores autores das 100 melhores redações enviadas para o Concurso de Redação para Professores será no dia 7 de fevereiro. No mesmo dia será lançada a coletânea "A importância do livro no Brasil do século 21", tema das redações dos educadores. O evento ocorrerá na Academia Brasileira de Letras.

Os três primeiros lugares do concurso receberão prêmios em dinheiro. Os 20 primeiros colocados (e eu estou entre eles) receberão uma edição do "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa".

Todos os 100 autores dos textos da coletânea ganharão um certificado, uma coleção de livros editados pela ABL e pelo grupo Folha Dirigida, e uma assinatura semestral da Folha Dirigida online. O concurso foi realizado pela Academia Brasileira de Letras e pela Folha Dirigida.

Solange Firmino


terça-feira, dezembro 19, 2006

O deus-Sol

A deusa Selene percorria o céu em seu carro de prata para iluminar a noite. De manhã era seu irmão, o deus Hélio, que percorria o céu com sua carruagem de fogo, trazendo luz para a Terra. Hélio cumpria essa função bem antes de Apolo ser considerado deus do Sol. Saindo do leste, ao fim do dia Hélio chegava ao oeste e descansava em seu palácio de ouro.

A passagem do Sol pelo céu é um tema que muitas civilizações representaram e cultuaram. Entre os egípcios, Hórus era o deus-Sol, o deus mais importante, adorado como pai do faraó que reinava. Se o faraó reinava na terra, o deus-Sol governava no céu. O faraó Akhenaton criou o culto monoteísta ao Sol, chamado Aton, e o declarou como símbolo do deus único. Os sacerdotes amaldiçoaram Akhenaton e o Egito voltou a ser politeísta após sua morte.

Os povos da Antigüidade conheciam os fenômenos astronômicos, principalmente os que se referiam ao Sol e à Lua, nos deixando os calendários solar e lunar. Umas das peças mais famosas do mundo é a Pedra do Sol asteca, uma espécie de calendário esculpido em um grande bloco de basalto com símbolos que se referem ao Sol.

(...)

Solange Firmino

O texto integral pode ser lido na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Figura: Hélio em sua carruagem.



segunda-feira, dezembro 04, 2006

O deus Pã

Pã não era um deus bonito, seu corpo era uma mistura de bode com homem, além dos chifres. Uma das lendas de seu nascimento dizia que sua mãe Dríope teria ficado assustada ao vê-lo e o abandonou. Outra lenda diz que ele era filho de Hermes, que o levou para o Olimpo, onde era muito querido por ser alegre e festivo.

Sua aparência era motivo de susto entre os que passavam pelas florestas, gerando pânico (nome derivado de Pã) quando aparecia repentinamente para as pessoas. Na luta dos deuses contra o monstro Tifão, Pã foi de grande ajuda, assustando-o com os gritos que causavam pânico.

Pã também era protetor dos campos, pastores e rebanhos. Ele se divertia cantando e dançando com as ninfas, principalmente no cortejo do deus Dioniso. Pã foi considerado como personificação da natureza e representante do paganismo.

Pã teve uma aventura com a ninfa Sirinx, seguidora da virgem Ártemis. A ninfa fugiu de Pã e pediu ao deus das águas do rio que a transformasse em algo que impedisse a violação. Quando a alcançou, Pã abraçou um feixe de juncos. Suspirando, percebeu o som que a haste da planta emitia. Uniu sete tubos e criou o instrumento que seria reconhecido como “flauta de Pã”.

Sobre esse episódio, um trecho do poeta Keats: “E nos contou como, em um dia Sirinx/ De Pã fugiu, temendo, apavorada./ Desventurada ninfa! Pobre Pã!/ Como chorou, ao ver que conquistara/ Da brisa apenas um suspiro doce!

(...)

Solange Firmino

Leia o texto integral na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Imagem: Afrodite, Pã e Eros.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Criando laços

“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.”
[Samba da Benção, Vinícius de Moraes]

Eu já disse aqui que não podemos dizer que a internet afasta as pessoas, quando muitas estão juntas por causa dela. Na ocasião daquele texto, comemoramos durante vários dias o aniversário da Leila Míccolis na sua comunidade no Orkut . Pessoas do Brasil e do mundo estiveram “presentes”em uma festa que só foi possível pelo tipo de encontro que a internet pode proporcionar.
Encontros sempre aconteceram, mas não com a quantidade de pessoas com as quais podemos nos tornar amigas nos chamados “ sites de relacionamento”. Nem com a forma com que fazemos. Não clicamos nas pessoas nas ruas e as adotamos como fazemos na internet. Ninguém entra em um ônibus achando que vai ficar amigo do passageiro do banco de trás ou do motorista. No Orkut as pessoas entram em tópicos que dizem “adicione a pessoa antes de você”. Pode aparecer alguém e dizer “vou adicionar todos vocês desse tópico”. Imaginem a situação no ônibus: “Atenção passageiros, não estou vendendo bala, quero ficar amigo de todos. Aceito MSN , Yahoo Messenger e afins”.
Nas ruas, só vemos as pessoas. Não existe um perfil colado na testa dizendo as qualidades e o álbum de fotos das pessoas. Não temos a mesma coragem de abordar pessoas como temos ao abordar perfis na internet, onde parece natural abordá-las em suas páginas, porém de modo diferente de como conversamos no ponto de ônibus ou no supermercado. Mas a internet também é um espaço público e muito se tem discutido, como falei aqui , sobre quem bisbilhota o espaço alheio sem o mínimo de educação.

(...)

Solange Firmino

* Leia o texto integral na coluna Orkultural n° 30.

domingo, novembro 19, 2006

Quíron, o centauro imortal

Crono uniu-se à ninfa Fílira na forma de cavalo. Dessa união nasceu Quíron, o primeiro centauro. Os centauros tinham tronco e cabeça de homem e o restante do corpo de cavalo. Não eram imortais, porém, por ser filho de um deus, Quíron era imortal.
Os centauros não eram maus, mas muitos tinham fama de violentos, como mostra o episódio que conta seu lado animalesco, a batalha com os lápitas no casamento de Hipodâmia e Pirito. Na festa, um dos centauros estava bêbado e tentou violentar a noiva. Outros centauros tentaram fazer o mesmo e a festa virou uma bagunça, com vários centauros mortos. Nem todos os centauros eram grosseiros, como sabemos pelo exemplo de Quíron.
Abandonado pelos pais, Quíron teve o deus Apolo como o mentor que lhe transmitiu conhecimentos, por isso ficou conhecido também como mestre na arte da medicina. Quíron vivia em uma gruta, que transformou em escola onde educou muitos heróis nos ritos iniciáticos. Vários foram os educadores dos heróis, mas o educador modelo foi Quíron.
(...)
Solange Firmino
Leia o texto na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.

Imagem: Centauro contra os Lápitas, detalhe de uma metopa do Museus da Acrópole.

sábado, novembro 18, 2006

O “arrumador de palavras” Nel Meirelles



Essa expressão foi escrita pelo poeta Nel Meirelles em um bate-papo que tivemos em 2005. Dizia ele que poeta parecia título acadêmico e que preferia se autodenominar “arrumador de palavras”. Em vez de falar dele, acho mais interessante que leiam um pouco dessa conversa.

Esse tópico é uma homenagem ao poeta, que morreu essa semana.


20/8/2005


As palavras

Solange: você levantou uma questão muito interessante. Gramática e liberdade poética.
Não vejo antagonismo entre as duas vertentes. Eu procuro escrever de forma correta, respeitando regras, uso dicionário - se for preciso. Não que eu seja engessado, mas entendo que quando se escreve para que outras pessoas leiam (principalmente no Brasil onde a educação é relegada a plano secundário) de alguma forma há uma contribuição para o conhecimento de quem lê. Tenho cuidado sim de preservar a língua. Essa é uma preocupação primordial em mim.

Por outro lado, não me sinto "dominado" pelas palavras/regras e não permito que me transformem em escravo. Mas também não as escravizo. Digamos que somos sócios nas trilhas da poesia.:) Pode ser que exista uma relação simbiótica envolvida, talvez eu seja realmente um "vampiro", como nesse poeminha:

vampiro

sou inocente
no destroçar
das veias da
poesia

quando escrevo
sangro as palavras
e entrego a
h e m o r r a g i a


Agora, não acho que "licença poética" me permita escrever "nós vai", " a gente semos" e coisinhas assim :)

20/8/2005

Ainda a palavra...

Oi Solange. Concordo inteiramente com meu xará [Manoel de Barros]. Tudo tem seu lugar na poesia e há poesia em tudo. Em qualquer objeto que você veja, vai encontrar certamente poesia.

A "pele de mariposa" é um exemplo sim, assim como outros objetos que existem nos meus poemas. Os objetos são capazes de produzir emoções, logo contém poesia. Um pássaro que voe por entre a folhagem de uma árvore, uma lâmpada apagada em um poste, um barco no mar, uma pipa empoleirada nos fios de eletricidade. A questão é enxergar e tentar transmitir nos poemas essa poesia toda.

Então posso acreditar que a poesia está nas coisas e os olhos dos poetas conseguem enxergá-la. O mesmo posso dizer do berimbau. A liberdade da corda é um canto de poesia. Por mais que o arco tente tolher essa liberdade, não consegue.

Manoel de Barros é o mestre em desinventar objetos e recriá-los com novas funções e novos sentidos. Eu penso mais em "desconstruir" objetos. Quando digo, por exemplo,

viagem

um barco
arrasta
a paisagem


Não é uma função do barco arrastar paisagens, mas desconstruindo-o e reconstruindo dando esta nova funcionalidade, posso arrastar o mundo com ele. Talvez haja uma semelhança entre "desinventar" e "desconstruir", mas o conceito básico é diferente. Tudo pode ser desconstruído, tudo pode ser desinventado. Até mesmo os seres animados.

calix

a gaivota
desenha no meio
do horizonte
o til do não

no sim das montanhas
dormem os pontos
de interrogação



31/8/2005

Sobre autocrítica/direitos autorais


A questão da autocrítica é complicada, a de reconhecer o próprio talento então.. nossa! Falando muito sinceramente eu não estou convencido que tenha isso a que chamam de talento. Me considero - e sempre disse isto - um "arrumador de palavras". Também não gosto de me denominar "poeta" . E confesso que acho o fim da picada quando alguém se assina Fulano de Tal, poeta. Parece um título acadêmico.. rs

O que eu sei é que sou muito mais severo comigo do que com o resto do mundo, Não sei se é o tal do perfeccionismo atuando ou se é o reconhecimento das minhas limitações. E concordo contigo plenamente: é muito mais fácil enxergar talento e qualidade em outras pessoas.

A questão da crítica me é bastante prazeirosa. Gosto de ser criticado. Tenho duas ou três amigas que sempre criticam meus posts no Fala Poética, normalmente por e-mail e sempre achei tudo muito pertinente. É melhor alguém te apontar erros e desacertos do que aplaudir o tempo todo. Mas espera! Gosto e preciso dos aplausos também.. rs sou humano.:)

Voltando à crítica: o que eu não aceito são ataques pessoais. Ou seja, o que escrevo está sujeito a críticas, mas eu enquanto pessoa só posso ser criticado por quem me conhece de verdade, por quem convive comigo, concorda?

E acrescento mais uma coisa que me ocorreu agora: crítica deve ser feita por quem tem conhecimento técnico e/ou sensibilidade artística para tal. Há algum tempo atrás participei de uma lista dessas em que os escritos vem formatados, cheios de luzinhas brilhantes e coisa e tal.

Alguém da lista perguntou assim: "mas isso é poesia? cadê as rimas?". Ou seja... :)

caleidoscópio I

a manhãzinha
é feito ladeira
de pedra
que formiga
nos meus olhos

sou polifônico
de palavras e sopros
do sol de agora

(a música verdeja
lá fora)



Texto publicado também em Blocos online.

Imagem: do blog principal do poeta, Fala Poética.