domingo, maio 02, 2021

Sinestesia



Dissimulo até ser despida pelo desassombro
adio o destino que me sufoca para ontem
tateio a lua a iluminar meu canto
a chuva que toca o chão
a solidão do poente

ofereço minha língua antes do beijo
entre as névoas que alagam meus passos
desencontro o fundo do espelho
sinto o vento que me acaricia
no compasso da borboleta

percebo o toque que cura o enfermo
ouço o silêncio que é a síntese
do perfume da noite
mar lambendo a areia
céu que embala a asa


Solange Firmino


* No livro Diante das marés.
* Para adquirir este livro a R$ 29,90, acesse o site da Caravana Grupo Editorial.


2 comentários:

Himawan Sant disse...

Bela poesia e expressa todos os anseios.

Saudações da Indonésia.

Graça Pires disse...

Adiar o destino. Tatear a lua. Oferecer a língua antes do beijo.
O poema a desenrolar-se entre o mar e o céu, entre as palavras e o silêncio, entre o que se quer e o que se dá.
Tão belo!
Um grande beijo, minha querida Amiga.