domingo, maio 09, 2021

A memória do mar-deserto 


Foi num tempo anterior a essa estação 
que o sertão se fez mar 
desordenou o que era feito para morrer 
os excluídos veneraram as ondas 
amaram as ressacas 
ajoelharam-se embevecidos diante das marés 
catando pela primeira vez as ostras 
agradeceram aos ventos 
antes que viesse mais uma catástrofe 
da eternidade só sabiam a palavra

Solange Firmino


No livro "Diante das marés", Caravana Grupo Editorial.

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3 comentários:

Graça Pires disse...

Este teu poema é de uma beleza e sabedoria extraordinárias.
Cuida-te bem, minha querida Amiga Solange.
Uma boa semana.
Um beijo.

A.S. disse...

Olá Solange,
Excelente Poema!
Um grito que sufoca no meio da tempestade...

Feliz fim de semana
Abraço!

Juvenal Nunes disse...

A natureza cerrada do sertão, abrindo-se num mar pródigo de ostras. Nem sempre os excluídos estão isolados e famintos.
Abraço poético.
Juvenal Nunes