segunda-feira, maio 17, 2021

Vestígios



Aconchego as palavras devagar
antes que fujam no inesgotável silêncio cadente
o poema surge no esboço
no rascunho cansado da memória

exibe cicatrizes no abismo possível
da implacável poesia
antevê os limites insones
do céu esculpido em nuvem
e se afoga no mais remoto cais

como argonauta que vaga a esmo
comete o delito de atravessar sem bússola
o grande mar que é a vida

Solange Firmino


No livro "Diante das marés"



No livro "Diante das marés", Caravana Grupo Editorial.

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4 comentários:

A.S. disse...

Belissimo poema Solange.
Atravessar os dias sem rumo, é caminhar para o abismo.

Abraço!


Juvenal Nunes disse...

Há nesse delito um risco, que é muito perigoso viver.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

José Carlos Sant Anna disse...

Bela travessia, Sol, para desvelar o silêncio à espera de uma voz, à espera do poema.
Abraços,

LuísM Castanheira disse...

palavras esculpidas a cinzel
e da pedra, a memória.
rascunho que a vida forja.
belo.
um beijo