Aqui estão os inícios dos textos da coluna "Mito em Contexto", escritos por mais de 6 anos para o site Blocos online. Também estão alguns poemas dos 7 livros escritos por mim. E também alguns ensaios, haicais e outros textos.
domingo, junho 26, 2022
Refém
domingo, junho 19, 2022
Inverno
sexta-feira, junho 17, 2022
Fuga
sábado, junho 11, 2022
domingo, maio 29, 2022
Do dever
O fardo da montanha é quase tocar o céu
o fardo da nuvem é durar pouco
mesmo quando acaba a chuva
certos encargos são estranhos
pois o fardo da caverna é não conter vento
e o fardo do vento é ser abafado
em espaços muitas vezes minúsculos
o fardo humano é um tormento
pois não sabe se busca por Deus
ou se Deus o habita
Solange Firmino
*Foto por mim em 24/05/2022
segunda-feira, maio 23, 2022
quarta-feira, maio 18, 2022
Novo princípio
I
Aurora
Todos aguardamos o novo recomeço
sua mão na minha
novos abraços
_laços
outros sonhos
_amores
novos tempos
II
Crepúsculo
O tempo suspenso
saberá que o matamos?
Solange Firmino
No livro “Quando a dor acabar”
Foto por mim em 14/05/2022.
terça-feira, maio 03, 2022
Sobre as janelas da tarde [Para Manoel de Barros]
A noite não me diminui
mas eu também ando cheia de vazios
e com os ombros tombados
nós estamos à própria sorte
e nem sabemos o que fazer
para virar poesia!
soldados, mulheres e crianças
alguns ainda rezam
professam esperanças
queria mesmo ver um incêndio de flores
na alma de um bicho
afundar um rio com os pés
escutar a cor dos peixes
perceber como é a grandeza de um som azul
ver nascer a palavra na boca de uma criança
ah! e saber da solidão dos caracóis
e conhecer pelo menos um pouco sobre os rios
os fados morrem todos os dias
nas flores amarelas
e nas outras também
Solange Firmino
*** No livro “Quando a dor acabar”
Imagem: Bonina do meu jardim.
sexta-feira, abril 22, 2022
Revelação
Desencontrei-me nos dias descompassados
perdi pelas rotas justo a parte que era todo mundo
minha parte multidão procura palavras férteis
que me façam existir novamente
mas pondera ou delira no autorretrato
e se assusta com o fantasma sem linguagem
com uma voz que não está
nem aqui nem lá
também tenho outra parte em busca incessante
de cada sílaba imperecível que possa me nomear
uma parte que sabe que não há arte
que traduza a vida
Solange Firmino
* No livro “Quando
a dor acabar” – Quem quiser adquirir, ainda tenho exemplares!
segunda-feira, abril 04, 2022
Vastidão
Aninho-me no que sou
disperso-me onde não me caibo
só para não perder a passagem
há quem prefira tombar o peso à beira do abismo
hastear o corpo sem princípio de eternidade
não olhar para o céu quando as harpias dormem
assim são os homens desse tempo
pessoas de máscaras que se escondem
atrás de suas ideologias
eu escolho verter multidões pelo caminho
meu lugar é impreciso
no horizonte que me devora
mergulho inteira no nome que me salva
mas eu sei que as harpias nunca dormem
Solange Firmino
No livro “Quando a dor acabar”
*Quem quiser, ainda tenho exemplares!
Imagem: Detalhe de vaso grego: Harpias e o adivinho Fineu.
sexta-feira, abril 01, 2022
Dia Internacional do Livro Infantil
Folhagem balança
criançada curiosa
o salto do grilo
[Solange Firmino]
terça-feira, março 29, 2022
Esfinge


quinta-feira, março 24, 2022
Sísifo
Mais um dia desperdiçado
na pedra que rola
escravidão na mesma reta
repetir
repetir
sigo o caminho
sem olhar ao redor
ou por cima dos ombros
sem tempo para fotografias
ou espelhos
nada
o chão escorre sob meus pés
é o começo de um novo dia
devo rolar a pedra
castigo que nunca termina
Solange Firmino
No livro “Quando a dor acabar”.


segunda-feira, março 21, 2022
Erato - Dia Mundial da Poesia
Ouço o que
sussurra a Musa
no silêncio,
no princípio e no fim
do dia.
Fonemas,
palavras, dígitos,
impressões
tatuadas
nos papéis e nas telas.
Poesia, tu és
minha permanência,
meu rastro
pelo caminho
efêmero.
Solange Firmino
No livro “Fragmentos da insônia”.
* Imagem: Na Acrópole de Atenas, Grécia. Erecteion ao fundo, templo consagrado a Atena e Posídon. Fica ao lado do famoso Partenon.
** 21 de março foi escolhido como Dia Mundial da Poesia na XXX Conferência Geral da Unesco, em 1999, para homenagear a poesia, promover a diversidade das línguas e intercâmbio entre as culturas.
quinta-feira, março 17, 2022
Adeus manhãs de verão
Nômade
Decorei meu nome
para andar no sem rumo
dos abismos.
Observei os ventos
que se cruzavam
em desvios sonâmbulos
que estilhaçavam
os espelhos.
Vi as sereias chamando os marujos
nas praias bravas
que se desdobravam
e engoliam navios.
Percebi as sombras nos muros
das noites insones.
Fui cúmplice do brilho das estrelas
e do silêncio deslumbrado
das manhãs de verão.
Solange Firmino
No livro “Geometria do abismo”.
Imagem: Victor Nizotvtsev, "Golden Wave".
segunda-feira, março 14, 2022
Dia da poesia
quarta-feira, março 09, 2022
Haicais - Lena Jesus Ponte
http://lenajesusponte.com.br/
Na cidade, luzes.
Mas vaga-lumes insistem
acesos da gente
Onde o tempo é sempre.
Toca o silêncio do templo
o sino de bronze.
Desapego zen.
A casa vazia habita
a paz do silêncio.
Descansa o momento.
Até mesmo o movimento
encontra repouso.
Quem sabe da morte?
Morna brisa nos convida
a brindar a vida.
Lena Jesus Ponte
segunda-feira, março 07, 2022
Vídeo com leitura de poema
SÉPIA
Nos traços do dia
a palavra fora ou dentro
é impermanente
aguçada como a incandescência da luz
faz um silêncio tão grande
quanto as mãos no copo vazio
ardem na tarde ocasional
as cinzas e seu sopro vistos
através da claridade
na brisa transparente
do rio que vai arranhar o mar
Solange Firmino
terça-feira, março 01, 2022
InComunidade
Leiam esse e outros 2 poemas do meu novo livro na edição de março da revista portuguesa Incomunidade: