sexta-feira, abril 22, 2022

Revelação


 


Desencontrei-me nos dias descompassados

perdi pelas rotas justo a parte que era todo mundo

 

minha parte multidão procura palavras férteis

que me façam existir novamente

mas pondera ou delira no autorretrato

e se assusta com o fantasma sem linguagem

com uma voz que não está

nem aqui nem lá

 

também tenho outra parte em busca incessante

de cada sílaba imperecível que possa me nomear

 

uma parte que sabe que não há arte

que traduza a vida

 

Solange Firmino

 

 

* No livro “Quando a dor acabar” – Quem quiser adquirir, ainda tenho exemplares!

 


4 comentários:

Graça Pires disse...

"em busca incessante de cada sílaba imperecível que possa me nomear". É assim, Poeta, que cada palavra se torna uma revelação, mesmo sabendo que nada pode traduzir a essência da vida, a não ser a própria vida.
Belíssimo poema!
Um beijo, minha Amiga Solange.

A Paixão da Isa disse...

passando para desejar um lindo e feliz fim de semana cheio de saude bjs

Maria disse...

ola bom diaaaa.

J.P. Alexander disse...

Bello y profundo poema. Te mando un beso.