segunda-feira, abril 04, 2022

Vastidão

 


Aninho-me no que sou

disperso-me onde não me caibo

só para não perder a passagem

há quem prefira tombar o peso à beira do abismo

hastear o corpo sem princípio de eternidade

não olhar para o céu quando as harpias dormem

 

assim são os homens desse tempo

pessoas de máscaras que se escondem

atrás de suas ideologias

 

eu escolho verter multidões pelo caminho

meu lugar é impreciso

no horizonte que me devora

mergulho inteira no nome que me salva

mas eu sei que as harpias nunca dormem

 

Solange Firmino

 

 

No livro  “Quando a dor acabar” 

*Quem quiser, ainda tenho exemplares!


Imagem: Detalhe de vaso grego: Harpias e o adivinho Fineu.

2 comentários:

Graça Pires disse...

"pessoas de máscaras que se escondem
atrás de suas ideologias"
Tocas no ponto chave do que se passa com a humanidade.
Este teu poema é muito inspirado e inspirador.
Desejo que estejas bem.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

A Paixão da Isa disse...

passando para desjar uma linda e feliz pascoa bj saude