segunda-feira, setembro 21, 2020

Dia da árvore - 2 árvores, 2 poemas

 

Rua Arthur Bernardes - Catete - RJ

Resisto e sobrevivo
entre o desejo e a fúria,
no caminho novo
de cada dia finito.
Algo me chama no relógio,
chama viva que reclama um novo dia.

Choro, fujo, reclamo,
mas tenho de ressurgir
nos pedaços de tempo
soltos nas cinzas.

Solange Firmino




                                                           Floresta Amazônica, Pará - PA

Aqui o silêncio circunda
as testemunhas verdes
das florestas paraenses

mas podia ser em qualquer lugar
que tivesse árvore

qualquer lugar pode ficar sem paisagem
desde que tenha um ser humano

Solange Firmino


 

sábado, setembro 12, 2020

Alvoroço


Logo serei rochedo nessa hora sempre igual.
Conheço de cor o silêncio nômade,
aprendi a amar meu destino
e soletrar o que procuro.
Carrego nos ombros
o fim e o começo do mundo.
Meu mapa do tesouro
tem a validade do tempo preso à eternidade.
Nunca antecipei o futuro.

Solange Firmino


*Fotografia: Ilha de Paquetá - Rio de Janeiro 

sexta-feira, setembro 04, 2020

Praia do Paraíso

 


Sem demora, invento um barco

que vem no ritmo das marés
Nos rios rasos
há peixes que regressam à tona
mas me demoro com
o destino inventado
esperando outros azuis
Quero a paisagem sem relâmpago
gestos e passos sem âncora
Lutarei como sou


Solange Firmino


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Praia do Paraíso - Mosqueiro, Pará. 
A ilha do Mosqueiro é um distrito de Belém, uma ilha fluvial na costa
oriental do rio Pará, um braço sul do rio Amazonas, em frente à baía
do Marajó.
Possui 17 km de praias de água doce (e morninhas!) com movimento de maré.

segunda-feira, agosto 31, 2020

Devagar



Coleciono asas,
mas nenhuma me pertence.
Guardo-as para um
possível mergulho,
Impossíveis aventuras me sufocam,
apesar da rebeldia.
Juro que nunca quis ser a princesa
dos contos de fada.
Não sou ilha pronta para abarcar.

Então nos meus olhos
recapitulo a coreografia dos ventos;
transcrevo as linhas do deserto
para a pátria.
 
Vou devagar, no encalço arriscado
das aves que voam alto,
em busca da Terra Prometida.
Melhor morrer de cansaço que de solidão.

Solange Firmino

* Foto: Teotihuacán - México

segunda-feira, agosto 24, 2020

Já é quase setembro!

Um poema-deserto
encontra um oásis
no setembro florido

Descobre cores
olores
e o silêncio da semente
rasgando o ventre
da estação repetida

Um poema-fruto
brota nas rugas
do tempo cíclico

Solange Firmino


* Foto da minha irmã Sulla Mino, cidade de Dreiech, Alemanha. Em 16.08.2020

terça-feira, agosto 18, 2020

Mantra

 

O som da palavra
imperecível
essência de palavra
jamais pronunciada
no casulo
despalavra

Solange Firmino 

segunda-feira, agosto 10, 2020

Odisseia II

Sei que me demoro
entre idas e vindas
Sem bússola
cruzo caminhos agitados
de ventos fustigantes

Peregrino nas tempestades
naufrago aqui e ali
mas aprendi a fugir
do (en)canto da Sereia

Busco um porto em ilha intacta
de vez em quando
no poente
de norte a sul
como um sábado de outono

Solange Firmino



*Imagem: Victor Nizovtsev

terça-feira, agosto 04, 2020

Tentando desvelar os tons

Em agosto de 2018 foi publicada uma resenha que escrevi sobre o romance “Borboleta - a menina que lia poesia”, da amiga e escritora Chris Herrmann, no site dela e em alguns outros, como o da Mallarmargens, onde também tenho publicações, aqui
Na época eu não postei o texto em nenhum lugar. Agora, dois anos depois, vou postar aqui o link da Mallarmargens:

sexta-feira, julho 24, 2020

Quem me desafia é a vida!


Não, ninguém me fez 
nenhum desafio 
quem impõe todos os dias 
é a vida
vivê-la até o sumo 
da dor 
do prazer 
do vício 
senão 
ela me leva

Solange Firmino 

23/07/2020

Para a poeta Carla Andrade, que sofre de Fibromialgia, e também para mim, que tenho um tumor no cérebro. E para todas as pessoas que se sentem desafiadas pela vida.

* Tenho visto nos últimos dias muitas fotos em P&B no Instagram com a hashtag "desafio aceito" e resolvi pesquisar. Descobri que:


- é enviado por uma mensagem no inbox de uma mulher para a outra com o pedido: "Tive o cuidado de escolher quem eu acho que vai cumprir com o desafio, mas sobretudo quem conheço que partilha esse tipo de pensamento, entre mulheres existem várias críticas; ao invés disso devíamos cuidar umas das outras. 

Somos lindas do jeito que somos. Publique uma foto sozinha em preto e branco, escrito "desafio aceito" e me mencione. Identifique 9 mulheres para fazer o mesmo, no privado.

Depois disso, as nove mulheres escolhidas devem postar uma foto em preto e branco com a hashtag do desafio. 



Consequentemente, esta mulher também enviará o desafio para outras nove amigas e assim estimulam elas a fazerem o mesmo.

domingo, julho 19, 2020

Boletim da Graça Pires no Alguma Poesia

"...Os meus olhos, é certo, já não têm
a mesma cor que tinham na infância.
Perderam a transparência e o dom
de fitar o sol sem enceguecerem.

Por isso, apenas posso olhar a lua cheia
como fazem os poetas e as bruxas."


Graça Pires

(trecho de "Mulher com chapéu")

* Leiam o maravilhoso Boletim organizado pelo Carlos Machado, aqui em Alguma Poesia.

segunda-feira, julho 13, 2020

VIVA LA VIDA


("Viva la vida" é o nome do último quadro pintado por Frida Kahlo, fiz uma postagem com ele aqui nesse link.)

Museu Frida Khalo ou Casa Azul - Cidade do México. 

Sobre minha cama
de borboletas
no meio da insônia
procuro em vão meu corpo
meus pés exaustos

Em procissão
entram no meu sonho
as cores que amo
os animais
as árvores
as flores

Pintei minha tragédia
de todo jeito
fui dadaísta
surrealista
e nomes que nunca admiti
minha vida foi curta
e dolorosa
mas nunca amei pela metade

Estou livre enfim
para as asas
que me tocam agora*



Solange Firmino



* Referência à frase de Frida Kahlo: “Pés, para que os quero, se tenho asas para voar?” 👣


* Em 13 de julho de 1954 faleceu Frida Kahlo.  

quinta-feira, julho 09, 2020

Espólio


Morri muitas vezes
na infância
mas ainda estou aqui
pois nenhuma vez
foi de morte morrida

Todos os dias sei que
mato a mim mesma
e Samanta
meu outro eu
que não morreu
se escondeu
embaixo da cama
nesse caos
e implora nos retratos antigos
sua sombra
para que possa
se salvar
entre os fragmentos
de sua própria
guerra interior

Solange Firmino
09/07/2020


* Para minha irmã Sulla Mino no seu aniversário

* Samanta é uma personagem que ela matou no fim de um conto.

segunda-feira, julho 06, 2020

Sobre a lápide de Frida Kahlo



Muitos sóis já nasceram e morreram
dia após dia
entre os azuis
verdes
vermelhos
e amarelos
hoje desbotados
da Casa Azul de Frida
A cama com as borboletas
acima de sua cabeça
antes intimidade
agora é peça de museu

Pergunto-me se fazia sol
quando ela se foi
quantas cores se despigmentaram
atônitas
naquele dia
como uma névoa negra

Solange Firmino




Foto: Museu Frida Khalo, também conhecido como Casa Azul - Coyoacán, Cidade do México.

* Em 6 de julho de 1907 comemora-se o nascimento de Frida Kahlo. 

* Para fazer um tour virtual na Casa Azul, entre nesse link.

sexta-feira, julho 03, 2020

Estátua

 No Museo Soumaya, Cidade do México.

(Para "O Pensador", de Auguste Rodin)

Penso em como não fugi
com os pés medrosos
eu tenho medo desse silêncio
em torno de mim
acabei virando
esse corpo imenso
espalhado pelo mundo
e eu nem sábio sou
só quero uma casa
onde possa me acasalar
mas meu corpo é duro
receiam me tocar
aguardarei uma eternidade
nesse castigo
pois nem sangro
encolhido
frio
nu

Solange Firmino



O Pensador é uma das mais famosas esculturas de bronze do escultor francês Auguste Rodin. 

A primeira escultura de "O Pensador" foi terminada em 1902. A original está em Paris, no Museu Rodin.

Mais de vinte cópias da escultura estão em museus em volta do mundo. Algumas das cópias são versões ampliadas da obra original, assim como as esculturas de diferentes proporções.  

Aqui no Brasil, no Instituto Ricardo Brennand na cidade de Recife, há uma versão ampliada da obra.

terça-feira, junho 30, 2020

Manhã de inverno em Copacabana - Rio de Janeiro

Eu de máscara no banco - Copacabana 26-06-2020

Embaixo das árvores
as ricas sombras convidam
pausa matinal

Solange Firmino


(No meu livro "Alguns haicais e mínimos poemas")

domingo, junho 21, 2020

Inverno - haicai

Janela do meu quarto

☁☁☁
As nuvens refletem
branca e espessa neblina
manhã orvalhada

Solange Firmino

sexta-feira, junho 19, 2020

Fim do outono

Foto no meu jardim

Vento leva as folhas
que enfeitam o jardim
lembranças do outono

Solange Firmino

sexta-feira, junho 05, 2020

Dia Mundial do Meio Ambiente



 A plastic ocean - Sony World Photography Awards - 2020 - vencedor da categoria Natureza Morta.🐟

📸 Jorge Reynal (Argentina)

quinta-feira, junho 04, 2020

A solidão é como o vento - Graça Pires

Livro da Graça na minha janela
O livro da Graça Pires chegou num dia nublado e meio chuvoso. Nesse pedaço do meu confinamento, às vezes dá para ver o céu azul:
Vista minha janela
Moro no segundo andar, mas a vista que tenho é dos fundos da parede do Palacete Cornélio, erguido em 1862, e que foi muito maltratado no decorrer das décadas. Está cedido atualmente para uma faculdade de medicina que o deixou em estado de abandono.

Interior Palacete Cornélio, anos atrás
Palacete, anos 50
O meu prédio, de 1934, é aquele duplo ali atrás, o Palacete é esse da frente. Ao lado, que não aparece na foto, fica o Palacete São Joaquim, onde o Papa Francisco fez a Oração do Ângelus na sacada, há poucos anos. Da minha janela até hoje avisto aquela palmeira...
No edifício em frente, do outro lado da rua, morou o escritor brasileiro Mario de Andrade. Nesse bairro onde moro e nessas ruas têm muita história.

Mas vamos voltar ao livro da minha amiga Graça. Gostei de todos, como sempre, mas meu carinho especial vai para o poema abaixo, que tanto achei que combina com a vista da minha janela.


Habitava aquele sítio por engano.
Não era ali o lugar que procurara para viver.
O que o fascinava era o deserto:
a boca viciada pela sede,
o vento ardido no olhar,
a seiva dos cactos infiltrados nas veias.
E, à distância da mão, a linha curva
do poente a incendiar-se de estrelas.
Em momentos da mais magoada solidão,
saem de seus olhos tempestades de areia.
Como se fosse um pranto.
 


Graça Pires


(Em: A solidão é como o vento)


sábado, maio 30, 2020

Poemas aos homens do nosso tempo


Sobre o vosso jazigo
– Homem político –
Nem compaixão, nem flores.
Apenas o escuro grito
dos homens.

Sobre os vossos filhos
– Homem político –
A desventura
do vosso nome.

E enquanto estiverdes
à frente da Pátria
sobre nós, a mordaça.
E sobre as vossas vidas
– Homem político –
Inexoravelmente, nossa morte.


Hilda Hilst. Em: Júbilo, memória, noviciado da paixão (1974).

sexta-feira, maio 15, 2020

O relógio - Cassiano Ricardo

Diante de coisa tão doída

conservemo-nos serenos
Cada minuto da vida

nunca é mais, é sempre menos
Ser é apenas uma face

do não ser, e não do ser
Desde o instante em que se nasce

já se começa a morrer.


Cassiano Ricardo

domingo, maio 10, 2020

Meu 17°dia das mães

Eu e meu filho na Ilha de Paquetá - RJ


Dizem que devemos dar dois presentes aos filhos: raízes para ficar e asas para voar. ‍‍

Como educadora, não tenho intenção de cortar asas, por isso, desde cedo, meu filho está no Escotismo, onde acampa, viaja e faz trilhas longe de mim, o que é inadmissível para algumas mães. ⛺

Como poeta, escrevo sobre o voo de Ícaro, o voo comedido. Antes de voar, aprender a caminhar. E celebrar os passos.👣

Nesta pandemia, o isolamento social nos impede de 
caminhar por aí como antes. 

Gostaria de ver você voar, meu filho.
Esse é o nosso 17°dia das mães juntos. 

Eu te amo, Gabriel. ♥️

quarta-feira, abril 22, 2020

Dia da Terra 2020 - comemorando 50 anos hoje


...Olhando a Terra Bendita verá

que tudo é como é, e livre será:

A Salvação não muda, nem destrói,

jardim, criança ou brinquedo corrói.

Mal não verá, pois este está imerso

não no que Deus fez, mas no olhar perverso,

não na fonte, mas em escolha errada,

e não no som, mas na voz quebrantada.

No Paraíso não estão mais confusos;

criam novo, sem mentira nos usos.

Criarão, é certo, não estando mortos,

poetas terão chamas como votos,

e harpas que sem falta tocarão:

do Todo cada um terá quinhão.


Trecho de Mythopoeia - Autor: J.R.R. Tolkien

Fluxos


Foto da minha janela em 22-04-2020



"Uma pessoa não entra no mesmo rio duas vezes; na segunda vez não é o mesmo rio nem a mesma pessoa"
[Heráclito de Éfeso, 500 a.C.]

Os dias se movimentam
em procissão contínua
águas de Heráclito
nos diferentes rios
relógios nas longas noites
siderais
astros e seus atos
em danças geométricas

Estrelas se formam
a cada instante que
inspiro
respiro
raios de sol tocam
seus acordes
nas frestas dos ventos
que copulam nas asas
dos pássaros
meu filho sorri no
mistério da existência

Silêncio ruído solstício
morte nascimento guerra
gira o mundo
em ritmo novo
repetição
sempre igual

 II

Nasci na entranha antiga
do tempo
pertenço às gerações guardadas
no princípio do mundo
secreto

Trilho o caminho incógnito
que me leva ao destino
que não sei se
é finito
ou perene

É certo que não decifro
a existência hermética
presa aos movimentos
dos equinócios
antes e depois
pulsante vaivém de
ontens
hojes
amanhãs

Pássaro na gaiola,
labirintos me perderam,
quero o fio que
Ariadne deu a Teseu.

Solange Firmino


segunda-feira, abril 13, 2020

Pera, uva, maçã ou beijo na boca? - 13 de abril - dia do beijo

Gustav Klimt - O Beijo

Um rapaz conversa com três moças sem vê-las. Depois de algumas perguntas e brincadeiras, escolhe qual delas beijará. Esse programa acontece em uma emissora de televisão. Mas beijo na telinha não é novidade há anos, novidade é a banalização do beijo.

A moda entre adolescentes é beijar muitas pessoas diferentes em uma só noite, durante as baladas. Pessoas que beijam muito tornam-se ídolos, principalmente se os beijos forem polêmicos, como aqueles protagonizados pelas cantoras Madonna, Britney Spears e Christina Aguilera, que há alguns anos cantaram juntas no palco. Madonna beijou uma, depois outra. Não era carinho, mas autopromoção.

Fora os "selinhos", que os artistas dão para saírem nas capas das revistas, há também o "beijo técnico", que ninguém que não é artista acredita que existe.

Existe mesmo uma grande variedade de beijos com diversos significados, que vão desde o beijo no rosto ao beijo ardente. E muitos já foram classificados em livros que indicam os diferentes tipos de beijo, de acordo com respiração, posição da língua e até salivação - ou baba.

Deve existir nesses livros o beijo infantil, como o que eu dava nas brincadeiras inocentes quando criança. Na minha infância, nos anos 80, revistinhas falavam sobre o primeiro beijo e davam dicas de como beijar. E eu lia muitas, antes de saber que nenhum ensinamento é lembrado na hora fatal.

Mas lembro bem da brincadeira em que "pera, uva, maçã ou salada mista" representavam o que você faria com a pessoa que estava na sua frente: aperto de mão, abraço, beijo ou "todos juntos". Salada mista virou beijo na boca. De olhos vendados, mas nem tanto, com a ajuda do sinal de quem cobria os olhos, era fácil dar um beijo na pessoa que interessava. Essa geração que se empolga com o beijo fácil certamente não se daria mal nos anos 80. 


Bem antes disso, no fim da Segunda Guerra, época retratada no filme Cinema Paradiso, em algum canto da Itália, onde não havia balada nem MTV, um velho cinema era a única diversão dos moradores da vila. Na hora do esperado beijo, a cena do filme era cortada, causando raiva nos espectadores. O padre assistia aos filmes antes e censurava cenas "indecentes" como um beijo. Não vou contar o final para quem não viu, mas o final do filme é uma das cenas mais comoventes a que já assisti, e tem a ver com beijos...

Beijos de cinema são tão famosos quanto beijos de contos de fada, em que princesas como Bela Adormecida e Branca de Neve são acordadas com beijos de belos príncipes, rompendo os encantos das bruxas. Também tem sapo que espera beijo para virar príncipe. Esperado também era o beijo que Judas deu em Jesus Cristo antes de traí-lo.

Entre encantos e traições, o beijo também pode trazer doenças. No beijo há troca de diversas substâncias como água, sais minerais e muitas bactérias e vírus. Alguns desses probleminhas podem ser resolvidos com higiene bucal, tema de famosas propagandas de cremes dentais, feita com filminhos de pessoas se beijando.

Fora as substâncias desagradáveis, bom é que além do prazer que pode proporcionar, beijar pode ajudar a perder calorias, afinal, dizem que um beijo na boca mobiliza vários músculos, além de acelerar as batidas cardíacas, o que faz melhorar a circulação do sangue.

Se você não sente mais aquele calorzinho e o coração acelerar com um beijo, é melhor se apaixonar de novo por outros beijos para não correr o risco de ficar obeso.

Beijos

Solange Firmino

domingo, abril 05, 2020

Haicai - Outono

Ao cair da tarde
as folhas amareladas
são sinais de outono 

Solange Firmino 



No meu livro "Alguns haicais e mínimos poemas".


📸 Folha caída no meu jardim.

domingo, março 08, 2020

Dia da Mulher


Pelo lado mais intranquilo da luz,
há vozes alheias
que me inquietam as mãos.
Um estranho signo
risca-me no ventre
a feminina morte
de todas as infâncias
em que, sílaba a sílaba,
me procurei na mais espessa
das noites, sem medo de emergir
de qualquer sombra.

Graça Pires


(Em: Não sabia que a noite podia incendiar-se nos meus olhos)