sábado, novembro 14, 2020

Insônia

 


A solidão do Céu não cabe nesse verso.

A noite escura sem lua
permeia tudo quanto é distante e solitário.

O céu mudo sopra as palavras que recolho em sua queda:
cacos abstratos dos quais invento minha própria noite.

Invoco, em meio à neblina,        
um canto manso que traduza meu existir em expansão.
O ventre do universo se expande no deserto da noite.

Contraio-me na luz inversa que me recompõe ao dia
para soletrar mais tarde meu cansaço.
Para onde vão os versos não escritos?

Solange Firmino 

Um comentário:

Graça Pires disse...

Inventar a própria noite para nela soletrar o cansaço das palavras que se perderam durante a insónia... Gostei muito, Solange.
Uma boa semana.
Cuida-te bem.
Um beijo.