sábado, agosto 02, 2025

34 anos da minha primeira publicação

 (...)


A vida é sempre recomeço
ainda que não sejamos humanos
o suficiente (ou humanos demais)
para aceitar o fim das coisas.

Solange Firmino



Última estrofe do "Poema para Ednês", um dos 4 poemas que estavam no Jornal Fanzine Urbana, que eu participei em agosto de 1991, há 34 anos!




sexta-feira, julho 25, 2025

Clássica


O que perdura eu canto

o que escapa também
o tempo decadente e o próspero eu canto
no sem-nome eu espreito
esperando o lirismo nos nascedouros
nas entrelinhas da Criação

nas vias tortas
de pernas para o ar
a fonte da Poesia reinventa minha voz
matéria-prima que não se recompõe
como a vida

Solange Firmino 


Imagem: Por mim, colar egípcio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que pegou fogo em 2018.

quarta-feira, julho 16, 2025

Reverso

Enquanto alguém lê Platão
em determinado lugar
borboletas pousam nas flores
acúleos se fazem nos caules das plantas
antes que chegue a manhã
algum mundo se finda
cada um no seu tempo

>>> cada vez mais acelerado >>>

vegetais continuam nascendo e morrendo
assim como humanos e animais
algum outro lê a Bíblia
antes que o mundo acabe

até lá, a lib3rdade será relativa:
há uma lista de coisas corretas
que podem ser ditas
pessoas certas para amar 
e uma infinidade de amarras do mundo atual

Solange Firmino




Foto: por mim na Glória. 

sexta-feira, julho 04, 2025

Temporal


A sede que implora a chuva
ignora o horizonte nas sombras
quando a frágil gota brota
no alvoroço da tempestade
desorienta as névoas

o sopro do vento agita a solidão lá fora
no cais os barcos balançam
mas não tenho medo
da previsão meteorológica
não quero decretar o fim do inverno
gosto dos dias nublados

quando a gaivota pousa
na manhã morna
eu amanheço pacífica

Solange Firmino 

terça-feira, maio 20, 2025

Confissões


                                                                             


Abraço as páginas rasuradas do meu diário
dói-me a espera na recordação angustiante do beijo

o silêncio corta as palavras
ouço o chicote nos pecados
envergo-me com o açoite
arrasto-me deixando pegadas
e me afogo com a sede no deserto

recolho as ausências e me cubro
com o contorno das nuvens

como as pétalas que aguardam o beija-flor
GIRASSOL buscando a luz


Solange Firmino 


Imagem: Girassol do meu jardim.





terça-feira, março 18, 2025

Haicai de verão

 




Tardes de verão:
as boninas coloridas 
criam cores vivas

Solange Firmino


📷  Boninas do meu jardim em março. Verão de 2025.

quarta-feira, fevereiro 05, 2025

Meu aniversário



Para quem não sabe, hoje é meu aniversário. Há 1 ano eu recebi alta da segunda cirurgia e vim embora sem andar, sem bolo, mas viva, o que é mais importante!

Na primeira cirurgia, há 12 anos, eu passei mal no dia 04/02, e cancelei meu bolo direto do hospital, pois fiquei internada. 

Esse bolo lindo e gostoso da Santo Favo é só um símbolo desses bolos que eu não tive. E quem me conhece, sabe que eu adoro bolo.



REVELAÇÃO                                 
    
Desencontrei-me nos dias descompassados
perdi pelas rotas justo a parte que era todo mundo

minha parte multidão procura palavras férteis
que me façam existir novamente

mas pondera ou delira no autorretrato
e se assusta com o fantasma sem linguagem
com uma voz que não está
nem aqui nem lá

também tenho outra parte em busca incessante
de cada sílaba imperecível que possa me nomear
uma parte que sabe que não há arte
que traduza a vida


Solange Firmino 

sábado, fevereiro 01, 2025

Um ano de cirurgia!

 



Hoje completa 1 ano que operei pela segunda vez. 

O título do poema sugere o quanto eu caí e meu filho me levantou. 

Fraturei várias partes do corpo, levei pontos na cabeça; então o neuro me internou até a data da cirurgia. 

Quem me conhece, sabe pelo que passei e como estou. O resto não importa.

● REMENDOS ●

Como sou breve,  
já me confundo 
quando invento
um tempo para o descanso.

Mas ainda tenho um pouco 
de memória para a impermanência. 

Solange Firmino


📷 Museu da República, 01.02.2025   

quinta-feira, janeiro 30, 2025

🌼 A sabedoria dos poemas

O poema aprende cedo

mal nasce e já escreve

sobre amor e catástrofes

punhal e seda

flor e abismo


bem novo e já tem memória vivida


o poema entende da morte

mas não morre de velhice


para saber tanto sobre o mundo

o poema dorme tarde


Solange Firmino


📷 Flor do meu jardim

sexta-feira, janeiro 03, 2025

Haicai


Os traços do pólen
na miragem da existência
da corola fértil

Solange Firmino




 Imagem: Fotografia tirada no Inca Voluntário - 
03/01/2024