domingo, junho 11, 2023

Ego


Tudo é metamorfose

mudança ou metáfora

de alguma coisa

o que está acima

vestígios de poeira cósmica

o que está no fundo

cacos de naufrágios

e na superfície o amor

que nos deixa

na corda bamba


Solange Firmino


Imagens: Corações incidentais fotografados por mim durante o ano.



3 comentários:

Graça Pires disse...

Entre a poeira cósmica e os cacos, talvez o amor, sim. Por isso nos tornamos funâmbulos para suportarmos as nossas próprias vertigens.
Que belo poema, minha Amiga Solange!
Tudo de bom.
Uma boa semana.
Um beijo.

Juvenal Nunes disse...

Tudo o que testemunhamos e vivenciamos, acrescenta-nos sempre algo mais com que passamos a dispôr.

Aproveito o ensejo para a convidar para:

2º HOMENAGEM AOS SANTOS POPULARES

Abraço de poética amizade.
Juvenal Nunes

Luís Palma Gomes disse...

Boa noite, Solange

Quando descreve uma camada superior e outra inferior, ligando esses estratos a dimensões geológicas, o leitor é levado para uma dimensão telúrica. Quando chega o amor, porém, e atentando ao título do poema "Ego" abre-se uma nova chave de leitura. O Id, o ego e superego. E é realmente no Ego que reside o amor, porque no Id se solta a mera pulsão carnal e no superego se instalam outros interesses impuros.

Gostei.

Beijinho,