“...Da tocaia o
filho
alcançou com a mão
esquerda, com a destra pegou a prodigiosa foice
longa e dentada. E do
pai
o pênis
ceifou com ímpeto e lançou-o a esmo
para trás. Mas nada inerte escapou da mão:
quantos salpicos respingaram sanguíneos
a todos recebeu-os a
Terra;
com o girar do ano
gerou as
Erínias
duras, os grandes
Gigantes
rútilos nas armas, com longas lanças nas mãos,
e
Ninfas
chamadas Freixos sobre a terra infinita.
O pênis, tão logo cortando-o com o aço
atirou do continente no undoso mar,
aí muito boiou na planície, ao redor branca
espuma da imortal carne ejaculava-se, dela
uma
virgem
criou-se. Primeiro Citera divina
atingiu, depois foi à circunfluída Chipre
e saiu veneranda bela Deusa, ao redor relva
crescia sob esbeltos pés. A ela. Afrodite
Deusa nascida de espuma e bem-coroada Citereia
apelidam homens e Deuses, porque da espuma
criou-se e Citereia porque tocou Citera,
Cípria porque nasceu na undosa Chipre,
e amor-do-pênis porque saiu do pênis à luz.”
[Teogonia de Hesíodo - estudo e tradução de Jaa
Torrano; trecho do nascimento de Afrodite]
Na
Ilíada
de
Homero,
Afrodite
era filha de Zeus e Dione. Outro mito de origem da deusa foi mais
popular e narrado na Teogonia de
Hesíodo.
Seu nome significa 'saída da espuma' e, como notamos nos versos acima, o
fato se deve ao seu nascimento na espuma das águas, no local onde
caíram os genitais cortados de
Urano,
que, no momento de deitar-se sobre a
Terra,
foi mutilado por
Crono.
Após o nascimento, conforme o poema, a deusa fora levada pela espuma
das ondas para Citera, depois Chipre, onde as
Graças
a embelezaram e ungiram.
(...)
Solange Firmino
Publicado na coluna Mito em Contexto. Leia o texto integral
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