domingo, julho 10, 2022

Casa de conchas - Lília Tavares

 


Das conchas tão pouco sei: redondas,
quebradas, esvaziadas dão-se ao areal.
Das árvores conheço intensamente
a dor profunda das manhãs.
Dos homens creio tudo ignorar, poemas
incertos com que se teceram as paixões.
Cubro com fumo espesso a velada ternura
da madrugada. A luz aclarada da janela
já aluou os meus olhos há muito.
Num rasgo rubro do poente há-de chegar aquele
que aguarda sereno o meu apelo etéreo.

Lília Tavares

In: Casa de conchas. Modocromia, 2022, p. 69.

Para assistir no YouTube: LINK









Obs.: As conchas das fotos são da minha coleção.

4 comentários:

Juvenal Nunes disse...

Poema muito belo que não deixa dúvidas sobre a valia da autora.
Parabéns pela escolha e pela partilha.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

Graça Pires disse...

Muito carinhoso da tua parte leres um poema da Lília desse livro lindíssimo que é "Casa de Conchas". Excelentes as fotografias. O poema escolhido é realmente inspirador.
Tudo de bom para ti, minha querida Solange.
Uma boa semana.
Um beijo.

Jaime Portela disse...

Gostei do poema que escolheu da Lília Tavares.
E também da forma serena como o disse.
Bom fim de semana, querida amiga Solange.
Um beijo.

Tais Luso de Carvalho disse...

Muito belo poema de Lília Tavares,
tua declamação está muito bonita!
Gostei dessa postagem!
Um feliz fim de semana, beijinho Solange.