quarta-feira, setembro 20, 2006

A eterna juventude das ninfas

No texto “O Inverno e a renovação necessária” há uma introdução sobre a associação do mito de Deméter e Perséfone com as estações do ano. Essas deusas representavam a transformação da natureza e seu surgimento cíclico. Outros mitos também se relacionam com as estações do ano. Falando especialmente da primavera, muitas das suas representações estão associadas às ninfas.

As ninfas eram cultuadas como divindades, mas não eram imortais, nem moravam no Olimpo com os deuses. Elas habitavam na natureza, em todas as suas manifestações, como grutas, árvores, mares, lagos, bosques, montanhas, e recebiam denominações de acordo com a origem ou o local em que ficavam. Assim, entre várias ninfas, as Náiades eram as ninfas dos riachos; as Oceânidas eram filhas de Oceano e Tétis; as Nereidas eram filhas de Nereu e Dóris. Cada ninfa também tinha um nome próprio. Entre as Nereidas destacaram-se Tétis e Galatéia. As Melíades nasceram do sangue de Urano , eram as ninfas dos freixos, a árvore da vida entre os escandinavos, sagrada e indestrutível.

As ninfas eram sempre representadas como mulheres jovens e bonitas, tiveram muitos amores e geraram filhos famosos, como Aquiles, herói da guerra de Tróia, filho de Peleu e da ninfa marinha Tétis; e Orfeu, filho de Apolo com a ninfa Calíope.

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Solange Firmino

Leia o texto na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.



*Imagem: detalhe da Primavera de Botticelli.

terça-feira, setembro 12, 2006

De quanto espaço você precisa?

Quandos estudamos variadas culturas, um aspecto importante é o modo como os habitantes de um lugar organizam as casas. Iglus, ocas, cabanas, casas de palha, casas de alvenaria, casas pré-fabricadas, entre outros tipos, parecem dizer algo sobre o funcionamento das sociedades, como o que pensam os habitantes sobre beleza, conforto e funcionalidade. A distribuição habitacional também pode dizer que parte da população é pobre e não tem alternativa a não ser morar em casas amontoadas em favelas ou nos sertões sem emprego, alimentação, educação e saúde.


Na internet circula um texto que fala sobre a população do planeta e seus mais de seis bilhões de habitantes. Se a população fosse reduzida a cem pessoas, mantendo as proporções de todos os povos que existem no mundo, por exemplo, cinqüenta e sete seriam asiáticos e oitenta viveriam em casas sem condições higiênicas. Mas quantas dessas casas seriam tão minúsculas para abrigar uma família de sete pessoas e um cachorro?

Há revistas especializadas em mostrar arquiteturas de casas modernas, há revistas que mostram as mansões luxuosas dos artistas. Como os artistas que fazem pose e exibem seus milhares de metros quadrados, lá estava Helenita na sua casinha. Não estava em nenhuma dessas revistas, mas no jornal O Estado de São Paulo, pelo fato de ser “estranha” e virar ponto turístico em uma cidade com doze mil habitantes na Bahia.

A casa de Helenita tem uma cozinha, duas salas, três suítes e varanda, tudo “normal”, se não tivesse dois metros de largura e ainda servir de moradia para ela, três filhos, marido, irmã, mãe e cachorro. Helenita ainda fala sobre os planos para uma cobertura, já que pediu ao pedreiro que fizesse uma boa fundação, assim como aquela que o terceiro porquinho fez e o lobo mau não derrubou. A casa não lembra nem de longe as casas desajeitadas dos outros porquinhos, a casa de Helenita é arrumada, limpa, caprichada e confortável, pelo menos para quem não sofre de claustrofobia.

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Solange Firmino

Leia o texto integral aqui, em Blocos online.

sábado, setembro 09, 2006

Orkut é Cultura

Uma pergunta que faz parte da conversa entre pessoas que acabam de se conhecer e até das que já se conhecem é "Você tem Orkut?". Eu não tenho mais Orkut, o que é motivo de decepção para muitas pessoas, principalmente meus alunos "xeretas".

Não tenho porque já sei o que é, participei como dona de comunidades, amiga e inimiga, anônima e e eu mesma. Tive na minha lista de amigos pessoas com quem nunca disse oi e pessoas que ainda são amigas. Gostei e desgostei, não serve mais para o meu dia-a-dia, nem meus objetivos, mas mantenho um vínculo com a coluna Orkultural desde o início.

Orkultural foi a palavra que Chris Herrmann, a idealizadora da comunidade no Orkut e da coluna em Blocos online, criou. Para muitos, é uma afronta unir Orkut e Cultura na mesma palavra. Se cultura é tudo que nos cerca, por que não? Se o Orkut nos cerca tanto, por que não?

É difícil definir cultura, acho mais aceitável quando dizem que toda produção humana faz parte da cultura e todo ser humano tem cultura, embora digam que há pessoas que não têm e inventam níveis de cultura, como cultura superior ou inferior, pseudocultura, lixo cultural e outros adjetivos que fazem com que nos tratemos de forma diferente. Excluímos o outro e o colocamos na denominação de lixo, enquanto alguns privilegiados ficam com a denominação de elite cultural.

Uma das denominações da cultura é estar na maneira de pensar, sentir e agir da humanidade. Quando há interação e construção de símbolos, padrões de comportamento e outros valores que consolidam as ações de um grupo, ele não poderia estar inserido no que se chama de cultura? E se esse grupo influencia outros, não é mais uma característica cultural? Não dá mais pra negar que o Orkut faz parte da cultura digital e que ele influencia o comportamento dos usuários, dentro e fora da internet.

Os espaços de convivência social são benéficos para a cultura. O Orkut está inserido no nosso espaço simbólico, social e cultural. As relações estabelecidas nos grupos vão formando nossa identidade cultural no mundo on-line. Muito já se discutiu sobre traição, figuras anônimas, racismo e tantos elementos que fazem parte desse mundo, como comunidades impróprias, como se fora da tela não estivessem as mesmas pessoas que participam delas. Então, que se aproveite esse espaço para discutir, investigar e acabar com esses problemas.

O que é relevante para uns, pode ser "lixo" para outros, assim definimos nosso modelo de cultura, nos aproximando pelas preferências, nos excluindo pelas preferências. Seria bom que respeitássemos as diferenças e, pré-conceitos à parte, o Orkut está sendo responsável por grande parte da discussão sobre lixo cultural. Para nós, Orkut e cultura podem andar juntos sim, e viva a Orkultural!

Solange Firmino


EDIÇÃO ESPECIAL – PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA ORKULTURAL

Blocos online


*Imagem criada por Chris Herrmann

domingo, setembro 03, 2006

Torres vulneráveis


Atualmente podemos viajar para vários cantos do mundo e visitar igrejas lindas com suas torres apontando para o céu, como a Sagrada Família, em Barcelona. Podemos fotografar monumentos como a Torre Eiffel, em Paris; o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque; o Big Ben, em Londres, e a Torre inclinada de Pisa, na Itália. Mas nem se essa torre inclinada cair (sozinha), e já provaram que é difícil, conseguirá ser tão marcante quanto a queda dos dois edifícios chamados World Trade Center ou Twin Towers, as Torres Gêmeas de Nova Iorque.

Tão marcante foi o fato que a data da queda das Torres Gêmeas virou substantivo, o “Onze de setembro”. Fato e data são lembrados todos os anos com a perplexidade e a dúvida sobre o que simbolizavam aquelas torres para nós, do século XXI, e quais os idealizadores e os reais motivos de sua destruição.

Além dos monumentos citados, não podemos, entre os que resistem, visitar a famosa Torre de Babel, mencionada no livro de Gênesis, da Bíblia, construída com o intuito de alcançar o Paraíso. O castigo mandado por Deus foi a confusão entre as línguas dos seus construtores. Se houve a pretensão de unir a todos em uma mesma língua ou mesma ideologia, o que tentamos fazer hoje com a globalização, veio a resposta que isso não é possível. Mas ainda construímos torres.

Em um conto infantil, a bruxa prendeu Rapunzel em uma torre, mas o príncipe subiu pelas suas longas tranças. Na mitologia grega, o rei Acrísio prendeu a filha Dânae em uma torre, mas não por muito tempo.

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Solange Firmino


Leia o texto na coluna Mito em Contexto em Blocos online.