terça-feira, março 29, 2022

Esfinge

 


Decifra meu enigma
e toda a essência
por trás do verso.
Segue pela trilha do poema
e revela a metáfora escondida.
Repousa sem tédio
no meu ritmo.
Descobre o segredo que habita
onde me esquivo,
onde a pergunta é só disfarce,
reverso.
Se me escondo,
é para devorar melhor.
Solange Firmino

📕 No livro 'Fragmentos da insônia'.

Quem quiser ler um texto que escrevi sobre a esfinge, vem nesse link, onde dá para ler outra versão desse poema.

📸 Por mim no Museu Arqueológico de Delfos.
Esfinge de Naxos - Estátua de mármore do Santuário de Apolo.
Da coluna original de 10m, resta esse capitel jônico.

quinta-feira, março 24, 2022

Sísifo

 



Mais um dia desperdiçado
na pedra que rola
escravidão na mesma reta

repetir
repetir

sigo o caminho
sem olhar ao redor
ou por cima dos ombros
sem tempo para fotografias
ou espelhos
nada

o chão escorre sob meus pés
é o começo de um novo dia
devo rolar a pedra
castigo que nunca termina

Solange Firmino



📕 No livro “Quando a dor acabar”.


📸 Pedra de Santo Antônio, em Fagundes, Paraíba - famosa pela tradição que diz que quem passar por debaixo dela três vezes, consegue pretendentes a casamento. Eu não passei nenhuma vez!

📄 Escrevi anos atrás esse texto sobre o mito de Sísifo



segunda-feira, março 21, 2022

Erato - Dia Mundial da Poesia

 


Ouço o que sussurra a Musa

no silêncio, no princípio e no fim

do dia.


Fonemas, palavras, dígitos,

impressões tatuadas

nos papéis e nas telas.


Poesia, tu és minha permanência,

meu rastro pelo caminho

efêmero.

Solange Firmino


No livro “Fragmentos da insônia”.



* Imagem: Na Acrópole de Atenas, Grécia. Erecteion ao fundo, templo consagrado a Atena e Posídon. Fica ao lado do famoso Partenon.

** 21 de março foi escolhido como Dia Mundial da Poesia na XXX Conferência Geral da Unesco, em 1999, para homenagear a poesia, promover a diversidade das línguas e intercâmbio entre as culturas.

quinta-feira, março 17, 2022

Adeus manhãs de verão

 


Nômade

Decorei meu nome
para andar no sem rumo
dos abismos.

Observei os ventos
que se cruzavam
em desvios sonâmbulos
que estilhaçavam
os espelhos.

Vi as sereias chamando os marujos
nas praias bravas
que se desdobravam
e engoliam navios.

Percebi as sombras nos muros
das noites insones.
Fui cúmplice do brilho das estrelas
e do silêncio deslumbrado
das manhãs de verão.

Solange Firmino



No livro “Geometria do abismo”.

Imagem: Victor Nizotvtsev, "Golden Wave".

segunda-feira, março 14, 2022

Dia da poesia

 


A poesia me escreve
eu escrevo poesia
samsara nas mãos

Solange Firmino


O dia nacional da poesia era inicialmente em 14 de março, aniversário de Castro Alves.  

A partir de 2015, foi sancionada a lei 13.131, que mudou a data para o aniversário de Carlos Drummond de Andrade, em 31 de outubro.

Ah! Ainda tem o dia mundial da poesia, em 21 de março.

Mas, para o poeta, todo dia é dia de poesia! 

quarta-feira, março 09, 2022

Haicais - Lena Jesus Ponte

 


Minha amiga e haicaísta Lena Jesus Ponte publicou digitalmente um livro com cem haicais.

Pode ser acessado no link: 

http://lenajesusponte.com.br/vidrilhos


🌇
Na cidade, luzes.
Mas vaga-lumes insistem
acesos da gente

🔔
Onde o tempo é sempre.
Toca o silêncio do templo
o sino de bronze.

🏮
Desapego zen.
A casa vazia habita
a paz do silêncio.

♾
Descansa o momento.
Até mesmo o movimento
encontra repouso.

🥂
Quem sabe da morte?
Morna brisa nos convida
a brindar a vida.

Lena Jesus Ponte

segunda-feira, março 07, 2022

Vídeo com leitura de poema


 O poema Sépia não é novo aqui, mas o poeta Fábio Pessanha, que escreveu a orelha do do meu livro 'Quando a dor acabar', postou um vídeo da leitura do poema. 

Fábio Pessanha, além de várias coisas, é doutor em teoria literária, mestre em Poética, escreveu 'A forma fugaz das mãos' e assina a coluna “palavra: alucinógeno”, na Revista Vício Velho.


SÉPIA

Nos traços do dia
a palavra fora ou dentro
é impermanente
aguçada como a incandescência da luz

faz um silêncio tão grande
quanto as mãos no copo vazio

ardem na tarde ocasional
as cinzas e seu sopro vistos
através da claridade
na brisa transparente
do rio que vai arranhar o mar

Solange Firmino

terça-feira, março 01, 2022

InComunidade



Leiam esse e outros 2
poemas do meu novo livro na edição de março da revista portuguesa Incomunidade:


Gênese das ondas

Soletro na margem a palavra rio
e o voo na curva do céu
onde surgem pássaros
assopro de leve
e se faz correnteza
mas o rio escapa e não volta

não basta adiar o destino do rio fazendo desvios
a água sempre deseja voltar à fonte
dor de tudo atravessar até voltar ao mar

Solange Firmino