domingo, novembro 21, 2021

Apresentação do meu livro "Diante das marés" pela poeta Graça Pires

 


Deixo-me surpreender pela linguagem da memória, dos ritmos da vida que impiedosamente nos arrastam, do tempo que vivemos e que vamos construindo. Da eternidade só sabiam a palavra, diz-nos Solange sobre os que se ajoelham embevecidos diante das marés. Ao longo do texto vão sendo recuperados instantes suspensos, capazes de fazer durar o que é precário e resgatá-lo do curso continuado do tempo. Inacabados que somos, nascemos inúmeras vezes dentro de nós. Podemos olhar tudo como se fosse a primeira vez. É então que surge a palavra. Impermanente. Cúmplice. Unha afiada. Punhal e seda. Abismo e vertigem. Escarpa na violência das marés. A autora sabe os caminhos da água, mas espera que a sede lhe rebente na boca, até descobrir, na terra, o nome que é seu e deixar que as águas lhe cheguem aos olhos para que, límpidos, possam ver as estrelas e a sua eternidade. Também de inquietude se faz esta poesia, apresentando contornos que se movem entre a luz e a sombra, entre o afirmado e o não dito com palavras indissociáveis, umas completando as outras, ou mutuamente se entrelaçando."

Graça Pires


Diante das marés/Solange Firmino. Belo Horizonte: Caravana, 2021.


Para comprar o livro, siga esse link, ou entre em contato comigo.


*Minha amiga, a poeta Graça Pires está fazendo aniversário hoje, 22/11. Visitem e sigam seu blog.

quarta-feira, novembro 03, 2021

Das quedas



Se acaso eu cair
que seja de um tsuru
de anatomia leve
e que esteja jovem
(porque é um pesar ser eterno)
não dá para sofrer melhor
mesmo tendo sete vidas

você não entende de línguas
eu não entendo dos movimentos
das caravelas no mar
mas gostamos de pés descalços na areia

Solange Firmino



* Para a poeta Carla Andrade, em homenagem ao seu livro 
"Ando caindo cada vez mais leve", nas minhas mãos.