segunda-feira, agosto 31, 2020

Devagar



Coleciono asas,
mas nenhuma me pertence.
Guardo-as para um
possível mergulho,
Impossíveis aventuras me sufocam,
apesar da rebeldia.
Juro que nunca quis ser a princesa
dos contos de fada.
Não sou ilha pronta para abarcar.

Então nos meus olhos
recapitulo a coreografia dos ventos;
transcrevo as linhas do deserto
para a pátria.
 
Vou devagar, no encalço arriscado
das aves que voam alto,
em busca da Terra Prometida.
Melhor morrer de cansaço que de solidão.

Solange Firmino

* Foto: Teotihuacán - México

Um comentário:

Graça Pires disse...

Voar bem alto como as aves até que se perca a sombra que nos persegue. Sim, é melhor morrer de cansaço do que de solidão. Por isso estudas os ventos para que as tuas asas aguentem a travessia do deserto e do oceano... Excelente, minha querida Amiga Solange!
Um beijo meu.