O tempo atravessa o mundo,
avança pelos detritos,
rasga o espaço e chora no ombro da noite
seu cansaço de insônia.
O tempo atravessa o mistério
das perguntas gastas
e o meu coração que bate fértil e materno.
O tempo atravessa a solidão humana,
tão indizível que nem cabe no verso.
Que é deserta e sem nome, insone e surda
O tempo
Em seu nascer-morrer sem fim nem começo,
atravessa o sol de outono
e o azul e frágil céu dos deuses.
Os deuses atravessam o tempo
e as fronteiras nuas das estrelas.
Ei-los, obscenos,
criando o Homem e o Universo.
Solange Firmino
*Lua vista da minha janela em 02/10/2020
Um comentário:
Um poema cheio de lucidez sobre o mundo por onde o tempo passa tão rápido que estonteia.
"O tempo atravessa a solidão humana,
tão indizível que nem cabe no verso.
Que é deserta e sem nome, insone e surda". Magnífico!
Cuida-te bem minha Amiga Solange.
Um beijo.
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