domingo, junho 19, 2022

Inverno

 


O vento do outono
abraça a nova estação,
que chega com sua
ordem de recolhimento.

Como em um rito,
novos rumos se fazem
no casulo dos dias
à espera dos ciclos
das estações.

No rastro das névoas,
os sonhos não nascidos
escondem-se.
A vida lateja no
cortejo de ideias submersas.

Palavras extremas
aguardam o movimento
de fuga no vento,
ninho das ideias.

Há um poema intacto
no caminho do tempo
que aguarda o inverno,
mas só renascerei
na primavera.

Solange Firmino


* Fotografia por mim em 18/06/2022, no Museu da República. 
Céu alguns segundos antes de chover.


4 comentários:

Jaime Portela disse...

O seu "ninho de ideias" poéticas é notável.
Porque as suas poesias contêm quase sempre ideias originais.
Resumindo, achei o seu poema excelente.
Boa semana, amiga Solange.
Um abraço.

Graça Pires disse...

Há um poema intacto em cada palavra com que escreves o sentimento de amor à vida.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

Luiz Gomes disse...

Bom inverno com muita paz e saúde minha querida amiga Sol. Uma excelente terça-feira.

Juvenal Nunes disse...

A nossa vida não se compadece com as diferentes estações do ano, tal como o nosso ciclo de vida não se compadece com o nosso gradual envelhecimento biológico. É a vida.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes