A noite não me diminui
mas eu também ando cheia de vazios
e com os ombros tombados
nós estamos à própria sorte
e nem sabemos o que fazer
para virar poesia!
soldados, mulheres e crianças
alguns ainda rezam
professam esperanças
queria mesmo ver um incêndio de flores
na alma de um bicho
afundar um rio com os pés
escutar a cor dos peixes
perceber como é a grandeza de um som azul
ver nascer a palavra na boca de uma criança
ah! e saber da solidão dos caracóis
e conhecer pelo menos um pouco sobre os rios
os fados morrem todos os dias
nas flores amarelas
e nas outras também
Solange Firmino
*** No livro “Quando a dor acabar”
Imagem: Bonina do meu jardim.
4 comentários:
Andar cheia de vazios, entregue à própria sorte. Só mesmo os poetas para professar esperanças com a poesia e saber olhar as flores amarelas como um incêndio na paisagem...
Belíssimo, como são todos os poemas deste livro, minha querida Solange.
Continua a cuidar-te bem.
Um beijo.
desejando um lindo e feliz fim de semana com muita saude bjs
"nós estamos à própria sorte
e nem sabemos o que fazer
para virar poesia!" Porque andamos cheios de vazios e as flores amarelas assombram toda a paisagem...
Belíssimo este teu poema dedicado ao Poeta Manoel de Barros.
Continua a cuidar-te, minha querida Amiga.
Um beijo.
Já não a visitava há séculos...
Gostei muito deste poema, é magnífico.
Continuação de boa semana, amiga Solange.
Beijo.
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