Aninho-me no que sou
disperso-me onde não me caibo
só para não perder a passagem
há quem prefira tombar o peso à beira do abismo
hastear o corpo sem princípio de eternidade
não olhar para o céu quando as harpias dormem
assim são os homens desse tempo
pessoas de máscaras que se escondem
atrás de suas ideologias
eu escolho verter multidões pelo caminho
meu lugar é impreciso
no horizonte que me devora
mergulho inteira no nome que me salva
mas eu sei que as harpias nunca dormem
Solange Firmino
No livro “Quando a dor acabar”
*Quem quiser, ainda tenho exemplares!
Imagem: Detalhe de vaso grego: Harpias e o adivinho Fineu.
2 comentários:
"pessoas de máscaras que se escondem
atrás de suas ideologias"
Tocas no ponto chave do que se passa com a humanidade.
Este teu poema é muito inspirado e inspirador.
Desejo que estejas bem.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
passando para desjar uma linda e feliz pascoa bj saude
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