Voam em bando as aves
em cima dos pulsos dos espantalhos
são como as aves sem remorso
que devoram eternamente
o fígado de Prometeu
as mesmas que tentam até hoje
roubar as luzes dos girassóis de Van Gogh
suas aparições são prenúncio de morte
quando descem ao mar com precisão
podemos ouvir algazarras selvagens
elas sobem com os bicos cheios de caça
arrastam as nuvens ásperas
dispersam os restos pela ventania
nas alturas do céu encoberto
e nada mais se ouve
Solange Firmino
No livro "Diante das marés", da Caravana Grupo Editorial.
FOTO: Presente do meu cunhado Servus. Girassol da cidade de Rodgau, Alemanha.
Um comentário:
Aves sem remorso que roubam a luz aos girassóis de Van Gogh e são prenúncios de morte. Algo inquietante, este poema. Mas muito belo, minha querida Solange.
Continua a cuidar-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
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