Haiku a Crono
El tiempo tiene miedo
de también ser tragado
por eso devora
Solange Firmino
Tradução e leitura: Cilene Firmino Savioli
(Re)verso
Possuída de desordem
escrevi os silêncios
que resgatei da memória.
Por um instante,
acreditei ser eterna.
Acordei fazendo versos.
Profanei metáforas.
Queria semear sílabas perfeitas.
Inesperadamente,
sangrei o inverossímil poema,
decepei minhas rimas preferidas.
Para desespero
dos sinos que dobravam.
Solange Firmino
Interpretação: Fernando Grecco - cantor lírico do Teatro Municipal de São Paulo desde 1992 e diretor da Cia. Ópera do Mendigo de teatro e música (SP):
https://www.youtube.com/watch?v=GqTDyKtgFZc
A série "Um Poema, Uma Canção", criada durante a quarentena (Covid-19) por Fernando Grecco e José Palomares (Cia. Ópera do Mendigo / Coral Paulistano /Teatro Municipal de São Paulo), associa sempre um poema e uma canção em um vídeo.
O meu poema “Esfinge” está associado a um trecho da semi-ópera O Rei Arthur, de Henry Purcell (barroco inglês). Aqui, duas alucinações em forma de sereias, criadas pelo “mago do mal”, tentam desviar Arthur do caminho, em sua tentativa de resgatar sua amada Guinevere das mãos do rei inimigo.
ESFINGE
Decifra meu enigma
e toda a verdade,
toda a essência
por trás do verso.
Segue pela trilha do meu corpo
e revela a paisagem escondida.
Repousa sem tédio no meu abraço.
Implora pelo princípio e fim
de cada ato.
Descobre o segredo que habita
onde me esquivo,
onde a pergunta é só disfarce,
reverso.
Se me escondo,
é para devorar melhor.
Solange Firmino
https://www.youtube.com/watch?v=1K6wUZtS26k
Um comentário:
Já tinha visto estes vídeos. Voltei a ver e gosto imenso dos teus poemas e da forma como são ditos.
Uma boa semana, minha querida Amiga Solange.
Um beijo.
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