Atualmente os livros vendem milhões de cópias. Há alguns séculos, quando não havia papel, seria bem difícil tantas pessoas terem acesso a esse tipo de leitura, afinal, nem sempre as informações foram impressas em papel ou armazenadas em e-book e cd-rom.
O homem já pintou nas cavernas, inventou escritas e também várias formas de desenhá-las. Os povos mais antigos usavam os materiais disponíveis onde viviam, incluindo vegetais, animais e minerais. Desde os tijolos de barro dos sumérios aos dígitos do computador, o livro tem muita história para contar, passando principalmente pela escrita em papiro, obtido no preparo de hastes de junco, e pergaminho, feito de pele de animal.
No século VI a.C. os egípcios exportavam papiro os povos do Mediterrâneo. Parte da História do Egito chegou até nós graças ao que consta nos rolos de papiro encontrados nos túmulos de nobres e de faraós.
O pergaminho inventado na Ásia Menor parece mais com nosso livro, pois podia ser utilizado dos dois lados e os escritos podiam ser raspados. O códice era um livro feito com folhas de pergaminho costuradas, como o formato do livro hoje.
A Igreja Católica, que já queimou muitos livros, mantinha nos mosteiros os centros de difusão onde se produziam manuscritos. Mas o papel só foi utilizado pela primeira vez na China, nos primeiros séculos depois de Cristo, e suplantou os materiais anteriores. A imprensa só foi inventada por Gutenberg no século XV, provocando o aumento de autores e leitores, além de tiragens maiores de livros.
Ao mesmo tempo em que os livros eletrônicos nos fascinam, nos deparamos com escritos antigos nas incríveis descobertas arqueológicas. As escrituras mais antigas (já descobertas) da Bíblia estavam escritas em pergaminhos. Os Pergaminhos do Mar Morto foram expostos há poucos anos, inclusive no Brasil. Eles foram encontrados em 1947 nas cavernas de Qumram, em Israel, e trouxeram novidades sobre Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, as três principais religiões monoteístas.
O papel substituiu o pergaminho, os bytes substituem os manuscritos; as telas substituem o papel. Os meios audiovisuais são muitos. Na cultura dos bytes e bits, as bibliotecas estão quase se tornando museus. Nossa memória está on line.
Os livros de papel perderam a novidade, mas não a importância. Quem conhece informática sabe que os arquivos armazenados são funcionais, mas são falíveis... E se não fosse a sobrevivência de muitos manuscritos, certamente não teríamos acesso a tantos escritos antigos. Não custa nada guardar um pouquinho da nossa escrita aos povos que virão.
Texto publicado na coluna Orkultural, em Blocos online.
2 comentários:
Taí um belíssimo e esclarecedor texto. A gente até sabe da importância, mas quando você escreve a dimensão se torna bem maior do que nós pensávamos. Adorei e principalmente o final. 'Não custa nada guardar um pouquinho da nossa escrita aos povos que virão.'
Beijos grande, Sol. Parabéns mais uma vez!
Seja de um jeito ou de outro, pedra, papel ou byte, o que mais prezamos depois da invenção da escrita é o fascínio do registro das memórias. Por tudo que citou é claro que é não só de nossa obrigação mas também de nosso gosto guardar. E se deliciar...
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