Gaia |
Aqui estão os inícios dos textos da coluna "Mito em Contexto", escritos por mais de 6 anos para o site Blocos online. Também estão alguns poemas dos 7 livros escritos por mim. E também alguns ensaios, haicais e outros textos.
terça-feira, maio 16, 2006
Gaia, a mãe primordial
segunda-feira, maio 15, 2006
Geometria de Ícaro
domingo, maio 07, 2006
Orkut contra o voyeurismo virtual
A Curiosidade pode ser uma virtude. Graças ao desejo de conhecer, o ser humano descobriu e inventou muito, como a captura da energia elétrica e o computador, que permitem que utilizemos a internet, entre outras maravilhas.
Mas a curiosidade nem sempre é bem-vinda. Na mitologia grega, por exemplo, muitos curiosos foram punidos. Psiquê perdeu Eros, antes de ficar com ele eternamente. Orfeu perdeu Eurídice, depois de tê-la recuperado no Hades. Pandora abriu a caixa com os males, levando a culpa, como a Eva cristã, pela perda do paraíso humano na Terra.
Existe um limite no desejo de saber demais, principalmente querer saber demais sobre a vida alheia. O ser humano tem a mania de espiar a vida do outro, seja por fetiche ou curiosidade, por isso programas como pegadinhas e reality shows fazem tanto sucesso.
Além da espiadinha básica, existem outros olhares nada inocentes. A psicopatologia classifica o olhar compulsivo como voyeurismo . O voyer observa, mas prefere que não saibam que ele está vendo. O exibicionista gosta de ser olhado.
No Orkut, voyerismo e exibicionismo se entrelaçam propiciando grandes encontros que se tornam amizade, inimizade e até amor.
As opiniões se dividem entre as pessoas que se expõem. Apesar de ser um portal público, uns gostam de ser olhados, outros acham que ninguém que não esteja na sua lista de amigos deve olhar o seu perfil.
Agora há uma novidade, que é a possibilidade de saber quais foram os seus visitantes. Não é novidade a identificação de usuários de serviços. Quem usa a internet está acostumado com os cookies e os endereços do IP. Há serviços de estatísticas em blogs e outras páginas, inclusive em Blocos online, que sempre indica nos boletins informativos os acessos de cada cidade e país ao portal. Se não fosse esse tipo de “rastreamento”, como saberíamos da visita de 66 países no mês de abril?
Fora da internet, há o identificador de chamadas no celular e também no telefone fixo (bina) e há o nosso número de telefone (e até endereço) na lista telefônica. Muitos desses serviços podem ser desabilitados, assim como o fofoqueiro serviço do Orkut, que você pode configurar, mas não reclame por não saber quem vigiou você.
Sem discutir políticas de privacidade, voltemos para a curiosidade do ser humano. Digamos que Fulano de Tal visitou você. Será que você não terá curiosidade de saber que é essa pessoa e por que ela teria lhe visitado? Lá vai você fazer uma visitinha também...
Afinal, o Orkut não é um portal de relacionamentos? As pessoas se relacionam quando se conhecem e elas se conhecem se encontrando. No Orkut, isso pode acontecer depois de uma olhadinha nos perfis, que podem ser vistos em uma comunidade ou rede de amigo...
Como diz um ditado, olhar não tira pedaço, mas quem fazia bisbilhotagem só por fofoca ou só para ver quem andou escrevendo recado para o namorado terá que tomar mais cuidado.
Solange Firmino
Publicado na Coluna Orkultural em Blocos online.Amor e instinto maternos
Não conheço o paraíso, mas em quase três anos como mãe, sem contar os meses de gravidez, já padeci bastante e sei que ainda tenho muito pela frente.
Padecer é também continuar ouvindo e lendo frases feitas. Ser mãe é isso, ser mãe é aquilo, mãe tem que ser assim, mãe tem que ser assado, mãe não pode mais isso, não pode mais aquilo. Mas o que sempre incomodou foi o tal instinto materno.
Essa questão não reforça ainda mais a sociedade sexista em que vivemos? Pai não tem instinto? A mulher só se realiza plenamente com a maternidade? As mulheres que não correspondem a esse modelo tradicional de maternidade têm que ser punidas emocionalmente? Por que ser mãe é algo tão puro e nobre, se nem todas as mães são nobres?
Acredito na capacidade que todo ser humano tem de criar vínculos, de amar. E até de amar incondicionalmente alguém, principalmente um filho. Qualquer afeto precisa da convivência e da conquista diárias para crescer. E considero o amor materno um desses afetos. O amor que cresce em mim pelo meu filho começou com o aprendizado diário em ser mãe dele, não existia antes da concepção e tornou-se diferente e mais intenso desde a primeira vez em que o vi.